Nascido em Essen em 1949, o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth mostrou-se um divulgador da Escola de Frankfurt (tendo sido secretário de Jürgen Habermas) e um pensador atualíssimo acerca das coisas do mundo. Herdeiro do último sistema filosófico, o hegeliano, interpreta à luz da contemporaneidade este caminhar da História, através do espírito do tempo. Este Absoluto pretendido por Hegel (1770-1831) ainda persiste (e insiste). É chegada a hora de avaliarmos a nossa modernidade.
O que seria a liberdade “negativa”? Honneth afirma que como indivíduos sempre necessitamos de uma identidade de pertença, e este todo só se pode manifestar pelo campo da política. Aqui é imperativo evocarmos a democracia e a incompreensão a que muitos têm sobre ela. Democracia não é apenas o direito de votar. Este ato último é apenas uma decisão final acerca de uma escolha. Democracia envolve muito mais, primeiramente ser um cidadão cônscio dos seus direitos e deveres, frente à sociedade. Pode parecer paradoxal, mas sermos livres é pertencermos a este todo, a um grupo identitário e que atenderá às nossas demandas. O pensador entende essa liberdade como positiva.

Mas o grande dilema dos nossos dias é que perdemos as utopias. Em troca de um cinismo e ceticismo individual, fomo-nos afastando das discussões conjuntas para nos refugiarmos nos nossos castelos de consumo. Isso mesmo: o mercado aparece como panaceia para todos os nossos males e assim ficamos consumindo os nossos anseios, os nossos produtos e sempre refugiados no nosso próprio mundinho.
Essa economia de mercado afasta o pensamento e a reflexão, afinal, com o que nos devemos preocupar se eu posso adquirir o último modelo smartphone que a Apple lançou? Preocupações com o povo ucraniano que será massacrado pelo exército russo? Preocupações com a economia do Afeganistão? Miúdos trabalhando como escravos em minas no Congo Belga, na obtenção de um mineral rico para as baterias dos nossos telemóveis? Esqueçam tudo isso.
Quanto muito iremos ceder alguns minutos do nosso corrido dia para darmos uma espiada, desde que as cenas de guerra se assemelhem a videojogos. Triste a constatação dos nossos dias, mas perdemos completamente o interesse pelas questões macro e sociais. Obviamente, ainda existem exceções.

Em busca da liberdade positiva é que Axel Honneth nos instiga a continuarmos a avançar, acreditando sim na utopia e numa outra discussão muito cara a ele: a questão da identidade. Identidade pessoal e social, sendo esta última a mais importante de forma a nos compreendermos como relevantes na participação do mundo, sendo essa liberdade bem mais importante que a de simplesmente consumir, o que evidentemente se revela uma existência bastante vazia.
De forma geral, para aqueles que pretendem o fim da Filosofia, como a águia hegeliana que sobrevoa para ver o que as suas outras filhas (demais ciências) estão a fazer, compreendemos que assim como o sistema pretendido pelo autor de “A Fenomenologia do Espírito” ela está aí para nos fazer refletir, provocar e pretendermos assim uma vida mais solidária, política (na aceção maior do termo) e para que transformemos essa situação de negativa para positiva, o tempo todo.
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