Passados poucos meses do lançamento da compilação “The Orange Box” por parte da Valve, “Portal” era já um dos jogos da sua geração com maior culto por parte da comunidade gaming. Logo, não espantará muita gente o facto de a Valve ter prontamente começado a preparar uma sequela, reforçando a equipa de desenvolvimento com cerca de 30 novos colaboradores (lembrando que “Portal” teve uma equipa de 7 ou 8 pessoas).
Um dos primeiros planos para a sequela chegou a excluir completamente os portais do gameplay, focando o jogo numa mecânica a que o estúdio viria a chamar “F-stop”, uma ideia sobre a qual a Valve, depois de a ter descartado, não revelou muita informação (talvez com a intenção de a utilizar num jogo futuro). Depois de algumas iterações, “Portal 2” viria a estabelecer-se como uma sequela direta de “Portal”, que chegaria a todo o mundo em meados de 2011.

No início da campanha, Chell (repetente no papel de protagonista) acorda num quarto das instalações da Aperture Science, local onde se deram os acontecimentos do primeiro jogo. Apesar da localização ser a mesma, é notório que o edifício se encontra em ruínas e à beira do colapso, indiciando que um longo período de tempo terá separado os acontecimentos dos dois jogos (embora tal nunca seja confirmado). Para contrariar a mudez de Chell, uma Inteligência Artificial chamada Wheatley (voz de Stephen Merchant) faz uso do seu humor e tagarelice para guiar Chell pelas mesmas câmaras de teste do primeiro jogo, mas agora notoriamente abandonadas.
Poucos testes depois, Chell e Wheatley ativam acidentalmente GLaDOS (voz de Ellen McLain), a máquina antagonista do primeiro jogo. GLaDOS ganha então o domínio dos laboratórios da Aperture Science, começa a reconstruir o edifício e a elaborar novas câmaras de teste, que Chell terá que ultrapassar. Num período mais avançado da história, é introduzida uma narrativa que explora as origens da Aperture Science e do seu fundador Cave Johnson (voz de J.K. Simmons) através de um conjunto de diários de áudio.
Embora, como já argumentado, “Portal” original tivesse uma excelente história, com um uso excecional da componente de narrativa ambiental, “Portal 2” não deixa de se fazer notar, sobretudo pelo aumento da escala narrativa. Por ter uma maior duração do que “Portal”, consegue introduzir um maior número de personagens, dissecar as origens do famoso laboratório científico e estender suficientemente a narrativa para que os seus plot twists não se sintam abruptos nem apressados.

Felizmente, este aumento de escala e complexidade estendeu-se ao capítulo da jogabilidade, onde a arma de portais se mantém a segunda protagonista do jogo, mas onde certos elementos secundários conseguem fazer com que “Portal 2” não seja apenas “Portal” com novos níveis. Além das componentes já exploradas no jogo original, uma das principais adições são os géis, que alteram as propriedades das superfícies: o gel laranja (ou Gel de Propulsão, nas palavras de GLaDOS) faz com que seja possível acelerar em determinadas superfícies, enquanto o gel azul (ou Gel de Repulsão) faz com que os objetos que atinjam superfícies com este gel, consigam saltar.
Outras adições incluem, na linguagem técnica da Aperture Science, o uso de: Feixes de Desencorajamento Térmico (ou lasers), Funis de Excursão (ou raios tratores), Pontes de Luz e de Placas de Fé Aérea (ou rampas). Estas novas componentes permitem aos níveis tornarem-se extremamente variados, algo que nunca foi um problema em “Portal” dada a sua curta duração, mas na sequela uma eventual menor variedade de componentes poderia ser prejudicial. Apesar de tudo, a curva de aprendizagem mantém-se muito balanceada e o ritmo do jogo apropriado para qualquer tipo de jogadores, incluindo principiantes no mundo dos videojogos.

Como se isto já não bastasse, “Portal 2”, além do modo de história principal, inclui um modo de campanha cooperativo para duas pessoas, onde os jogadores têm que controlar dois robôs da Aperture Science para resolver um conjunto de câmaras de teste, fazendo uso obrigatório de trabalho em equipa. Este modo cooperativo, independente da história principal (mas que a complementa), merece um elogio por ter ainda hoje uma das melhores campanhas cooperativas do mundo dos videojogos e que só não tem maior atenção dado o nível de elite da história principal, que lhe retira muitos dos holofotes.
“Portal 2” é hoje considerado quase unanimemente como um dos melhores jogos de sempre (por exemplo, no mais recente ranking dos 100 melhores jogos de sempre feito pela IGN, “Portal 2” está em terceiro lugar). Este estatuto só é possível porque os desenvolvedores conseguiram pegar nas melhores qualidades do “Portal” original e construir em cima disso uma aventura que tem de tudo: humor, momentos épicos, uma narrativa como poucas, voice acting de classe mundial, e a melhor característica que se pode pedir a jogos baseados em puzzles: a capacidade de fazer o jogador sentir-se um génio.
Disponível em: Linux, MacOS, Nintendo Switch, PS3, Windows, Xbox 360
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