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Mais um Halloween significa mais uma oportunidade para refletir sobre obras de terror, sem dúvida o género mais intimamente ligado a esta efeméride. OBarrete já celebrou esta data com um episódio do seu Podcast onde foram analisadas três obras cinematográficas do género de terror: “A Dança da Morte” (1945), “Hausu” (1977) e “Nas Costas do Diabo” (2001). Como tem sido habitual, o Halloween deste ano será também celebrado com uma recomendação gaming.

O jogo em análise é “Man of Medan”, o primeiro episódio da “The Dark Pictures Anthology”, uma série antológica de jogos de terror, desenvolvidos pela Supermassive Games, a mesma desenvolvedora de “Until Dawn“, recomendação de Halloween d’OBarrete do ano 2020. Tal como em “Until Dawn”, “Man of Medan” utiliza artifícios associados ao cinema de terror para oferecer uma aventura interativa, onde o jogador assume o controlo de várias personagens da narrativa e onde tem a possibilidade de tomar decisões, alterar o rumo da história e o destino das personagens.

“Man of Medan” é uma narrativa interativa dos mesmos criadores de “Until Dawn”

“Man of Medan” conta a história de um grupo de amigos: os irmãos Alex e Brad, Julia (namorada de Brad) e Conrad (irmão de Julia). O objetivo do grupo é organizar uma expedição na zona sul do Oceano Pacífico à procura dos destroços de um navio da Segunda Guerra Mundial, cujos rumores indicam ter naufragado nessa zona. Para isso, o grupo contrata os serviços da comandante Fliss e do seu barco Duke of Milan.

Algo que tinha tudo para ser uma expedição tranquila complica-se quando um bando de marinheiros invade o Duke of Milan e toma o grupo como refém. É após esta introdução que as ações do jogador começam a refletir-se no desenrolar dos acontecimentos, embora seja certo que este irá eventualmente descobrir o Ourang Medan, o barco que o grupo procurava, mas que se revela como um lugar assombrado.

O jogador controla alternativamente cinco personagens distintas, os quatro amigos e a comandante Fliss, que acaba por ganhar a empatia do resto do grupo (dependendo, claro, da forma como este toma as suas decisões). Estas decisões materializam-se sobretudo em dois tipos, diálogos (como escolher responder a uma questão de forma empática ou agressiva) e ações (como, por exemplo, escolher salvar um elemento do grupo em perigo ou simplesmente fugir). No ecrã, as escolhas situam-se em pontas opostas de um compasso, que, além de estar em conformidade com os temas náuticos do jogo, acaba por representar o “compasso moral” das personagens.

Tal como é comum nos jogos do género, em “Man of Medan” o jogador pode tomar decisões que têm impacto na história

Uma das mais interessantes características de “Man of Medan” (e do resto dos jogos da antologia “The Dark Pictures”), e que distingue este jogo de “Until Dawn” é a forma como a desenvolvedora incluiu na história uma componente metanarrativa. Ao passo que em “Until Dawn” há uma tentativa mais conservadora (através da personagem do Dr. Hill) de quebrar a quarta parede, em “Man of Medan” é reconhecido pelo próprio jogo que se está a “jogar uma história”, através das intervenções de uma personagem que se autodenomina como o Curador.

Em diversos momentos do jogo, sobretudo nos interlúdios entre capítulos, a narrativa é interrompida pelo Curador, uma personagem que mostra conhecer todas as possibilidades da história, que comunica diretamente com o jogador, e que até o pode ajudar (se este assim o desejar). Muito do discurso do Curador acaba também por ser uma espécie de reforço da filosofia do jogo, a de que todas as ações poderão ter consequências, podendo no final da narrativa manter todos os personagens vivos ou mortos.

A presença do Curador introduz uma componente metanarrativa à história

Algo difícil de negar é o facto de que o jogador sente que tem o destino das personagens nas mãos e a perceção de que o jogo se pode ramificar de vários modos, algo que contribui para uma maior ligação com a narrativa e as próprias personagens, bem como para o potencial de jogar novamente a história e descobrir os restantes finais. Apesar disso, “Man of Medan” acaba por desiludir na parte final do jogo, sobretudo por alguma pressa em encerrar os acontecimentos e por não entregar uma conclusão alinhada com o suspense que é indiciado desde o início do jogo.

Inspirada pela popularidade de “Until Dawn” e de várias pessoas que jogavam o jogo entre amigos, onde partilhavam o comando para que cada um controlasse uma personagem distinta, a Supermassive Games introduziu em “Man of Medan” dois modos multijogador: um modo online com dois jogadores e um modo offline denominado “Movie Night” para (até) cinco jogadores, em que cada um seleciona e controla a sua própria personagem dentro da história. Este modo “Movie Night” acaba por ser perfeito para uma noite de Halloween em família ou com amigos, principalmente porque acaba por ser ajudado pela curta duração da história (entre 3 a 4 horas), o que permite jogá-la de uma assentada.

Deixa-se então a recomendação para uma sessão de Halloween diferente: junte quatro amigos para jogar “Man of Medan” e experiencie uma aventura onde cada um terá uma palavra a dizer.

Disponível em: PS4, PS5, Windows, Xbox One, Xbox Series X|S

Luís Ferreira

Rating: 2.5 out of 4.

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