Citando a epígrafe da obra “Homem Duplicado“, de José Saramago, “O caos é uma ordem por decifrar“, temos aqui a essência de todo o pensamento de Jordan Peterson, um psicólogo clínico capaz de nos dar soluções para as situações onde as mágoas se sobrepõem às alegrias e, sobretudo, quando somos sobrecarregados por uma incompreensão de nós próprios. Portanto, para Peterson, o também aclamado professor universitário canadiano, tudo é possível de superar se houver um trabalho mental efectivo no sentido de alcançar, depois da tempestade, a tão desejada bonança.
Jordan Bernt Peterson nasceu a 12 de junho de 1962 e tem na psicologia social e pessoal as suas principais áreas de estudo, com um interesse mais particular relativamente à crença ideológica e à psicologia da religião. A 19 de Abril de 2019 teve, juntamente com o filósofo Slavoj Žižek, o dito “debate do século”, cujo tema foi “Felicidade: Capitalismo versus Marxismo”. Durante toda a sua carreira, Jordan Peterson fez inúmeras críticas ao chamado politicamente correcto, divulgando em Setembro de 2016, no seu canal do YouTube, a primeira palestra da série de vídeos chamada “O Medo e a Lei“.


Tem em “12 Rules for Life: An Antidote to Chaos“, porventura, o seu magnum opus, precisamente porque expande as suas concepções de uma maneira muito prática e, por isso, teve um enorme alcance mundial. Para Peterson, é possível chegar, de facto, à bonita ataraxia que Fernando Pessoa perseguia incessantemente. A mente brilhante de Jordan Peterson deixa-nos numa espécie de interrogação profunda sobre as nossas concepções mais sensoriais, incitando-nos a reformular as nossas ideias pré-concebidas. Se seguirmos à risca estas regras, segundo este (também ele) filósofo, teremos um acréscimo de bem-estar interior e social que será responsável pela nossa vontade em irmos mais além.
Para ele, “o verdadeiro segredo passa por pensar, mas sobretudo agir, nos limites da nossa moralidade; só assim chegaremos às grandes conquistas humanas e intelectuais“. Portanto, estamos perante um modo de acção rigoroso e moralmente exigente, mas que nos permitirá atingir a plenitude de uma vida que tem na ousadia alegre e despreocupada o segredo e beleza da nossa interioridade.
Mas, afinal, o que é que Jordan Peterson acrescenta de novo ao nosso bonito reportório filosófico? Por exemplo, diz que a ideia da incapacidade de se ser cruel trazer maior virtuosismo do que, precisamente, a ideia contrária, segundo Jung, está incorrecta, uma vez que, na opinião de Peterson, quem não é capaz de ser cruel é uma vítima completa e directa de quem é capaz de o ser.

Desta forma, a ingenuidade e fraqueza inerentes à ausência dessa condição é eliminada e daí advém o auto-controlo sobre nós próprios. Decerto, diz que a sua vida enquanto psicólogo clínico, durante cerca de 20 anos, permitiu-lhe perceber que as pessoas conseguem ser, de facto, bastante interessantes quando se abrem e tocam as suas visões e os seus problemas mais pessoais.
Por outro lado, defende a ideia de que o real sucesso de um casamento não está, necessariamente ligada à felicidade do casal, mas sim à estabilidade familiar que transpõe para o agregado, no sentido em que a alegria e a tristeza são momentos pelos quais praticamente todas as relações passam, mas para garantir que o relacionamento perdure é preciso que haja estabilidade, a todos os níveis. Além disso, enaltece como um dos maiores problemas de hoje é a falta de autenticidade de opiniões, muitas vezes confundidas com a própria ideologia.
Jordan B. Peterson afirma-se, indiscutivelmente, como um dos maiores pensadores do século, tanto através da maneira sui generis como estrutura o seu pensamento, mas também na sua capacidade de dar conselhos práticos às pessoas para estas conseguirem alavancar alguma felicidade adicional nas suas vidas.
“O propósito da vida é encontrar o maior fardo que você pode carregar e carregá-lo“
– Jordan Peterson