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“Tomb Raider” é um dos poucos nomes imediatamente reconhecidos por praticamente qualquer gamer. A franquia que se iniciou há mais de 25 anos (em 1996), possui atualmente mais de uma dezena de videojogos e spin-offs que passaram pelas mãos de desenvolvedoras como a Core Design (os criadores originais da saga), Crystal Dynamics, Eidos Montréal e dos publishers Eidos Interactive, Microsoft e Square Enix.

Associada intimamente ao nome da saga está a sua protagonista Lara Croft, a arqueologista britânica que nos vários jogos da saga tem habitualmente retratadas as suas aventuras em viagem pelo mundo à procura de artefactos perdidos em tumbas e ruínas. Estes influentes jogos encaixam-se no amplo género de ação e aventura, com uma jogabilidade assente nos elementos de combate, resolução de puzzles, mas sobretudo (e obviamente) de exploração. Em particular, os já revistos jogos da série “Uncharted” são um dos principais exemplos do legado das influências deixadas pela saga “Tomb Raider” (sobretudo pelas primeiras obras).

Depois da série original desenvolvida pela Core Design e da trilogia Legend, que funcionou como um reboot à história de Lara Croft, a Crystal Dynamics lançou em 2013 “Tomb Raider”, o jogo que será aqui revisto, e que marcou o início da trilogia Survivor, estabelecendo um novo reinício na série. Esta nova trilogia é marcada por inúmeras mudanças ao nível da jogabilidade, mas sobretudo no retrato que faz de Lara Croft, focando-se nas suas origens e procurando retratá-la como uma personagem mais humana e multidimensional.

Primeiro jogo da saga “Tomb Raider”, lançado em 1996 para a PlayStation, Sega Saturn e MS-DOS

A história de “Tomb Raider” inicia-se a bordo do navio Endurance, tripulado pela jovem exploradora Lara Croft e pelos seus companheiros de viagem, comandados pelo Capitão James Whitman. A expedição tem como objetivo chegar ao reino perdido de Yamatai, situado algures no Mar do Diabo, na costa do Japão, um local com uma reputação sombria e com histórico de tempestades e naufrágios.

A região cedo faz jus à fama quando o Endurance é atingido por uma violenta tempestade e se destrói, prendendo os seus tripulantes numa ilha desconhecida e separando Lara do resto do grupo. Perdida e sem recursos, Lara terá que encontrar os seus companheiros, servindo esta secção introdutória para apresentar ao jogador os fundamentos da jogabilidade: a caça usando o arco e flecha, a necessidade de usar matérias-primas para criar medicamentos, a possibilidade de explorar as redondezas e, quando Lara Croft descobre que a ilha é habitada, o uso das armas de fogo.

Já depois de se reunir com alguns dos tripulantes do Endurance, Lara descobre que os Solari, um culto violento que povoa a ilha, raptaram e têm um grande interesse na sua melhor amiga Sam, pois julgam que esta é a sucessora da Rainha do Sol, uma figura mitológica da tribo. Com dificuldades cada vez maiores, causadas pelos inimigos e pelo ambiente, Lara tem que salvar a sua amiga das mãos dos Solari, percebendo também que o espírito da Rainha do Sol é o principal causador das adversidades que tornam a ilha um lugar assombrado.

Lara Croft em “Tomb Raider” (2013)

O melhor elemento do jogo está assente na exploração, podendo o jogador percorrer o ambiente assente em hub worlds, ou seja, localizações fisicamente separadas, mas que, em cada uma delas, o jogador pode explorar à sua vontade. Muitas das vezes o jogo obriga o jogador a voltar a localizações que já explorou, por vedar o acesso a certas áreas até que este último desbloqueie o equipamento necessário (como flechas incendiárias ou equipamento para escalada).

É através desta exploração que o jogador pode encontrar um conjunto quase incontável de colecionáveis, que, ao contrário, por exemplo, dos jogos “Uncharted”, servem para aprofundar a narrativa e adicionar-lhe profundidade. Estes artefactos incluem documentos históricos, cartas deixadas por antepassados dos habitantes da ilha, relíquias antigas ou até mapas do tesouro, que permitem ao jogo desenvolver a sua própria mitologia e, até, dar um interessante contexto histórico, sobretudo na análise das relíquias.

É também fazendo uso de uma apurada curiosidade que o jogador poderá descobrir as tumbas, secções opcionais do jogo que consistem na resolução de desafios lógicos, usando o equipamento de Lara e o ambiente em redor. Estes puzzles têm múltiplas funções, pois estão eximiamente construídos, fornecem uma alternativa interessante às mecânicas de exploração e de combate e premeiam o jogador com apetecidas melhorias, tendo como única falha o facto de saberem a pouco, por só haver sete tumbas no jogo.

“Tomb Raider” permite ao jogador explorar o mundo ao seu ritmo e descobrir inúmeros segredos

Em termos de combate, “Tomb Raider” e os restantes dois jogos da trilogia Survivor retiram muitos dos elementos presentes na série “Uncharted”, um fator curioso tendo em conta que “Uncharted” tem, por sua vez, como principais influências os primeiros jogos da saga “Tomb Raider”. O jogador pode combater os inimigos de longa distância usando o seu arco ou armas de fogo, em combate corpo a corpo ou até usando técnicas de furtividade.

Embora o combate seja dinâmico, estes encontros com inimigos contribuem para uma das principais falhas do jogo, o seu conflito ludonarrativo. O facto de Lara Croft logo nos primeiros minutos de jogo ficar horrorizada por matar pela primeira vez (e numa situação extrema de legítima defesa) para poucos minutos depois estar a assassinar hordas inteiras de inimigos faz com que a evolução da personagem não seja tão firme e credível quanto o jogo parece querer retratar.

É precisamente esta falta de capacidade para integrar algumas mecânicas de jogabilidade na narrativa do jogo que não deixam “Tomb Raider” subir a um patamar mais elevado em termos de qualidade e impacto. Apesar de tudo, dá ao jogador uma aventura apelativa e formosamente apresentada, bem como uma excitante história de origem para a icónica exploradora Lara Croft.

Disponível em: Linux, MacOS, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One, Windows

Luís Ferreira

Rating: 3 out of 4.

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3 thoughts on “Jogo: “Tomb Raider” – Lara Croft dos tempos modernos

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