Miguel Andresen de Sousa Tavares nasceu a 25 de junho de 1952. É jornalista, editor, escritor e comentador político. Os seus comentários na TVI e os seus artigos de opinião para o jornal Expresso são, frequentemente, polémicos. O jornalismo sempre o fascinou, era o seu sonho. Começou numa altura para ele fascinante, a seguir à ditadura, onde “estava tudo por fazer” a nível de reportagem. É, ainda, um crítico feroz do Novo Acordo Ortográfico, que considera ser “uma traição à pátria” e “a perda de identidade de um povo“. Em 2003, publicou o seu primeiro romance, “Equador“, que vendeu mais de 400.000 exemplares em Portugal, foi traduzido em 12 línguas e está editado em cerca de 30 países.
Miguel Sousa Tavares é licenciado em Direito e exerceu advocacia durante doze anos, mas abdicou definitivamente desta profissão para se dedicar em exclusivo ao jornalismo e à escrita. Trabalhou em jornais, revistas e televisão, tendo conquistado diversos prémios como repórter, entre os quais o Grande Prémio de Jornalismo do Clube Português de Imprensa. Sobre a dicotomia de defender causas no tribunal vs defender causas no jornalismo, o próprio afirma que, na sua opinião, são universos completamente distintos; para ele, “a advocacia é uma forma de prostituição sofisticada, socialmente aceite e abençoada“.
Para ele, um dos mais fortes mandamentos e exigências para a sociedade é que ela seja capaz de deixar o mundo pelo menos tão bom como o encontraram, para a geração seguinte. Por outro lado, para o escritor, ser feliz é a coisa mais difícil que existe, que por si só é uma revolução (pessoal), sendo que “transformar as coisas e fazer o bem só é possível, primeiro, com realização pessoal“. Recorda com regularidade uma frase de Nietzsche, que diz que o grande erro da humanidade é achar que Deus derrotou o diabo e não o contrário. Mas, uma coisa é objetivamente certa para ele: “a estupidez derrotou a inteligência nos dias de hoje – completamente“.

Privilegia a ideia de que quanto mais cultos formos, mais lermos, mais soubermos, mais protegidos estamos. A cultura é, portanto, uma arma, ou seja, “quanto mais uma pessoa sabe, mais defendida está para a vida“. A geração de hoje pode ser, no seu entender, resumida a uma condição: “nunca tanto soubemos tão pouco sobre tantas coisas“.
Reforça, também, a importância de uma pessoa estar dia-a-dia informada, e salienta que “informação não é recebermos as notícias que queremos, nem as de que gostamos, nem apenas sobre os assuntos em que estamos interessados: é tudo o resto“. E, afinal, o que é que é, para o próprio, uma notícia? “Every new that’s fit to print“, recordando o slogan do jornal norte-americano The New York Times.
Sobre a fama que ser jornalista num certo sentido traz, diz que não a considera como uma virtude – muito pelo contrário. Critica também quem ‘deita abaixo’ toda a classe política, como se todos fossem ‘farinha do mesmo saco’. Porque para o escritor “a pior profissão do mundo é governar os portugueses“. E sobre o que, para si, distingue o bom de um mau jornalista é: “o senso comum dentro da nossa liberdade de pensamento, sem obedecer necessariamente à maioria“, e nesse sentido concretiza: “não basta ter espírito crítico, é preciso ter uma opinião informada“.

Não tem redes sociais, acha uma marginalidade, e considera até o Facebook “a maior ameaça do século XXI“, enquanto substituição da vida real e um vício, “numa sociedade que não se encontra, apenas comunica“. Num mundo com excesso de comunicação, enaltece uma frase de Chico Buarque: “Esse silêncio todo me atordoa / Atordoado eu permaneço atento“; segundo o próprio, o silêncio serve para se construir qualquer coisa a partir dele. Sobre a escrita, imortaliza a criação assim: “escrever é usar as palavras que se pouparam“.
Relativamente à ascensão recente da extrema direita em Portugal, defende que não é assim tão assustador: “é um fenómeno novo, havia um eleitorado adormecido“. Considera que este fenómeno atraiu um eleitorado escondido, que apenas vota circunstancialmente. E, ainda, relativamente ao fenómeno Trump, considera-o, infelizmente, uma vitória do mal sobre o bem. Bem que deve ser construído, no seu entender, através da ordem, pois “nós somos seres humanos e os seres humanos são imperfeitos – o conflito faz parte da natureza“. Miguel Sousa Tavares enaltece, portanto, a importância de haver um verdadeiro sentido de justiça na nossa sociedade.
E sobre a importância e o poder da escrita, Miguel Sousa Tavares defende ainda que “a caneta é uma arma, uma arma de exterminação maciça“. O que faz verdadeiramente a diferença, no seu entender, é o estilo literário e aquilo que cada um põe pessoalmente na sua escrita. Tal como o próprio o fez e sempre tem feito, até aos dias de hoje.
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