OBarrete

Porque A Arte Somos Nós

Quando andamos de mar em mar,

Dentro desta aguarela

Esperamos no fim encontrar

A outra metade que para nós se revela.

Que não seja por não tentar,

Se entre nós existe a chama

Ao existir compreensão e calma

No final nada se inflama.

Mas para quê este clamor,

Esta entrega a quem nos clama,

Se no final só existe a dor

Que nos tolhe até a alma.

Por vezes sem tirar nem pôr

Pedimos – sem nunca perder a calma

Que nos leve o senhor pintor

Para um novo expositor.

Onde possamos recomeçar

À descoberta de novas marés

E, se na calmaria antes da tempestade

Tudo podemos questionar

Devemos no fim encontrar.

No final de toda a tormenta

Onde se encontra a virtude,

O tesouro que nos ostenta.

Mas, se essa falha nos fez descurar

Que a arte é feita de diversidade

Convém sempre recordar

Que às vezes basta um olhar,

Outras uma vida inteira.

Mas qual poeta trovador

Numa noite de lua cheia,

À procura do seu verdadeiro amor

Da sua eterna Dulcineia.

Descansa, pintor, descansa

Que esta bem-aventurança

Do deve e do haver,

Só te pode no fim levar

A ver o amor acontecer.

Pedro Maia

Pintura de William Turner, “Pescadores no mar” (1796)

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