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Porque A Arte Somos Nós

O filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (título em português) é de 2001, e dirigido por Jean-Pierre Jeunet. Conta com nomes como Audrey Tautou, Robert Gendreu, Clotilde Mollet e Jerry Lucas. Romance e comédia de duas horas e nove minutos, narra a vida de uma jovem que sai do subúrbio e vai morar em Paris, trabalhando como garçonette num café. A sua história de vida é comum, filha de um médico sorumbático e de uma mãe cheia de traumas que perde a vida após uma suicida cair em cima dela na Catedral de Notre-Dame. Ela possui prazeres simples, como enfiar a mão num saco de grãos e tudo é minimalista nas suas observações.

Até que encontra uma caixinha metálica no banheiro, escondida sob um rodapé de azulejo solto e que fora depositado ali por um menino há 40 anos atrás. É a deixa para ela se dar como missão encontrar esta pessoa e devolver o estojo com as suas lembranças. No café onde trabalha, observa a dona manca, a garçonette sofrendo o assédio de um ex-namorado e intermedeia a aproximação deste com a senhora que atende na tabacaria.

Audrey Tautou (Amélie Poulain)

Todos os gestos e ações de Amélie são premeditados no sentido de tentar ajudar outras pessoas. Com o soturno pintor do prédio onde reside, grava-lhes fitas de vídeo com passagens engraçadas, tais um cavalo correndo à frente de uma corrida de bicicletas e um homem que faz malabarismos com um cachorro. Após ouvir as lamúrias de uma vizinha que fora abandonada pelo marido que fora para a guerra, falsifica uma carta e remete-a com o pedido formal de desculpas dos Correios que, por erro interno, deixara de enviar à época.

Mas, nem tudo são bondades nas ações de Amélie: ao ver os maus tratos que um dono de mercearia impõe ao seu funcionário deficiente, arma uma cilada, consegue a cópia da chave do apartamento do malfeitor e com pequenas ações, torna a vida dele um inferno: adianta o despertador, troca a sua pasta dental, troca a maçaneta da casa de banho, promove um curto-circuito numa tomada de abajur e, quando o desavisado telefona à mãe em busca de ajuda, a ligação cai direta para uma clínica psiquiátrica.

Na ajuda ao pai, ela rouba o seu anão de jardim e com o auxílio de uma hospedeira, regista fotografias da peça em diversas partes do mundo, que são enviadas ao seu pai. A lição é simples: se até o anão de jardim se propõe a viajar, porquê que o pai não poderia abandonar a rotina massacrante de ficar trancado em casa o dia inteiro?

Mathieu Kassovitz (Nino Quincampoix)

Quando se apaixona, é com um quê de mistério que investiga a vida da sua paixão: nas estações de metro, ele tem por hábito reunir recortes de fotografias num álbum e trabalha duramente num parque de diversões e numa loja de produtos eróticos. Intencionalmente, faz um jogo de gato e rato com o rapaz, e entre idas e vindas, dá-se o affair.

Fora as lindas tomadas de Paris, como no clip que nos permite um movimento de como se estivéssemos numa lambreta a acelerar, mais o carrossel de Montmartre e a já citada Notre-Dame, o filme ensina-nos que pequenos gestos podem ser feitos para auxiliar aos nossos semelhantes.

Nós, seres pensantes e grandiloquentes nas ideias, podemos aprender a darmos o primeiro passo, auxiliarmos e não perdermos de vista que as sensações devem ser vividas em toda a sua plenitude, pois são nesses factos corriqueiros que passamos a maior parte do tempo. A atuação de Audrey Tautou com o seu cabelo Chanel e o seu figurino pobre, encanta-nos e aponta-nos que o amor pode estar onde menos se espera…

Marcelo Pereira Rodrigues

Rating: 3.5 out of 4.

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