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Muitas sequelas de videojogos revelam-se inesperadas e apanham os fãs da saga em questão completamente de surpresa. O anúncio de “Hitman 2”, após o lançamento de “Hitman” em 2016, por outro lado, revelou-se como um segredo muito mal guardado (se é que o chegou a ser). A cutscene final do jogo que iniciava a agora chamada trilogia “World of Assassination” deixaria a narrativa tão em aberto, que qualquer jogador, por mais despegado da história do jogo que estivesse, ficaria pelo menos a desejar mais missões para o Agente 47.

“Hitman 2” acabaria por chegar no final de 2018, apenas poucos meses depois de ser anunciado, para PC, PS4 e XBox One e, já em 2020, para outros dispositivos através do serviço Stadia, da Google. Dado o formato episódico do primeiro jogo, além do facto de que as missões foram lançadas com intervalo de algumas semanas, os fãs ficariam na expectativa de ver se, nesta segunda temporada, a estratégia de lançamento se manteria. A mesma não se comprovou, tendo todas as missões sido lançadas de uma só vez, dando indícios que o lançamento repartido não terá tido o sucesso desejado.

“Hitman 2” revela-se como uma continuação direta de “Hitman” (2016)

A narrativa do jogo arranca onde a do predecessor parou. O Agente 47 mantém-se na sua busca pelo Shadow Client, uma misteriosa personalidade que conseguiu encomendar uma série de assassinatos contra a Providence, uma organização secreta que controla os acontecimentos à escala global. Esta caça pelo cliente sombra ganha forma quando a própria Providence contacta a ICA (International Contract Agency), os empregadores do Agente 47, para pararem este misterioso Shadow Client. Ao bom estilo dos vários jogos “Hitman”, a narrativa serve como catalisador narrativo para apresentar mais um conjunto de missões (seis no total), nas mais diferenciadas e excêntricas localizações, sempre com o objetivo de eliminar um ou mais alvos.

Começando numa habitação na Nova Zelândia, passando por uma corrida de carros em Miami, uma pequena vila na Colômbia, uma cidade em Mumbai, os subúrbios de Vermont e terminando numa ilha secreta no Norte Atlântico, os acontecimentos narrativos vão justificando a presença de 47 nestas localizações, deixando o gameplay do jogo fazer o resto.

Novamente, embora com um reduzido número de missões (onde das seis mencionadas, a primeira tem uma complexidade relativamente pequena), o enorme número de possibilidades para levar a cabo os assassinatos torna a experiência recompensadora e premeia a repetição. Baseando a experiência do jogo num famoso ditado, pode dizer-se que em “Hitman 2” a qualidade compensa a quantidade.

Vista aérea do mapa da missão de Miami, uma das mais criativas e completas do jogo

Desengane-se quem pensa que “Hitman 2” revoluciona a jogabilidade do primeiro jogo. À parte de algumas melhorias gráficas, que são perfeitamente normais numa altura em que a tecnologia tem avançado com grande rapidez, poucas são as diferenças de gameplay entre os dois jogos, podendo até ser difícil para um jogador menos versado na saga distinguir ambos. Contudo, é sempre apropriado destacar algumas adições que tornam a experiência ainda mais completa. É possível ao Agente 47 usar certos objetos para fazer knock out a NPCs (non-playable characters) e a famosa pasta que permite esconder certos itens ou até snipers regressou após ter estado ausente em “Hitman”.

Os NPCs são agora capazes de identificar o Agente 47 através de reflexões em espelhos e um sistema picture-in-picture permite ver imagens sem a necessidade de estar fisicamente no local (como corpos encontrados ou no caso de mortes especiais desbloqueadas). Novos modos de jogo incluem o online cooperativo Sniper Assassin, em que os jogadores têm um tempo limite para eliminar o alvo, usando snipers. Tal como no seu antecessor, o modo de Elusive Targets mantém-se – assassinatos disponíveis durante um curto espaço de tempo e com apenas uma tentativa, onde Sean Bean chega a fazer uma aparição numa das missões.

Sean Bean no papel de Mark Faba, o primeiro alvo do modo Elusive Targets de “Hitman 2”

Num dos pontos negativos do jogo mantém-se a dependência de uma ligação à Internet para jogar o jogo, onde nem é possível usar saves do modo online no offline e vice-versa. Outro grande motivo para deceções prende-se com as cutscenes entre missões. Não se mencionou propositadamente nas linhas introdutórias que “Hitman 2”, embora desenvolvido como de costume pela IO Interactive (IOI), foi lançado pela Warner Bros. Interactive Entertainment, tendo a IOI deixando para trás a Square Enix como distribuidora, uma divisão que, embora publicamente amigável, deixou marcas no desenvolvimento de “Hitman 2”.

Fosse por motivos financeiros ou por infraestruturas que eram disponibilizadas pela Square Enix, a equipa de desenvolvimento substituiu o estilo das belíssimas cutscenes de “Hitman” por imagens estáticas com narração dos diálogos em “Hitman 2”, fazendo lembrar um estilo de banda desenhada. Como já foi mencionado em “Hitman”, estas sequências narrativas não são de todo o foco da série de jogos e, tendo que cortar qualidade em algum lado, a jogabilidade ficaria sempre para último. Em jeito de resumo, “Hitman 2” é quase “Hitman” com novas missões… como se isso fosse algo mau.

Luís Ferreira

Rating: 3.5 out of 4.

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One thought on “Jogo: “Hitman 2” – Mais do mesmo, no bom sentido

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