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Porque A Arte Somos Nós

No seu livro “O Humano Mais Humano“, com o subtítulo “O que a Inteligência Artificial nos Ensina Sobre a Vida” (Companhia das Letras, 367 p.), o jovem filósofo estadunidense Brian Christian aborda o quão dependente passamos a ficar das tecnologias que mapeiam todos os nossos passos e de como, em alguns casos, perdemos completamente a percepção do quanto nos tornamos escravos dessas tecnologias.

Quero chamar aqui a atenção para uma ocorrência quase doentia de indivíduos que ficam conectados o tempo inteiro em seus aparelhos electrónicos. Vejamos o caso do telemóvel, por exemplo. Extensão de nossos braços e nossas mãos, o tempo inteiro estamos a atender as demandas deste senhor implacável, quase sempre com um alerta ruidoso: a chegada de uma mensagem no Messenger, um novo e-mail, um alarma no Whatsapp, um tweet novo, notificações no seu Facebook, uma atualização do seu Linkedin e vai por aí afora. Isso sem contar com as plataformas de relacionamentos, como o Tinder.

Mas eis que Brian Christian nos narra uma ocorrência (não é literal): escreve ele que em determinado dia, estava a rolar a barra do Facebook acompanhando as atualizações de seus conhecidos e celebridades. Foi quando percebeu que havia ficado mais de duas horas nessa perda de tempo e foi se sentindo mal, com um estado de angústia latente. Ele desligou o aparelho e foi para a sua biblioteca.

Ficou ali lendo trechos de livros os quais já havia lido, relendo algumas marcações feitas por ele e quando se deu conta se sentiu mais completo, um “humano mais humano”. Foi quando expressou a sentença; “Nunca troque três mil anos de conhecimento adquiridos pela humanidade a momentos fugazes de redes sociais”. Incrível, não é mesmo?

Ao ler isso, fiquei satisfeito por saber que mais alguém se está dando conta da nossa escravidão voluntária a esses aparelhos electrónicos. Dizem que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, então deixo-lhes como sugestão a moderação. Libertem-se destes grilhões.

Por sorte e por ofício, tenho uma boa biblioteca em minha casa. Desde sempre tenho este hábito de permanecer ali, relendo alguns trechos de livros que estão destacados com caneta. Abaixo irei listar alguns destes pensamentos e ao observarem a sequência, lerão a mistura: de chamamento à reflexão, em alguns casos verdadeiros chistes e tiradas de humor e o saldo disso tudo sempre é uma ponte estendida na compreensão de coisas substantivas que preenchem o nosso espírito. Vamos dialogar então com estes pensadores?

“Estar privado de tudo não é desesperador”.

Albert Camus, filósofo franco argelino (1913-1960)

“Daí que eu fiquei pensando que triste mesmo é a gente perceber que o filme está acabando e que a gente não vai ficar com quem se ama no final. Porque isso acontece muitas vezes, não é? É impressionante a facilidade com que se cortam laços nesses tempos que correm. A gente conhece um casal e toma como modelo de companheirismo, amor, sei lá mais o quê e aí, de repente, vai tudo por água abaixo e lá se vão eles, em busca de alguma coisa que, desconfio, nem eles mesmos sabem o que é. Tudo muito fácil”. 

Miguel Falabella, no livro “Vivendo em voz alta

“A dança é a expressão vertical de um desejo horizontal”.

George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês (1856-1950)

“Entrei para os casados anónimos. Quando me dá vontade de casar, eles me mandam uma mulher de roupão e rolinhos no cabelo, para me queimar as torradas!”.

Dick Martin, comediante e diretor norte-americano (1922-2008)

Dick Martin

“Quanto à utilidade que os outros colheriam da comunicação dos meus pensamentos, não poderia também ser muito grande, tanto mais que ainda não os levei tão longe que não seja necessário juntar-lhes muitas coisas antes de aplicá-los ao uso”.

René Descartes, filósofo francês (1596-1650)

“Pensar frequentemente e não conservar um só momento a recordação do que se pensa, é pensar de maneira inútil”.

Gottfriel Wilhelm Leibniz, filósofo alemão (1646-1716)

“O Estado que escolhe seus guias é como o barco cujo leme se entrega àquele dentre os passageiros que a sorte designa, cuja perda não se faz esperar. Todo povo livre escolhe seus magistrados e, se é cuidadoso de sua sorte futura, elege-os dentre os melhores cidadãos; porque da sabedoria dos chefes depende a salvação dos povos, a tal extremo que parece até que a própria natureza deu à virtude e ao génio império absoluto sobre a debilidade e a ignorância da plebe, que só submissa deseja obedecer”.

Marco Túlio Cícero, legislador romano (106-43 a. C.)

“Antes de tudo, ensinou-me a experiência a temer os médicos, pois não há quem adoeça mais depressa e mais lentamente se cure do que os que se entregam nas mãos dos médicos. Até a saúde se altera com as dietas que eles inventam. Não se contentam os médicos com tratar das doenças, vigiam igualmente a saúde, a fim de que em nenhum momento lhes escape a vítima”.

Michel de Montaigne, filósofo francês (1533-1592)

Michel de Montaigne

“Se você fizer o leitor rir ele te achará um escritor trivial. Mas se você conseguir chateá-lo devidamente tua reputação de escritor estará definitivamente garantida”.

Somerset Maugham, romancista e dramaturgo britânico (1874-1965)

“As pessoas dizem que não vivem sem o amor. Eu acho o oxigénio muito mais importante”.

Frases do Dr. House (série de televisão)

“Não acho que os brasileiros percebem inteiramente quanto algumas características do seu sistema político parecem bizarras a estrangeiros. Isso vale especialmente para a frequência com que deputados, senadores, prefeitos e vereadores pulam de um partido para outro, como gafanhotos ou sapos em uma vitória-régia buscando o melhor abrigo. Quem detém o recorde, se não me engano, é um deputado que trocou de partido oito vezes! Isso raramente ocorre em outras democracias, no mínimo porque normalmente significa suicídio político. Sim, Winston Churchill fez isso, mas ele é rara excepção, e o seu caso é lembrado ainda hoje precisamente por ser tão incomum”.

Larry Rother, jornalista norte-americano, no livro “Deu no New York Times”

“Uma senhora me abordou na rua. Eu sou muito abordado em Ipanema. Ninguém aqui engole o Lula. Por isso me abordam. Para falar mal dele. O tempo todo. Com as piores ofensas. É meio aborrecido para mim. Estou enjoado do Lula. Quero me desatrelar dele. Quero parar de comentar suas asneiras. Mas agora é tarde. Lula sou eu. Lula c ést moi. Curiosamente, não foi para falar mal do Lula que aquela senhora me abordou na rua. Foi para falar mal de mim. Ela queria que eu arrumasse as malas e fosse embora do Brasil. Para sempre. Eu e meus descendentes. Porque o Brasil, segundo ela, não é um lugar para quem não gosta do Brasil.

Dei-lhe uma resposta educada e segui adiante. Quando cheguei em casa, me deitei no sofá e pensei. Depois, cutucando a orelha com uma caneta, pensei mais um pouco. E continuei a pensar nos dias seguintes. Por mais que me empenhasse, não consegui encontrar um argumento para contestar aquela senhora. Ela está certa, claro: o Brasil não é um lugar para quem não gosta do Brasil. Tão simples. Tão linear. Tenho de dar um jeito de me mandar daqui”.

Diogo Mainardi, na crónica “Vou Embora”, de julho de 2006. Persuasiva esta senhora. Hoje, o jornalista Diogo Mainardi, comentarista do programa de televisão “Manhattan Connection”, reside em Veneza.

“Para mim a humanidade se divide em dois grupos: os que concordam e os equivocados”.

Graciliano Ramos, escritor alagoano (1892-1953)

“Quem se deita com cães amanhece com pulgas”.

Séneca, filósofo romano (4 a. C. – 65 d. C.)

“Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos”.

Jean-Paul Sartre, filósofo francês (1905-1980)

“Alguns são tidos como corajosos só porque tiveram tempo de sair correndo”.

Provérbio inglês

Marcelo Pereira Rodrigues

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