OBarrete

Porque A Arte Somos Nós

Depois de um primeiro jogo em que o reconhecimento de qualidade foi praticamente unânime, os fãs de “God of War” pediam, acima de tudo, uma sequela que fizesse jus à estima adquirida pela comunidade, mas, se possível, também um jogo que conseguisse traduzir para o ecrã a natural elevação da fasquia, consequência direta do sucesso alcançado.

Para o bem ou para o mal, “God of War II” apresentou-se ao mundo pelo menos de três formas: narrativamente, como uma continuação direta da história de Kratos; em termos de jogabilidade, como uma versão mais ‘polida’ daquilo que o jogo anterior tinha sido; no que concerne à escala, como a tentativa de cimentar a posição da franquia no Olimpo dos videojogos.

Como não há bela sem senão, esta atitude de construir em cima daquilo que já tinha sido feito trouxe alguns benefícios, que não foram capazes de parar a intromissão de alguns naturais prejuízos. Se é certo que este rápido desenvolvimento conseguiu trazer “God of War II” para as prateleiras menos de dois anos depois de “God of War“, o lançamento do jogo, em exclusivo para a PlayStation 2, falhou a estreia da (na altura) nova PlayStation 3. Este lançamento deu-se no início de 2007, repetindo as empresas distribuidora (Sony) e desenvolvedora (Santa Monica Studios) os seus papéis. Já com um atraso de dois anos, em 2009 um remaster permitiu aos utilizadores da PS3 experimentarem o jogo com algum polimento visual.

Kratos inicia “God of War II” com o estatuto de deus da guerra

A sequela continua onde o primeiro jogo parou, com Kratos a servir como novo deus grego da guerra, depois de ter derrotado o seu antecessor Ares. Sabendo que o jogo poderia apresentar-se como a primeira aventura de muitos gamers no universo de “God of War”, a equipa criativa não se esqueceu de acrescentar ao longo do jogo os necessários flashbacks, capazes de explicar sucintamente a história do primeiro jogo e a razão dos pesadelos e da revolta de Kratos, que cada vez mais enfureciam os restantes deuses do Olimpo.

Cumprindo o seu papel de deus da guerra, logo no início da história, Kratos junta-se aos espartanos para os ajudar na proteção da cidade de Rodes, mesmo contra o aviso da sua colega de profissão Athena. Durante esta batalha e já depois de ter derrotado o próprio Colosso de Rodes, Zeus intervém traindo Kratos e despojando-o de todos os seus poderes.

Já sem estatuto de deus, Kratos é salvo por Gaia, a titã que representa a Terra, que lhe diz que também os titãs foram traídos anteriormente por Zeus (na chamada Grande Guerra) e que a única maneira de Kratos reverter a sua fortuna e vingar-se de Zeus é encontrando as Sisters of Faith, entidades responsáveis pelo controlo dos destinos. Com o auxílio de Pégaso, Kratos consegue chegar à Ilha da Criação, casa das Sisters of Faith e onde se passa praticamente toda a aventura.

Em “God of War II”, Zeus apresenta-se como o principal antagonista

Durante a sua procura na gigantesca ilha, Kratos cruza-se com um grande número de inimigos baseados na mitologia grega, muitos dos quais adaptados ou praticamente replicados do primeiro jogo. Não havendo grande melhoria neste aspeto (até porque pouco existiria para melhorar), o que distingue as batalhas de “God of War II” em relação ao anterior jogo não são os inimigos rotineiros, mas sim as grandes batalhas.

Já se tinha referido que o primeiro jogo da saga pecava (por defeito) na quantidade de boss fights. O que é certo é que o segundo compensa completamente estas ausências, colocando Kratos a combater com mais de uma dezena de bosses, todos eles confrontos épicos, onde muitos dos quais seriam individualmente autênticos clímaxes noutros jogos.

A este aumento de escala, no que diz respeito à grandiosidade dos combates, juntam-se os não menos importantes acrescentos à jogabilidade, sobretudo ao sistema de combate. Embora o mesmo tenha sido já apelidado de “perfeito” no jogo anterior, as adições feitas em “God of War II” provam que a perfeição é uma utopia inatingível, sobretudo se estivermos a falar em obras originárias no trabalho humano, como são os videojogos.

O jogo investiu fortemente no número de qualidade das gigantescas boss fights

Aparte de um aumento de responsividade dos controlos, que adiciona maior fluidez ao combate e às novas armas secundárias e magias (que Kratos pode alternar com as suas Blades), a nova mecânica de contra-ataque permite a Kratos devolver projéteis quando defendidos com o seu escudo no timing certo, algo que, além de adicionar novas potencialidades ao combate, premeia a mestria por parte do jogador.

A inclusão das Asas de Ícaro, adquiridas já na etapa final do jogo, permitem a Kratos planar, algo que pode (e, em certos casos, deve) ser usado em batalha, mas também são importantes na vertente de plataformas do jogo. Ainda no âmbito das plataformas e exploração, a nova possibilidade de usar as Lâminas de Kratos como gancho permite alguns momentos interessantes de descoberta, sendo também incluídos em alguns puzzles – outra vertente que também levou um acrescento de complexidade.

Praticamente sem defeitos, tanto em narrativa como em jogabilidade, “God of War II” é um dos jogos que mais marcou a sua geração. Por este motivo, ajudado por mais de uma década em que o jogo continuou a ser jogado e apreciado por novos jogadores, é possível dizer que este continuará a ser lembrado como um dos pontos altos da saga e, sobretudo, como o culminar da grandeza indiciada pelo primeiro “God of War”.

Disponível em: PS2 (original), PS3 (remaster), PS Now (remaster), PS Vita (remaster)

Luís Ferreira

Rating: 4 out of 4.

Se queres que OBarrete continue ao mais alto nível e evolua para algo ainda maior, é a tua vez de poder participar com o pouco que seja. Clica aqui e junta-te à família!

2 thoughts on “Jogo: “God of War II” – A prova de valor

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: