A maioria dos videojogos atuais inclui, de uma forma ou de outra, vertentes relacionadas com a resolução de puzzles. Estes quebra-cabeças podem estar diluídos no design do mundo criado (como nos já retratados “Limbo“, “Inside” ou na série “Hitman“), podem ser secções isoladas de jogos que são focados noutros géneros (algo muito presente nas franquias “Uncharted” ou “Tomb Raider“), ou, no extremo do espectro, serem um elemento tão constante que os puzzles se tornam indissociáveis do próprio jogo.
É precisamente a estes últimos que este top irá fazer jus. Numa tentativa de celebrar videojogos dos últimos anos que se centram quase exclusivamente na resolução de puzzles, esta lista revela, com a devida subjetividade, alguns dos nomes que mais se destacaram no género.
Para tornar a listagem mais focada, foram evitados jogos em que os puzzles têm papel secundário, como nos já mencionados jogos de plataformas com elementos de quebra-cabeças, ou jogos em que os puzzles fazem parte de secções ocasionais. Ainda assim, para adicionar justiça à área do gaming como um todo, a ordenação do top também terá em conta outros elementos que fazem parte da criação de um videojogo (como as vertentes visuais, sonoras ou narrativas). Ficam então aqui cinco jogos imperdíveis para os amantes de um bom desafio lógico:

5.º “Q.U.B.E. Director’s Cut” (2017), desenvolvido e distribuído pela Toxic Games
Em “Q.U.B.E.”, o protagonista após acordar num local desconhecido e sem memória do que o levou até lá, descobre que possui um par de luvas que lhe permite interagir com blocos de diversas cores nas paredes e que lhe permitirão ir avançando um conjunto de divisões. Em situações ocasionais, o protagonista consegue falar via rádio com uma mulher que diz ser uma astronauta da Estação Espacial Internacional e que o avisa que este se encontra a bordo de uma nave alienígena em rota de colisão com a Terra. Um segundo contacto por rádio que consegue chegar ao protagonista avisa-o que afinal este se encontra num laboratório de testes.
Não restando outra solução, o jogador terá que ir resolvendo os puzzles interagindo com os blocos de diferentes cores (por exemplo, os blocos vermelhos podem ser alongados ou encolhidos, enquanto que os blocos azuis permitem servir de trampolim). Os diversos níveis vão sendo intercalados com momentos de contacto entre os dois misteriosos interlocutores, cada um contando uma história distinta, que coloca grandes dúvidas ao protagonista sobre em quem é que este deve confiar.
Disponível em: Android, MacOS, Linux, PS3, PS4, XBox One, Wii U, Windows

4.° “Gorogoa” (2017), desenvolvido por Jason Roberts e distribuído pela Annapurna Interactive
“Gorogoa” é o jogo mais distinto da lista, não só por ser o mais curto, nem por ser o mais minimalista, mas sobretudo pelo seu design onde são literalmente os puzzles a contar a história. Desenvolvido apenas por um artista (Jason Roberts), “Gorogoa” começa por apresentar ao jogador quatro imagens, divididas numa grelha de dois por dois, que se manterá ao longo de todo o jogo. É precisamente na manipulação desses painéis, por exemplo fazendo zoom ou deslocando-os ao longo da grelha, que é possível efetuar a resolução dos quebra-cabeças, onde curtas sequências animadas vão avançando a narrativa.
Sem quaisquer tipos de guias ou tutoriais, o jogador deve ser capaz de perceber como é que pode interagir com os painéis para criar conexões entre estes com significado. “Gorogoa” é um jogo curto (dificilmente ultrapassando as duas horas de duração), mas um dos mais singulares videojogos dos últimos anos.
Disponível em: iOS, Nintendo Switch, PS4, XBox One, Windows

3.° “The Talos Principle” (2014), desenvolvido pela Croteam e distribuído pela Devolver Digital
Em “The Talos Principle”, puzzles e narrativa andam de mãos dadas para deixar mensagens muito relacionadas com problemas filosóficos. O jogador controla um android, constantemente guiado por uma entidade que se autodenomina por Elohim e que incentiva o protagonista a explorar o mundo em que se encontra, recolhendo sigilos como prémio pela resolução dos puzzles. Contudo, Elohim avisa que o único local que não deve ser explorado é a gigantesca torre no centro desse mundo.
À medida que vão sendo resolvidos estes quebra-cabeças baseados em física, que usam diversos tipos de objetos ou lasers, é possível ir percebendo marcas de passagem e mensagens deixadas por outras entidades também baseadas em Inteligência Artificial, algumas seguindo cegamente as ordens de Elohim, outras questionando os seus ensinamentos. O jogador terá que decidir até onde está disposto a desafiar o seu autoproclamado Deus, decisão que influenciará o final da narrativa.
Disponível em: Android, iOS, Linux, MacOS, Nintendo Switch, PS4, XBox One, Windows

2.° “The Witness” (2016), desenvolvido e distribuído pela Thekla, Inc.
O grande foco de “The Witness” está na resolução dos puzzles e na transmissão da ideia de que o jogador deve ter liberdade para os resolver ao seu ritmo, não havendo grande preocupação em contar uma história tradicional. Todos estes puzzles assumem a forma de labirintos que são apresentados em painéis, num total de mais de 600 desafios, muitos dos quais opcionais. O objetivo primordial do jogo é ir resolvendo os painéis de cada uma das várias zonas da ilha onde se passa o jogo, ativando em cada uma um laser que liga essa mesma zona à montanha principal.
Embora o estilo de puzzle seja sempre o mesmo (em forma de labirinto) há variações suficientes (tanto de estilo como de dificuldade) para que não haja o sentimento de repetição, um fator interessante quando se têm em conta que o tempo médio de duração do jogo está acima das 50 horas. Em “The Witness” o papel ativo do jogador e a sua inteligência são tidos em conta, dando-lhe liberdade para resolver os painéis pela ordem que preferir e também com a adição de níveis opcionais, que vão sugerindo uma narrativa maior.
Disponível em: iOS, MacOS, PS4, XBox One, Windows

1.° “Portal” (2007) e “Portal 2” (2011), desenvolvidos e distribuídos pela Valve
Sob a pena de estar a encher a lista com dois nomes da mesma franquia, justifica-se a pequena batota efetuada com a inclusão de dois jogos no primeiro lugar deste top, “Portal” e “Portal 2”. Sem dúvida dois dos jogos mais marcantes na história do género, a série “Portal” tem sido uma grande influência para muitos jogos da categoria de quebra-cabeças. Em “Portal”, o jogador, controlando a protagonista Chell, faz uso da icónica portal gun para criar portais que permitem completar salas de teste da misteriosa empresa Aperture Science.
Ao longo dos testes, o computador GLaDOS vai supervisionando os mesmos, fazendo uso do seu sentido de humor característico, sendo também a única fonte de informação que Chell possui para perceber qual o objetivo destes testes. Enquanto que “Portal” é um jogo mais curto e mais simples, “Portal 2” (também fruto do sucesso do predecessor) acrescenta mais alguma complexidade, com mais níveis, novas mecânicas e mais personagens. Apesar de tudo isto, ambos fazem parte do panteão dos jogos de quebra-cabeças, que conseguem também aliar à vertente puzzle narrativas igualmente sensacionais.
Disponíveis em: Android, Linux, MacOS, PS3, XBox 360, Windows
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