Voltar à realidade,
Quem te vê ao longe
Sonha com os teus passos
Com a tua melodia
Num mundo aos amassos
- Acordar para não desesperar
- Anda, carrega
Tenho de entrar para poder sair
Fragilizar, marginalizar
Voltar a compreender esse teu olhar
Repetir para não fugir,
Ainda não te liguei hoje


Escondido e perdido,
Sai o lobo da toca para caçar
“Vamos casar?”
Mal-tratar para reconciliar
Incógnita do meu ser
“Daqui a nada quero é bazar”
Não vês que acabou o papel?
Onde vou eu escrever o meu vazio?
“Vamos descansar”
Não tarda é hora de parar
Isolar e idolatrar,
Ecrãs vazios com palavras mudas
Eu juro que os vi mudar.
A água lava o chão
As estrelas clareiam a alma
Abre o meu livro – “Agora!”
A nossa história contada do avesso,
Nada estranho.

Eu conheço um médico que cura pessoas
Eu conheço um bombeiro que cura o fogo
Eu conheço um padeiro que cura a fome
Eu conheço um pintor que cura a imaginação
Eu não me conheço.
Ainda há pouco me libertei – ALELUIA
Não contenho a minha emoção
Entre cápsulas vivemos nós
A cadeia está cheia de nada, fugiram de novo
O vento leva as ideias dos que nunca prisão conheceram
Hoje é dia para celebrar.
Ideas, ideias.
“Já me fizeram querer suicidar!”
Pára, repara
“Tu não consegues sair dessa amarra”
Voltamos à montanha,
Com árvores e um lobo
“Vamos casar?”
Não passou tudo de um roubo.
(guitarras, piano, palavras – soltas)
Viagens.
Viajar para voltar.

Já ouviram?
Todos. TODOS!
E os fantoches continuam a aparecer.
Eles verão a sua face, e o seu nome estará na testa deles.
Apocalipse 22:4
Diogo Passos
Pintura de René Magritte, “The Therapist” (1937)