“Rise of the Tomb Raider” é um daqueles raros casos de videojogos modernos AAA onde todo o processo de desenvolvimento correu dentro expectável, sem grandes atrasos nem polémicas. Esta sequela de “Tomb Raider” (lançado em 2013) começou a ser preparada pela Crystal Dynamics logo após o lançamento deste último, procurando construir uma nova aventura para Lara Croft em cima do que já tinha sido feito no jogo de 2013, tanto ao nível narrativo (procurando continuar a sua história de origem), ao nível da jogabilidade, bem como num âmbito mais tecnológico.
Um dos poucos fatores de desaprovação relacionados com “Rise of the Tomb Raider” surgiu num período pouco antes do seu lançamento, quando a Microsoft Studios anunciou o lançamento do jogo no final de 2015 sob a forma de exclusivo temporário para a Xbox 360 e Xbox One, chegando a Windows apenas no início de 2016 e à PS4 já quase um ano depois do lançamento original. Este pequeno percalço não foi um impedimento para as boas críticas que o jogo recebeu, tanto do público como da crítica especializada, conseguindo aproximar “Rise” do nível de vendas do jogo antecessor, considerado um autêntico sucesso.

Narrativamente, “Rise of the Tomb Raider” procura continuar a retratar a história de origem de Lara Croft, iniciando os acontecimentos um ano após o término de “Tomb Raider”. Um ano depois, Lara ainda sofre do impacto que a sua primeira aventura teve em si, sofrendo inclusive de stress pós-traumático. Habilmente, a narrativa consegue abrir ramos ainda pouco explorados, como a relação entre Lara e o seu pai (o Lorde Croft), um investigador que, por obsessão com a cidade perdida de Kitezh e a promessa da imortalidade, enlouqueceu e cometeu suicídio vários anos antes dos acontecimentos do jogo.
É através da análise das pesquisas do Lorde Croft, que Lara decide organizar uma expedição à Síria para procurar pistas sobre Kitezh, por se encontrar lá a tumba de um profeta – uma das lendas desta cidade perdida. Lara acaba por encontrar uma pista que liga o profeta à região da Sibéria, mas descobre também que a Trinity, uma organização paramilitar, também procura Kitezh na busca pela Fonte Divina, um artefacto lendário que se julga capaz de tornar o seu utilizador imortal.
Depois de esta organização roubar a principal pista a Lara, esta organiza uma expedição à Sibéria, acompanhada do seu amigo Jonah, também presente nos acontecimentos de “Tomb Raider”. Já em território siberiano, os dois são separados por uma avalanche e, já sozinha, Lara descobre uma base da Trinity em busca de Kitezh. Fazendo uso da sua capacidade de exploração e espírito de guerreira, Lara Croft tem como missão encontrar o seu amigo Jonah, descobrir a exata localização da cidade perdida e impedir que a Trinity consiga colocar as mãos na Fonte Divina.

Naquilo que se pode considerar uma sequela “segura”, tanto em termos narrativos como de jogabilidade, é nesta última vertente que vale a pena analisar as mudanças relativamente ao jogo anterior. Enquanto “Tomb Raider” se propôs a iniciar a transformação de Lara Croft, “Rise of the Tomb Raider” procura mostrar uma protagonista mais experiente, carregando consigo os traumas da sua primeira aventura. Por essa razão, é notório que certos elementos de jogabilidade procuraram balançar esta evolução da personagem, sem deixar, no entanto, de criar desafios em que Lara se sente mais vulnerável.
Essa procura por transpor o desenvolvimento da personagem para a jogabilidade traduziu-se em aspetos como um melhorado sistema de crafting, a possibilidade de aprender diversas línguas (que vão permitir a Lara decifrar diferentes áreas exploráveis), ou até o facto de ser notório um aumento de possibilidades em abordar o combate, com mais opções de furtividade e a possibilidade de usar o ambiente a seu favor. Algumas alterações nas mecânicas de jogo parecem ter acontecido graças ao feedback dos fãs, sobretudo na diminuição dos quick time events, no aumento do número de puzzles e das já elogiadas tumbas opcionais.
No geral, “Rise of the Tomb Raider” é o exemplo perfeito de uma sequela de um videojogo de sucesso que procura capitalizar o apreço dos fãs, fornecendo uma continuação da história prudente e procurando sobretudo acrescentar valor através de adições de jogabilidade e melhorias gráficas, que, mais de meia década depois, não se sentem nada datadas. Ainda que apresente uma história suave, este consegue explorar os antecedentes de Lara Croft e, ao contrário de “Tomb Raider”, criar uma narrativa mais coerente para com as mecânicas do jogo, resultando numa experiência mais pessoal e empática.
Disponível em: Linux, macOS, PS4, Xbox 360, Xbox One, Windows
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