Eram de Figueira da Foz
Os meus avós.
Figueira,
Árvore sagrada,
Leitosa,
Cujos frutos
Se abrem roxos,
Testículos do outono.
Foz,
Encontro do rio e do mar,
Lá onde a areia é cor de prata
E forma uma renda
De espuma e nata
Pela costa atlântica.
Deixaram a pesca,
O sal,
Os navios,
Os molhos de trigo
E atravessaram o oceano
Rumo à América.
O vento moderado soprava,
O relógio girava na torre,
A claridade era forte na praia
Quando meus avós
Vieram de Figueira da Foz.
Um albatroz acompanhou a viagem,
Em nenhum momento se sentiram sós,
Havia um chamado,
Uma missão,
Uma voz
E aportaram no cerrado.
O tempo passou tão veloz
Desde que meus avós
Chegaram de Figueira da Foz,
Por isso há dentro de nós
Sementes de figo
E gotas do Mondego.
Raquel Naveira
OBarrete agradece à poetisa, cronista, ensaísta e escritora Raquel Naveira – também colaboradora da Revista Conhece-te – pela partilha deste seu poema em homenagem a Portugal, aqui mais especificamente à Figueira da Foz. Mais surpresas virão, estejam atentos!
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