Doze temporadas, um total de duzentos e setenta e nove episódios e sete personagens indispensáveis que resultam numa série inesquecível que marcou todo o tipo de pessoas ao longo de doze extraordinários anos. Das mentes de Chuck Lorre e Bill Prady nasceu “A Teoria do Big Bang“, a história de, inicialmente, quatro amigos cujas vidas são viradas do avesso quando uma encantadora jovem se muda para o apartamento em frente ao de dois deles. Esta série, do género sitcom, não marca pela história de cada uma das personagens, mas sim pela história que todos construíram juntos, ao longo de tanto tempo.
De facto, estas sete personagens – Sheldon (Jim Parsons), Leonard (Johnny Galecki), Raj (Kunal Nayyar), Howard (Simon Helberg), Penny (Kaley Cuoco), Amy (Mayim Bialik) e Bernadette (Melissa Rauch) são a alma e o coração de todos os minutos que aparecem no ecrã. Personagens únicas, extremamente interessantes e cada uma com um toquezinho especial que, de forma muito subtil, se completa com os outros protagonistas. Curiosamente, o número sete é o número da totalidade e da perfeição, talvez porque não seria necessário existir mais ninguém dentro deste círculo de amigos para que tudo fosse imperfeitamente perfeito.

Em todos os episódios temos uma situação nova, típico de uma sitcom, mas, de alguma forma, tudo se complementa numa grande história vivida pelos amigos mais improváveis. Sheldon é provavelmente a personagem mais irreverente e singular: um físico teórico um tanto louco, cuja vida é cuidadosamente planeada e executada e a quem as situações sociais simplesmente não interessam minimamente. Leonard é o companheiro de casa de Sheldon e o seu melhor amigo; um físico experimental não tão socialmente desajustado, mas um pouco estranho à sua maneira, mais sentimental e, de alguma forma, carente por nunca ter recebido atenção da sua robótica mãe.
O grupo inicial complementa-se com Howard, um engenheiro aeroespacial, comicamente atrevido e com Raj, um astrofísico incapaz de falar com mulheres bonitas e melhor amigo de Howard. O que os quatro têm, obviamente, em comum é o intelecto e o interesse pela ciência. No entanto, estes homens socialmente estranhos são uns verdadeiros geeks obcecados por comic books e merchandising dos mais variados super-heróis.
A vida deles leva um abanão, por assim dizer, quando a extremamente atraente Penny, empregada de mesa aspirante a atriz, entra nas suas vidas e traz algo como uma lufada de ar fresco a estes nerds. Amy e Bernadette só aparecem mais tarde, mas com o mesmo objetivo: dar um novo sentido à vida pouco interessante destes génios.
O que realmente faz alguém gostar desta série não são os simples momentos de comédia de situação, mas sim as emoções que vamos desenvolvendo ao longo dos episódios. Como já disse, cada personagem tem um toque muito pessoal, o que nos faz relacionar facilmente com elas como se fossem pessoas da vida real. Para além disso, o melhor de tudo é a clara evolução que evidenciamos e, de alguma forma, participamos.

Por exemplo, Sheldon, que nunca sequer se imaginou em qualquer tipo de relação com uma mulher, vai ser transformado por Amy que lhe entrega o seu coração e acaba por conquistar o dele. Esta relação atípica entre dois seres socialmente inadaptados vai se tornando num dos romances mais bonitos que alguma vez verão. Até mesmo Howard, que se considerava um galã no mundo dos nerds, vai se apaixonar pela pequena Bernadette e juntos formarão uma bela família.
Ao escrever isto lembro-me de imensos momentos icónicos que me marcaram enquanto espectadora: a primeira vez que ouvimos Soft Kitty, a canção que se canta ao Sheldon quando este está doente; o momento em que Howard canta, juntamente com o grupo, a Bernadette’s Song, como prenda de aniversário à sua namorada; quando Sheldon é beijado por outra mulher e voa para um estado diferente para pedir Amy em casamento, pois apercebe-se que é com ela que quer viver toda a sua vida; ou mesmo quando Penny, que nunca se imaginou mãe, conta a Leonard que finalmente formarão uma família.
Os momentos são muitos e todos eles inesquecíveis. Qualquer pessoa que veja esta série sentir-se-á uma sortuda por poder ter vivido momentos tão bonitos ao lado de personagens que mais nos parecem um velho amigo, pois nós somos também, à nossa maneira, parte deste grupo, desta família.
A coisa que todos nós nos lembraremos, sem dúvida, é o discurso de Sheldon no final da série, finalmente admitindo os seus sentimentos por esta família atípica: “I have a very long and somewhat self-centered speech here, but I’d like to set it aside. Because this honor doesn’t just belong to me; I wouldn’t be up here if it weren’t for some very important people in my life (…) I was under a misapprehension that my accomplishments were mine alone.
Nothing could be further from the truth. I have been encouraged, sustained, inspired, and tolerated, not only by my wife, but by the greatest group of friends anyone ever had (…) I apologize if I haven’t been the friend that you deserve. But I want you to know, in my way, I love you all.“
Eterno, inesquecível e um símbolo de amor incondicional: assim é “A Teoria do Big Bang” e sempre o será.