“Ratchet & Clank: Rift Apart” mais do que um novo jogo da acarinhada série “Ratchet & Clank”, este serve para cimentar o papel da sua desenvolvedora (Insomniac Games) como uma das maiores impulsionadoras das vendas da PlayStation 5. Com quase um ano de vida, a nova consola da Sony ainda não produziu um número suficiente de exclusivos (uma das grandes estratégias de venda da empresa) que justifiquem a compra da mesma, sobretudo num período de escassez de exemplares e respetiva inflação de preços.
Do arsenal de jogos lançados em forma de exclusivo pela Sony para a PS5, poder-se-ão encontrar nomes como “Returnal” ou o recente remake de “Demon’s Souls“. Mas, dentro dos títulos de maior renome, os holofotes dividem-se entre dois videojogos da Insomniac Games: primeiramente, “Spider-Man: Miles Morales“, um lançamento feito ainda em 2020 que acompanhou o lançamento da PS5 e, mais recentemente, “Ratchet & Clank: Rift Apart”, lançado em junho de 2021.

Não será novidade para nenhum jogador que o salvamento do universo é um tema recorrente nas histórias da dupla Ratchet e Clank. “Rift Apart” de forma inteligente reconhece essa faceta e, habilmente, constrói a secção inicial à volta dessa temática, servindo como tutorial para os novos jogadores e o grande deflagrador da narrativa. Durante um cortejo em honra de Ratchet, Clank e restantes Galactic Rangers, Clank anuncia a Ratchet que conseguiu concertar o Dimensionator, uma arma capaz de abrir portais para outras dimensões, na esperança que Ratchet consiga procurar os seus familiares perdidos.
Contudo, num ataque inesperado, o Dr. Nefarious consegue roubar o Dimensionator, abrindo durante o processo inúmeros portais, um dos quais transporta Ratchet, Clank e o próprio Nefarious para um universo alternativo. Durante a viagem, a arma explode, danificando o contínuo espaciotemporal e provoca a separação dos três personagens. Clank é gravemente danificado, sendo depois encontrado por uma Lombax chamada Rivet. Ratchet, por sua vez, inicia as buscas por Clank. Já o Dr. Nefarious acaba por ser confundido com o poderoso Imperador Nefarious, uma versão alternativa sua, que, ao contrário deste, nunca foi derrotado.

A grande missão do jogo passa por reunir Ratchet e Clank, reconstruir o Dimensionator, derrotar (como de costume) o Dr. Nefarious e corrigir os portais abertos por toda a galáxia. O curioso twist aplicado por “Rift Apart” passa pelo controlo de duas personagens principais, juntando a personagem de Rivet ao habitual protagonista Ratchet. Esta dicotomia de personagens, contudo, serve mais a história do que a vertente interativa, isto porque Rivet e Ratchet possuem exatamente as mesmas armas de fogo, movimentos e habilidades, onde até as melhorias nas armas são transferidas de um protagonista para o outro.
Já como dispositivo narrativo, a separação física entre os dois Lombax permite criar duas histórias paralelas e adicionar alguma profundidade temática. “Rift Apart” apresenta uma história muito mais diferenciada do que o seu antecessor, fazendo lembrar filmes de animação de grandes estúdios como a Disney. Grande parte do tema central passa pela capacidade em lidar com fatores como a autoestima e a confiança, abordados de uma forma emocional, sem sacrificar os momentos alegres e divertidos que são a imagem de marca da série.
A jogabilidade é familiar, com inúmeras armas e gadgets, bem como uma ainda maior variedade de inimigos. As duas principais adições prendem-se com a existência de um botão para escapar a ataques (fantasticamente animado, diga-se), bem como o uso de portais para transportar rapidamente a personagem de um ponto para o outro. Ambas as adições acrescentam mais profundidade à exploração e movimentação do que ao combate, sobretudo dado que o design dos mapas potencia pouco estes dois movimentos durante as batalhas.

Sendo um exclusivo PS5, “Rift Apart” foi especialmente elaborado para ser jogado nos novos comandos DualSense. Assim, é aproveitado ao máximo o feedback háptico (sobretudo em combate), mas a grande inovação passa pelo uso dos triggers adaptativos. Para a maioria das armas, o seu comportamento será diferente caso o jogador prima o gatilho parcialmente ou completamente, dando mais poder ao jogador.
Foi anteriormente referido que em “Ratchet & Clank” a história afigurou-se subdesenvolvida e que a atenção foi dada sobretudo à jogabilidade. Em “Rift Apart” a história é tratada com mais carinho, mas continua a mostrar traços que não deixam o jogador esquecer-se que se está a jogar um videojogo, como cutscenes a terminarem de forma apressada ou a oportunidade perdida em diferenciar os estilos de combate de Rivet e Ratchet.
Poucos estúdios de videojogos estão atualmente num momento tão escaldante como a Insomniac Games. Depois de, em menos de um ano, ter proporcionado dois jogos AAA de elevada categoria, foi recentemente anunciado que o estúdio está já a trabalhar na sequela “Marvel’s Spider-Man 2“, bem como num jogo sobre a personagem de Wolverine. Esta capacidade para não desiludir os fãs, colocando sempre a sua experiência em primeiro lugar, mostram que a Insomniac, tal como os protagonistas do novo “Ratchet & Clank”, está realmente numa dimensão à parte.
Disponível em: PS5
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