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Porque A Arte Somos Nós

Se existe coisa complicada de haver consenso no mundo da música é estabelecer tops seja do que for. Desde bandas a músicos, passando por estilos e temas ou esta ou aquela época. No entanto, os tops têm a capacidade de lançar a discussão em torno do que pretendemos avaliar, e isso é em si um processo de valorização do objeto de avaliação. Assim sendo, apresento-vos o meu top de guitarristas, tendo como premissa o facto de que um músico não vale por si só, mesmo os que fazem a sua carreira em nome próprio.

A produção musical depende da conjugação das aptidões de um conjunto de pessoas que obtêm um resultado melhor ou pior. A guitarra elétrica ocupa um lugar central na musica contemporânea, em particular a designada guitarra solo pelo lugar central que tem na melodia dos temas, principalmente no rock, heavy metal, blues ou até no jazz.

James Marshall “Jimi” Hendrix

1.º Jimi Hendrix (Nov. 1942 – Set. 1970)

Se algum dos músicos neste, ou noutros tops, poderá não gerar consenso, não será certamente Jimi Hendrix. É aceite por praticamente todos os críticos e músicos que este foi sem qualquer dúvida o mais virtuoso guitarrista que o mundo da música conheceu até hoje. Tendo sido um artista polémico pelo abuso de álcool e drogas, foi também associado a episódios de violência, mas era em cima de um palco que demonstrava os seus dotes. Sendo compositor, produtor e canhoto, dominava a sua Fender Stratocaster (entre outras da marca) como ninguém, embora tenha também utilizado vários modelos da Gibson, entre elas a Les Paul.

O seu estilo era agressivo mas limpo, fazendo uso de solos intensos e envolventes, transportando-nos com facilidade para outros patamares! Fazendo parte do clube dos 27, teve pouco tempo para explanar as suas enormes capacidades, ainda assim esteve presente no Festival Woodstock em 1969, com uma prestação memorável, e para sempre perdurará a evocação feita com a sua guitarra em chamas no Festival de Monterey, em 1967. Tendo editado apenas três álbuns de originais, serviu de referência para muitos músicos que a ele se seguiram até aos dias de hoje.

Voodoo Child (Slight Return) (Live In Maui, 1970)

Power of Soul (Live At Fillmore East 12/31/1969)


Edward Lodewijk Van Halen

2.º Eddie Van Halen (Jan. 1955 – Out. 2020)

Confesso que tive alguma dificuldade em definir quem é para mim o segundo melhor guitarrista de sempre, no entanto, não consegui resistir ao virtuosismo deste senhor que nos brindou ao longo da sua existência com momentos de puro êxtase. Nascido na Holanda, fundou com o seu irmão Alex a mítica banda Van Halen, da qual foi compositor e guitarrista, que embora tenha sido autodidata na aprendizagem do seu instrumento, não deixou os seus créditos por mãos alheias. Dono de uma técnica sublime, tinha a capacidade de nos entreter com longos e excitantes solos de guitarra, principalmente quando dava aso à sua tão apreciada técnica de tocar com as duas mãos no braço do instrumento, denominada tapping.

Colaborou com vários músicos ao longo da sua carreira e para a história ficou eternizado o seu solo em Beat It, de Michael Jackson. Tendo tido um percurso de vida ligado aos vícios, drogas, álcool e tabaco, teve graves problemas de saúde até à sua morte. Sendo perfecionista, desde cedo desenvolveu as suas próprias guitarras, tendo colaborado com a Kramer, Peavey e Fender na criação de modelos desenhados e desenvolvidos à sua imagem. O seu legado é imensurável.

Eruption / Guitar Solo (Live)

Loss Control


James Patrick Page

3.º Jimmy Page (Jan. 1944 – Presente)

O que dizer deste verdadeiro monstro da guitarra que integrou, entre outros, o seu projeto maior com um conjunto de músicos brilhantes a que deram o nome de Led Zeppelin (1968-1980). Dono de uma capacidade nata em desenvolver várias técnicas, deu à música momentos de pura magia até aos dias de hoje. Quando vemos Jimmy Page tocar, até parece fácil, tal a leveza e subtileza com que trata o instrumento. Ao analisarmos a vasta obra dos Led Zeppelin, temos oportunidade em desfrutar de variados momentos de mestria por parte dos membros da banda, que tinham competências marcantes e próprias, funcionando Jimmy como a “cola” de toda esta matéria ao definir as melodias com a sua guitarra.

Para além das competências inerentes à grande parte dos guitarristas, desenvolveu uma excecional aptidão para tocar a double-necked (guitarra dupla), permitindo-lhe explorar uma maior variedade de sons sem ter que fazer a troca de instrumento.

Tocou basicamente com Gibson e Fender, tendo deixado escrita até aos dias de hoje uma verdadeira enciclopédia de como se tocar guitarra com uma elevada mestria.

Heartbreaker (Live 1973)

In My Time Of Dying (Live 1975)


Eric Patrick Clapton

4.º Eric Clapton (Mar. 1945 – Presente)

Este é, sem qualquer dúvida, o guitarrista da atualidade com maior curriculum de carreira com bandas e individualmente. Eu percebo que poderá até ser injusto colocar Eric Clapton nesta posição do top, mas assumo desde já que poderia sem qualquer duvida ocupar o segundo ou terceiro lugar. Executante eximiu deste magnifico instrumento, Clapton desde cedo mostrou a sua magia com uma guitarra nas mãos, tendo feito parte de bandas míticas como os Yardbirds, Cream e Derek and the Dominos. Na sua extensa carreira a solo continuou a espalhar virtuosismo por onde passava. Apesar de ter tido momentos menos bons na sua vida, nunca deixou de tocar com a magnífica técnica que nos proporciona solos vibrantes de uma pureza única.

Ao longo da sua carreira utilizou guitarras Fender e pontualmente Gibson, no entanto foi a primeira que marcou a sua carreira, tendo sido feita uma edição especial com a assinatura do guitarrista, a primeira do fabricante, a Fender Eric Clapton Stratocaster, para além de outros modelos que lhe estão associados, nomeadamente através da CF Martin & Company que também disponibiliza modelos de assinatura de Clapton.

Não é por acaso que é o único musico que entrou três vezes no Rock and Roll Hall of Fame: uma individualmente, outra com os Yardbirds e uma terceira com os Cream, já para não falar nos vários Grammys que venceu. Tocou com os maiores nomes do rock e teve uma grande relação de amizade com George Harrison. Figurará para sempre entre os melhores guitarristas da história.

Crossroads (Live)

Badge (Live)


Mark Freuder Knopfler

5.º Mark Knopfler (Ago. 1949 – Presente)

Embora para muitos possa parecer despropositado colocar Mark Knopfler nesta posição, não tenho quaisquer dúvidas que estamos a falar de um dos melhores guitarristas de sempre. Mark desde novo começou a demonstrar os seus dotes quando o pai lhe ofereceu, em 1964, uma Hofner Super Solid V2, tinha ele 15 anos. Tendo feito a sua formação em música, tornou-se, para além de exímio executante de guitarra, num compositor de elevada prestação. O seu gosto pela guitarra levou-o a desenvolver uma técnica praticamente única de tocar com três ou quatro dedos em simultâneo na mão direita, com a curiosidade do artista ser canhoto.

As suas competências são amplamente demonstradas tanto em guitarra acústica como em guitarra elétrica. Tendo ficado mais conhecido pela liderança dos Dire Straits (1977 – 1995), Mark desenvolveu vários projetos, principalmente na composição de bandas sonoras para filmes, contando com cerca de nove álbuns, e a sua carreira a solo tem sido muito bem sucedida com a edição de outros nove álbuns de originais. De uma composição melódica muito refinada, Mark desenvolve a ligação com a sua guitarra de forma natural e fluída, oferecendo-nos momentos de puro prazer, com solos limpos e harmoniosos.

Tendo utilizado vários tipos de guitarra, desde Gibson Les Paul, Fender Stratocaster e Telecaster, Schecter Stratocaster, Danelectro, à mais recentemente Pensa MKD, a sua imagem está fortemente associada à Fender Stratocaster utilizada em Sultans of Swing. É, sem qualquer duvida, um dos mais dotados e completos guitarristas da atualidade.

Lady Writer (Live 1979)

Going Home: Theme Of The Local Hero (Live 2020)


David Jon Gilmour

6.º David Gilmour (Mar. 1946 – Presente)

Inevitavelmente associado aos Pink Floyd, David Gilmour pode ser considerado um verdadeiro gentleman da guitarra. Possuindo um vasto conhecimento e domínio do instrumento, David revela uma mestria única com guitarra acústica, elétrica, Steel Guitar e até guitarra baixo. A sua técnica é muito suave e limpa, dedilhando com uma clareza que se torna cativante ao ouvinte em solos bem esclarecidos e dimensionados. Tendo tido oportunidade de dar aso às suas capacidades integrado na, provavelmente, maior banda de sempre, Gilmour cedo demonstrou a sua veia de compositor, assinando muito do trabalho dos Pink Floyd.

Após a saída de Roger Waters, David não se coibiu de assumir o comando da banda e durante vários anos mantiveram o nome da mesma bem vivo e presente entre a legião de seguidores e os fãs. Para além de colaborar com outros músicos, ainda hoje desenvolve trabalho em nome próprio, não tendo cessado a sua atividade como músico ativo e interventivo. Relativamente a guitarras, ficará para sempre associado à mítica Fender Stratocaster Black Strat que utilizou durante vários anos, principalmente nos Pink Floyd.

Esta foi leiloada em 2019 para caridade, tendo rendido a módica quantia de 3,9 milhões de dólares, sendo uma das guitarras que mais rendeu em leilão até hoje. Esta foi também alvo de reprodução pela Fender com dois exemplares que vão à precisão do desgaste da guitarra original, sendo a mais cara a “David Gilmour Relic Stratocaster”, pois é a que mais se aproxima da original. Para além da Fender, David utiliza também Gibson Les Paul, Gretsch e Steinberger. Nas acústicas utiliza basicamente Gibson.

É, sem qualquer duvida, um guitarrista de referência na linha dos músicos rock britânicos.

Comfortambly Numb (Live At Pompeii)

On An Island (Live)


Geoffrey Arnold Beck

7.º Jeff Beck (Jun. 1944 – Presente)

Tendo feito parte dos Yardbirds onde militaram Eric Clapton, que substituiu, e o seu amigo de infância Jimmy Page, que o indicou, Jeff teve ao longo da sua carreira um percurso algo errático, não tendo atingido o estrelato de outros guitarristas com quem privou. Detentor de um enorme talento, demonstrou a sua capacidade de domínio da guitarra introduzindo algumas técnicas próprias que refletiam o seu espírito rebelde e inconformado. A conjugação do volume com a barra de vibrato, aliado à utilização do pedal wah-wah permitem a Jeff extrair sonoridades que lhe são muito particulares e que marcaram um estilo muito próprio.

Foi um influenciador não só no rock como no heavy metal, ou nos blues. O seu legado fica marcado pela sua passagem pelos Yardbirds e pelo seu primeiro trabalho a solo com a sua própria banda, tendo contado com a colaboração de Rod Stewart e Ronnie Wood, intitulado “Truth”, de 1968, que viria a ser uma referência para muitos guitarristas. Ao longo da sua carreira editou mais de 14 álbuns de estúdio e ganhou oito Grammys. Chegou a ser uma possibilidade para integrar os Pink Floyd após a saída de Syd Barret, como também para os Rolling Stones após a morte de Brian Jones, em 1969.

Desde sempre associado à sua Fender Stratocaster, que aprendeu a dominar sem palheta utilizando o seu polegar direito para tocar, também utilizou ocasionalmente a Fender Telecaster e a Gibson Les Paul. Embora sem a visibilidade de outros companheiros de carreira, Jeff é sem qualquer dúvida uma referência no estrito grupo dos melhores.

Cause We’ve Ended as Lovers

Beck’s Bolero (Live)


Brian Harold May

8.º Brian May (Jul. 1947 – Presente)

É, com certeza, o único astrofísico guitarrista que atingiu a notoriedade e o brilhantismo que lhe é reconhecido. Inevitavelmente associado aos Queen, Brian May desenvolveu os seus dotes musicais em outros projetos, no entanto, é efetivamente com Freddie Mercury, John Deacon e Roger Taylor que experienciou o estrelato, tendo tido um papel preponderante no som da banda. Na verdade, para além do mítico e imortal Freddie Mercury, May teve um papel absolutamente decisivo na medida em que a sua capacidade criativa e desempenho na única guitarra da banda, para além do baixo, serviu de elemento identificador do som tão característico dos Queen.

Vindo de uma experiência como banda com Roger Taylor, os Smile, ambos avançaram para um novo projeto quando Mercury passou a fazer parte do grupo, tendo Deacon sido contratado um pouco mais tarde. Tudo o que se seguiu é história. Ainda no período de trabalho com os Queen, May começou a fazer alguns trabalhos a solo, tendo vindo ao longo do tempo a colaborar com variadíssimos artistas, pois o seu valor como guitarrista é plenamente reconhecido. Ao longo do tempo, May tem demonstrado uma panóplia de soluções com a guitarra, que está bem patente nos temas por ele tocados, que vão do solo melódico ao tapping, passando pelo sweep picking e pela slide guitar.

Dono de um estilo muito limpo e “tocante”, tem a capacidade de nos envolver na melodia sem reservas. May é, e será sempre, associado à sua guitarra Red Special construída com o seu pai quando tinha apenas 16 anos de idade. Desde aí, não mais deixou de a utilizar, tendo ocasionalmente usado Fender Stratocaster e Telecaster, Gibson Les Paul e Flying V, para além de variadas acústicas. Ocupa, sem qualquer dúvida, um lugar muito especial entre os melhores guitarristas de sempre.

Brighton Rock Solo (Live At Wembley 1986)

Bijou


Joseph “Joe” Satriani

9.º Joe Satriani (Jul. 1956 – Presente)

Tendo tido já a oportunidade de presenciar um concerto ao vivo deste verdadeiro mago da guitarra, tenho uma admiração maior por Joe Satriani, pois trata-se do verdadeiro guitarrista a solo que assentou grande parte da sua carreira tendo como figura central o seu instrumento. Acompanhar a música de Satriani é um completo deleite para os amantes da guitarra pura e dura.

Dono de uma panóplia de recursos técnicos, tem a capacidade de tirar da mesma tudo o que esta tem para nos oferecer, projetando para o ouvinte uma história contada em acordes e melodias que falam por si, não hesitando em fazer uso de uma variedade de pedais que permitem criar sons absolutamente incríveis, dispensando a presença de uma voz nos seus temas. O resultado são solos limpos e muito esclarecidos ainda que bastante enérgicos, fazendo-nos ver até onde pode ir o alcance deste instrumento fantástico, quando tocado com mestria – como é o caso.

Dedicou parte da sua vida ao ensino de guitarra e teve como aluno mais proeminente Steve Vai. Tocou com grandes nomes do rock em tournées, como foi o caso de Mick Jagger e dos Deep Purple, tendo sido indicado por 15 vezes para os Grammy, não arrecadando nenhum. Editou 17 álbuns de estúdio e sempre se caraterizou pela sua exigência e perfeição no trabalho que desenvolve. Joe Satriani foi fiel ao longo da sua carreira à Ibanez tendo associada a si a linha de guitarras JS, concebidas e ajustadas ao artista.

Para além das guitarras, muito outro equipamento tem sido adaptado ao guitarrista, tal como pedais de distorção através da Peavey, amplificadores através da Marshall e pedais de efeitos através de várias outras marcas. Sendo um perfecionista, é sem duvida um dos guitarristas que mais releva o significado e valor da guitarra solo, mesmo tratando-se de um executante de rock instrumental.

Surfing with the Alien (Live)

Always With Me, Always With You


Prince Rogers Nelson

10.º Prince (Jun. 1958 – Abr. 2016)

Só os mais distraídos ficarão surpresos com a minha inclusão de Prince como número 10 deste top. Para além dos muitos atributos que são imputáveis a este artista de exceção, ele era um fenomenal executante de guitarra, sendo um dos instrumentos, senão o mais, preferido pelo artista de entre a imensa panóplia que executava na auto gravação de vários dos seus trabalhos em estúdio. Este atributo não está muito evidente na sua discografia mais comercial, no entanto, em Purple Rain Prince já mostrava as suas capacidades no domínio da guitarra e dava plenamente aso às mesmas nas atuações ao vivo, onde extravasava todo o seu potencial em momentos memoráveis.

Ainda assim, é possível desfrutar destas capacidades em trabalhos de estúdio menos conhecidos do grande público, como é o caso de “N.E.W.S”, de que já falei num artigo publicado aqui no Barrete, em Novembro de 2020. Demonstrando um estilo que alternava entre um som límpido e variações de maior agressividade, Prince conseguia uma abrangência de melodias que se encaixavam perfeitamente no seu reportório, enriquecendo-o. Para a história, Prince ficará associado às suas icónicas Cloud Guitars de cores branca, amarelo e roxo, e às Love Symbol em ouro e roxo, providenciadas pela Hohner.

Para além destas ficou também associado à Gold Fender Stratocaster que utilizava com alguma regularidade. Não é possível terminar sem referir um dos momentos históricos de Prince com uma guitarra na mão: a sua participação no tributo a George Harrison em 2004 durante o Rock and Roll Hall of Fame, em que dividiu o palco com Tom Petty, Steve Winwood, Jeff Lynne e outros, tendo deixado tudo e todos boquiabertos com um solo de sonho.

He just burned it up. You could feel the electricity of something really big going down here” – Tom Petty

Definitivamente ao nível dos melhores.

While My Guitar Gently Weeps (Live)

Purple Rain (Live 1999)

Certamente que muitos grandes guitarristas ficaram de fora deste top, merecendo uma menção honrosa. Nomes como Carlos Santana, Ritchie Blackmore, Stevie Ray Vaughan, Slash, Angus Young, Duane Allman, Keith Richards, Peter Frampton, The Edge, Frank Zappa, Steve Vai, Chuck Berry, B. B. King, Toni Iommi, Andy Summers, Les Paul, Billy Gibbons, Lou Reed, Gary Moore, Neil Young, Chet Atkins, John Lee Hooker, Ry Cooder, George Harrison, Joe Walsh, Muddy Waters, Mick Ronson e muitos outros preenchem o nosso imaginário num solo mais ou menos intenso, ou num riff que nos fica na cabeça por muito tempo…

Se a música fosse consensual não tinha piada. Viva a diferença. Agora e sempre.

Bons sons.

Jorge Gameiro

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