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Escrito primeiramente como uma peça de teatro, “Begotten” é uma pérula vanguardista do cinema de terror, fortemente influenciado pelo Expressionismo alemão e por pintores como Edvard Munch e Francisco de Goya. Realizado, produzido, editado e escrito por E. Elias Merhige, o filme é uma criação única no final da década de 1980, centrando-se na essência do terror. Apesar da sua obscuridade, o filme ganharia alguma atenção graças à escritora Susan Sontag que o intitulou de “one of the 10 most important films of modern times“.

Nesta longa metragem de 70 minutos, não há diálogo nem narrativa propriamente dita, pois o objetivo não é contar uma história mas sim trabalhar a estética que faz um filme de terror, isto é, o medo, o desconhecido, e o incompreensível. Para além disso, Merhige faz uso de uma imagem de baixa qualidade de forma a quebrar uma perceção inteligível, quase como um quadro com qualidades surrealistas que igualmente nos desafia e perturba.

“Begotten”

Composto como o uma verdadeira peça de arte, a ambiguidade e as alegorias do filme fazem com que o espectador entre num pesadelo enigmático, provocando uma espécie de teia psicológica. A premissa do filme abre com o suicídio de uma figura divina e com o nascimento da mãe e do filho, da Terra, que embarcam numa jornada de morte e renascimento. A partir daqui o resto cabe ao espectador interpretar.

Temas como o oculto e a mitologia são parte integrante no filme, o nascimento e a tortura da Terra, a morte nietzschiana de deus, bem como o hermetismo, elevam o simbolismo alegórico e até o seu lado mais intelectual. Noutro ponto, a violência gráfica pode ser demasiado brutal ao ponto de obscurecer os seus pontos altos, e devido a isso mesmo o filme acabaria por ser banido na Singapura.

Em suma, “Begotten” é um pesadelo vanguardista que nos coloca sempre numa posição desconfortável. Todo o filme tem uma atmosfera sombria de um sonho que dá a sensação de já ter sido vivido no passado. De certa forma, é horripilante e compelativo ao mesmo tempo, e a banda sonora também é assustadoramente interessante, ligando sons ambiente com efeitos sonoros. Claramente, não é para uma audiência mainstream.

João Filipe

Rating: 3 out of 4.

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