Existem algumas prisões
Que, à partida, não o parecem.
E que tornam uma mera gripe
Num tumulto da pior espécie.
Mas para quem padece
Apenas de uma simples maleita,
Não se poder deslocar
É pior do que qualquer desfeita.
Não nos podemos mover
Nem escolher o que fazer,
Como se fossemos controlados
Por esta falta de prazer.
Letargia, por um lado,
Virose, por outro.
Enfim, as paredes já estão cansadas
Do meu vaguear.
Até que mais uma vez,
Finalmente lá consigo adormecer e posteriormente imaginar.
Esperando com muita determinação,
por horas e horas a fio.
Que acabe esta sensação,
Este autêntico calafrio.
Para poder caminhar, novamente,
Sem nunca me descurar do presente,
Fugindo deste calabouço
Que prende a nossa mente.
Encontrando um novo refúgio,
Que nos afaga e nos acalma,
Qual descarga de adrenalina
Que nos alegra a própria alma.
Pintura de Zdzisław Beksiński