“Spy” (2015) conta a história de Susan Cooper – interpretada por Melissa McCarthy, conhecida por papéis como em “Memórias de uma Falsificadora Literária” (2018) –, uma secretária da CIA que orientava o agente Bradley Fine – interpretado por Jude Law, conhecido por papéis com em “Perto Demais” (2004) – nas suas missões, através de supervisões durante o perigo, alertando-o, através de uma câmara escondida, sobre tudo o que lhe pudesse escapar.
Numa das missões mais importantes, em busca de uma arma química que estava prestes a ser comercializada, Bradley é dado como morto, após ter sido, ao que parece, capturado por Rayna – interpretada por Rose Byrne –, filha de Tihomir Boyanov, que foi assassinado acidentalmente por Bradley, quando este tentativa retirar informações sobre a tal arma nuclear.
A partir daí, a chefe do departamento, Elaine Crocker – interpretada por Allison Janney, conhecida por papéis como em “Eu, Tonya” (2017) –, precisa de enviar uma agente disfarçada para o terreno, mas alguém que não tivesse qualquer passado e que pudesse, dessa forma, ser facilmente detectado. Para vingar a morte de Bradley, Susan voluntaria-se: importa frisar que 1.º ela tem experiência enquanto agente, mas nunca exerceu essa actividade; e 2.º ela tem uma paixão profunda por Bradley, por isso fará tudo para conseguir vingar a sua morte.

Há que realçar que Bradley, apesar de os sentimentos de Susan por ele serem evidentes, nunca lhe passou cartão algum e sempre, de alguma forma, usou os seus sentimentos para tirar vantagem disso e alguns partidos. Outra questão importante é que Susan é ligeiramente forte, não tendo um peso ideal, nem uma forma física invejável, e essa questão espoleta muita discriminação ao longo da narrativa e é uma das mensagens mais fortes: não julgar ninguém pelo aspecto.
Estamos perante uma comédia cheia de surpresas e, dessa forma, consegue encontrar na sua imprevisibilidade um lado muito interessante, o que exponencia os momentos de acção dos quais o filme está cheio e que, portanto, torna a película muito dinâmica e atractiva. Esse é um dos apontamentos mais importantes quanto ao filme.
Para além disso, consegue focar o seu lado mais cómico na personalidade bastante sui generis de Susan, muito descontraída, com uma enorme autenticidade, mas que guarda algumas reservas e medos do seu passado mal resolvidos. Felizmente, e para o aprofundamento da experiência narrativa e cinematográfica como um todo, ela consegue dar-nos uma grande lição de quem sempre duvidou dela e de quem pôs em causa a sua escolha para fazer justiça por Bradley.
Susan, portanto, é aceite para ir para Paris, a fim de espionar Sergio De Luca, também envolvido nesta rede de negócios, tendo a missão, apenas, de seguir e reportar tudo o que visse – mas a sua audácia natural e a sua índole de lealdade fê-la ir mais além e foi, precisamente, esse lado corajoso que a fez mostrar que ela era, de facto, capaz de superar todos os seus medos.


Entre viagens até Roma e Budapeste para conseguir infiltrar-se na “rede”, Susan tem que ir encarnando cada vez mais e melhor o seu papel de espia, tendo que encarnar a personagem de forma exímia e estando sempre disponível para superar obstáculos que não estavam previstos. Susan revela uma agilidade muito surpreendente para o seu porte físico.
Uma das mensagens do filme, além do que já foi referido, é que devemos ser inteligentes – e isto é transversal a toda a nossa vida – para saber quem devemos ter ao nosso lado ao longo do percurso e tentar, mesmo que inconscientemente, perceber os pontos fracos dos outros para outrora podermos, não necessariamente controlarmos o outro, mas não nos deixarmos ser controlados por eles.
Uma palavra de apreço para o argumento e realização de Paul Feig, que nos traz uma história muito interessante, no sentido de combater estigmas e ideias pré-concebidas, sem nunca descorar uma realização bastante digna e que mostra, sem qualquer dúvida, um trabalho bem feito deste realizador.
“Spy” mostra que, com força e garra, somos capazes de tudo na vida, até mesmo de mostrar àqueles que não acreditaram em nós que, com autenticidade, o mundo abre muitas portas. É só seguir por aquela que para nós faz mais sentido.
Por um cinema feliz.