Por ser o aguardado jogo que marcaria o final da trilogia Survivor, “Shadow of the Tomb Raider” foi recebido com uma grande expectativa por parte dos fãs. Desde logo uma troca na equipa de desenvolvimento, substituindo a Crystal Dynamics pela Eidos Montréal (famosa pelos recentes jogos das séries “Thief” e “Deus Ex”), colocou uma fasquia elevada no jogo, bem como os alegados mais de 100 milhões de dólares investidos no desenvolvimento (tornando “Shadow of the Tomb Raider” um dos jogos mais caros da história).
Continuando diretamente os acontecimentos dos dois jogos anteriores, “Shadow” prossegue a história de Lara Croft e a sua batalha contra a organização paramilitar da Trinity. Trazendo no bolso todo o desenvolvimento criado nos jogos antecessores, o jogo assume desde logo que o jogador está familiarizado com a história até então, embora consiga fazer um trabalho razoável ao resumir os acontecimentos, para jogadores que não tenham jogado “Tomb Raider” nem “Rise of the Tomb Raider“.

Poucos meses depois do término dos acontecimentos de “Rise of the Tomb Raider”, Lara Croft e o seu já habitual companheiro Jonah continuam com o objetivo de ir travando as atividades da Trinity. Depois de os dois encontrarem um local de escavações desta organização no México, Lara encontra a Adaga de Chak Chel, um artefacto que menciona uma cidade perdida e o aviso da “Limpeza”, o apocalipse Maia que culmina com um eclipse solar permanente. Ignorando estes sinais de alerta e com receio que a adaga caísse nas mãos da Trinity, Lara acaba por roubar este artefacto, acabando por ativar inadvertidamente a “Limpeza”. Esta ação de Lara acaba por causar tsunamis, tempestades e outros cataclismos em vários pontos do mundo.
Decididos a parar o apocalipse Maia, Lara e Jonah viajam para Paititi, uma cidade lendária situada no sudeste do Peru, na cordilheira dos Andes, e que ambos acreditam ser o local onde está situada a Caixa Prateada de Ix Chel, capaz de reverter esta “Limpeza”. Nesta luta contra o tempo, Lara e Jonah terão também que bater a Trinity, chefiada pelo antagonista Pedro Dominguez. Em termos de caracterização, Lara mantém-se consistente com os dois jogos anteriores, mas apresenta um lado mais negro da personagem.

A história de “Shadow of the Tomb Raider” apresenta mais um interessante conjunto de acontecimentos, sabendo gerir razoavelmente o peso emocional de ter que marcar o fim da trilogia. Contudo, embora seja uma aventura que funcione quase sempre bem e que coloca peso nas escolhas de Lara Croft, parece ser a obra da trilogia onde o design do jogo como mundo aberto (ou, melhor dizendo, em hub worlds) mais acaba por jogar contra si próprio.
Havendo um número quase desmedido de colecionáveis e de missões secundárias nas várias cidades e locais que Lara pode explorar, estes podem levar o jogador a distrair-se da narrativa principal e a desviar-se das suas missões. É talvez pela história insistir constantemente na luta contra o tempo que este estilo de design acaba por não resultar tão bem em termos de coerência narrativa, embora, ironicamente, sob um ponto de vista puramente focado na jogabilidade possa até ser considerado o melhor de toda a trilogia.
Além de terem sido refinados vários aspetos herdados dos jogos predecessores, muita da jogabilidade é melhorada com o objetivo de estabelecer uma imersão raramente vista até então, por exemplo, através da adição de novas possibilidades de furtividade, como a de Lara se camuflar com lama e arbustos. Adicionalmente, o chamado Modo de Imersão, permite aos jogadores ouvir todos os diálogos com os habitantes locais na sua língua nativa. Outro aspeto interessante em termos de personalização está relacionado com a possibilidade de ajustar a dificuldade do jogo em diferentes âmbitos, como combate, exploração e puzzles (onde é possível, por exemplo, desativar as dicas automáticas sem ter que aumentar a dificuldade dos restantes elementos).

No capítulo gráfico, “Shadow of the Tomb Raider” situa-se atualmente no Olimpo dos jogos mais detalhados e fotorrealistas jamais feitos. Juntando este fator às excitantes missões, ambientes detalhados e às inúmeras possibilidades de exploração, pode surpreender alguns fãs o facto de este ter sido o jogo menos bem recebido pela crítica e aquele que resultou em menos vendas, considerando os três jogos da trilogia Survivor.
Talvez este facto se deva a alguma fatiga na fórmula apresentada, onde talvez se pedisse uma maior audácia para marcar o fim da trilogia. Fica a sensação tanto de que o jogo nunca atingiu o potencial que as secções iniciais prometiam, bem como o sentimento de que não teve a inovação que os seus antecessores foram capazes de trazer. Por ser o jogo que marca a transformação definitiva de Lara Croft em Tomb Raider, pedia-se algo que fosse mais marcante para a personagem, mas o que se verifica é que a ordem das três histórias da trilogia poderia ser trocada, que o efeito seria praticamente o mesmo.
Disponível em: Linux, macOS, PS4, Xbox One, Windows
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