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Chegou a vez dos miúdos. Se leitura é formação, nada mais natural que divulgar um excelente livro para que os habituais leitores d’O Barrete possam apresentá-lo aos filhos, sobrinhos, netos, filhos de amigos, etc. Assim, indicarei aqui “Os Três Indiozinhos E O Rei Surucucu” (Editora e Estúdio Pixel Room, 2019, 23 páginas) de Babi Kristina, com ilustrações de Pablo Pimenta Quadros. Babi, nome artístico, é Bárbara Kristina Generoso Cotta Lopes, jovem autora, 22 anos, que está a percorrer uma bela trajetória literária.

Antes deste livro que será aqui resenhado, publicou o juvenil “Os Sentimento Das Sombras“. Participa em importantes concursos literários Brasil afora e pensa em grande. Reside em Itabirito, na província de Minas Gerais, onde organizou uma Antologia este ano para ajudar a promover e divulgar jovens talentos literários no município. Se ela traz Generoso até no nome, isso verifica-se nestas suas empreitadas.

Vamos à beleza do livro? Em “Os Três Indiozinhos E O Rei Surucucu”, Babi remete a uma época de encantos e aventuras. Se os povos originários do Brasil são os protagonistas, o enredo é bastante moderno ao abordar a violência psicológica a que sofrem muitos miúdos com os apelidos e os constrangimentos. Assim, Fein, Pequenin e Gordin se amparam na amizade de modo a darem a volta por cima. Talentosa autora, Babi copiou o sotaque mineiro do interior, com os diminutivos que na verdade indicam o feio, o pequeno e o gordo. E a amizade dos miúdos indicam aventuras.

A escritora brasileira Babi Kristina com as suas obras “Os Sentimento Das Sombras” e “Os Três Indiozinhos E O Rei Surucucu” / Revista Conhece-te

Na selva, nas vésperas de elegerem o guardião do oráculo na aldeia, acabam por ter que enfrentar o temido Rei Surucucu, uma cobra enorme bem aos moldes da Anaconda. Num encontro que faz lembrar o Lobo Mau e os Três Porquinhos, o réptil lambe os beiços antevendo uma excelente refeição com o mais nutrido deles.

Mas os miúdos são espertos e contarão com o auxílio de Doidin, diminutivo para doido no nosso sotaque. O embuste é armado e os três conseguem vencer o temido Surucucu, sendo que uma nova liderança surgirá na aldeia e, enfim, os três aventureiros poderão trocar de nomes. Será necessário? Doidin foi mais esperto, sentou-se no trono e passou a ser reconhecido como Espertin.

Lindo demais ver as reações de miúdos que ao travarem conhecimento com a obra, ficam a brincar passando as ilustrações e comentando passagens com os seus pais. Penso que o livro é uma generosidade, de forma a ampliarmos a nossa visão do mundo, retirando um pouco dos jovens a estreiteza de horas e horas à frente dos seus smartphones. Se Minas Gerais oferece matas e algumas áreas rurais, por que não aproveitarmos estes espaços para deixarmos os nossos miúdos brincarem?

Foi com saudades que remeti à minha época de infância. O livro “Os Três Indiozinhos E O Rei Surucucu” oferece-nos este deleite, também passando as páginas para nos deliciarmos com as belíssimas ilustrações e captarmos o sentimento de sensibilidade da autora que tem tudo para fazer a sua voz ecoar pelo universo das letras.

Marcelo Pereira Rodrigues

Rating: 4 out of 4.

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