O filme “Chinatown“, de 1974 (ano do meu nascimento, que presente!), do cineasta Roman Polanski, traz no seu elenco Jack Nicholson, Faye Dunaway e John Huston. Recebeu um Óscar em 1975 na categoria de Melhor Argumento Original; Globo de Ouro de Melhor Filme, categoria Drama; Melhor Realizador, Melhor Argumento (que foi de Robert Towne) e Melhor Ator para Jack Nicholson. São duas horas e 10 minutos de um excelente policial. O cenário, fotografia e figurino do filme são excelentes, retratando o ano de 1932 numa desértica Los Angeles, caracterizada à época por não ser ainda a Meca do cinema.
O detetive J. J. Gittes (interpretado por Nicholson) é um profissional que comanda um escritório pequeno em Los Angeles. Como não tem redes sociais para se auto-promover (brincadeira) gosta de aparecer nos jornais e assim vai levando a vida. Profissional ético, inicia a trama fornecendo fotos de um simples adultério. Até que é contratado por uma mulher para seguir os passos de um importante engenheiro-chefe do Departamento de Águas, que estaria saindo com uma jovem amante.

Passa a seguir os seus passos e a investigar inclusive a empresa, pois gosta de trabalhar in loco. Vai montando o quebra-cabeça até que o sujeito aparece morto. O seu caso já saiu nos jornais e Gittes é procurado pela verdadeira esposa do falecido, que lhe ameaça com um processo. A personagem Evelyn Mulwray, interpretada pela bela Faye Dunaway faz o tipo “loura fatal” e vem embaraçar mais ainda a vida do nosso detetive.
Na verdade, essa ameaça de processo é apenas um despiste para ela o contratar e investigar se o marido havia sido assassinado ou cometido suicídio. As revelações aparecem de modo paulatino e os encontros entre contratado e contratante são cheios de flertes e segredos. O impagável do filme é a cena em que Gittes é surpreendido dentro da companhia de águas e agredido por dois capangas, sendo um deles (corto o meu dedo mindinho se não for ele, Roman Polanski, numa participação especial).
Leitores do OBarrete, proponho a interatividade a vocês: é ou não é Polanski? Pois bem, os sujeitos desfiguram parte do nariz do enxerido e quase o arrancam. Aí vem as cenas clássicas de Jack Nicholson e o adesivo gritante no rosto. “Este caso está ficando quente e perigoso”, deve pensar o nosso protagonista.

O figurão morto é sócio do poderoso Noah Cross, vivido por John Huston, que vem a ser pai de Evelyn. Noah passa a ser o principal suspeito, e Gittes vai se vendo enredado numa teia de mentiras, interesses e confusões. A sua vida corre risco.
Após a transa com a sua cliente, Gittes percebe que existe uma outra mulher envolvida, que vem a descobrir ser a irmã ou talvez a filha de sua amante. Numa das mais impactantes cenas, esbofeteia Evelyn e as pancadas até estalam. O desfecho é surreal, revelador e impõe-nos uma reflexão nessa espécie de vida, como ela é.
Este é um dos filmes clássicos, onde os nomes de Polanski e Jack Nicholson por si só nos chamam para o assistir. A película tem uma sequência com “O Caso da Mulher Infiel“, dirigido pelo próprio Nicholson e que é de 1990, do qual trataremos numa outra oportunidade.