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Porque A Arte Somos Nós

Enquanto o primeiro capítulo da saga “Fantastic Beasts” (“Monstros Fantásticos)” expandiu o universo da escritora J. K. Rowling e introduziu novos protagonistas, “The Crimes of Grindelwald” (“Os Crimes de Grindelwald“) vem para definir o rumo dos filmes que se avizinham.

Agora com menos animais fantásticos, mas mais magia e densidade na narrativa. Demasiada densidade. O grande crime de um filme que embora problemático não deixa de entreter com os seus poderes encantadores, especialmente os fãs da saga “Harry Potter” (2001-2011).

Realizado por David Yates, que não cessa funções desde “Harry Potter e a Ordem da Fénix” (2007), e escrito pela autora J. K. Rowling, o filme começa um ano depois dos eventos de “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” (2016), em Nova Iorque, nos anos 20.

Depois da sua captura, o temível feiticeiro Grindelwald (Johnny Depp) tem apodrecido numa prisão do Ministério da Magia dos Estados Unidos, enquanto aguarda julgamento. Quando usa os seus feitiços maléficos para escapar, Grindelwald vai até Paris, onde espera reunir uma legião de seguidores para começar uma guerra entre os mágicos e os não-mágicos (muggles).

Katherine Waterston e Eddie Redmayne

Quando encontramos de novo Newt Scamander (Eddie Redmayne), o jovem feiticeiro está proibido de viajar internacionalmente pelo Ministério da Magia inglês, devido ao caos que causou na sua última aventura em Nova Iorque. Dão-lhe, contudo, a oportunidade de trabalhar para o Ministério, cortesia do seu irmão Theseus (Callum Turner). A missão envolvia o paradeiro de Grindelwald, mas Newt decide não tomar partidos na matéria, algo que invariavelmente acaba por acontecer.

Imaginativo e ambicioso esteticamente, “Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” é um espetáculo visual do início ao fim. A câmara do diretor de fotografia Philippe Rousselot flutua entre cenários meticulosamente construídos, incluindo a inesquecível escola de Hogwarts. Desde o design dos animais até aos encantamentos, os efeitos especiais são de primeira linha. Assim como a banda sonora composta por James Newton Howard, que acrescenta dimensão e emoção a várias cenas.

No que diz respeito às interpretações, Johnny Depp surpreende no papel de Grindelwald. Sempre calmo e com um ar impotente, Depp continua caracterizado como uma personagem excêntrica, mas o seu charme advém de um poder argumentativo acima da média e convicções assustadoras.

Jude Law também é convincente no papel de jovem Dumbledore, mas fica a promessa de o vermos em acção nos capítulos futuros. Quanto a Redmayne, confirma que está à vontade na pele de Newt e volta a deliciar nas cenas que partilha com Katherine Waterston, no papel de Tina Goldstein.

Jude Law como professor Dumbledore

Yates fez claramente um ótimo trabalho com os atores, algo que não posso dizer em relação ao argumento de Rowling, que é o principal ponto débil do filme. Os sub-enredos acumulam-se, cruzam-se e culminam numa confusão que mesmo os mais dedicados à história vão sentir. Principalmente quem não tem vindo a acompanhar este mundo mágico até então, porque as referências multiplicam-se. Algo que, por vezes, compromete o foco da narrativa principal.

Pesa ao filme o facto de este ser um capítulo intermédio. Um passo necessário para um futuro onde espero mais clareza. Com “Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”, Rowling faz um paralelismo com o lado mais negro da nossa História através de Grindelwald e da sua filosofia de sangue puro. Essa ideia prevalece, mas agora que a direcção está traçada, espero mais sobriedade. É uma oportunidade que ainda estou disposto a dar.

Bernardo Freire

Rating: 2 out of 4.

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