Já é cliché afirmarmos que um filme nunca será tão fiel quanto o livro, mas a película “Tender Is the Night”, em português “Suave é a Noite“, do realizador Henry King, deixa bastante a desejar. Certamente culpa do argumento mal elaborado, o interessante aqui é que o mesmo é creditado ao próprio autor, falecido em 1940, vinte e dois anos antes da estreia no cinema. Um drama com 2h22min, traz no elenco Jennifer Jones (que interpreta Nicole Diver), Jason Robards (que faz o psiquiatra Dick Diver), Joan Fontaine, Tom Ewell, Cesare Danova, Jill St. John, Paul Lukas, Bea Benaderet, entre outros.
O problema do filme são os cortes e as edulcorações nas relações extraconjugais do casal protagonista, com uma ênfase no platonismo que não se verifica no livro, bem mais carnal e explícito. O drama da menina Nicole, adotada como amante do pai aos 11 anos é citado com bastante discrição e até a passagem de Dick por uma cadeia em Roma é retirado. Sei da exuberância do livro, das suas várias nuances, como a cena do duelo entre dois cavalheiros, um nem tanto, e da confusão dos negros com o músico alcoólatra Abe North, mas no decorrer da narrativa ficamos com a impressão de uma simples redução, faltando bastante critério para a exata compreensão.

Desconfio que tenha sido lançado à época como o filme do ano, mas vá lá, a fotografia e os cenários da Riviera Francesa são exuberantes, as atuações também garantem o espetáculo, notadamente a do atormentado Dr. Dick (Robards), e no quesito da beleza ficamos encantados com Jennifer Jones e Jill St. John, esta última que interpreta a jovem atriz, quase criança, Rosemary. Mas é pouco.
Acredito que se o leitor assistir primeiramente à película, será instado a ler o livro (e não o guião) e perceberá quanta coisa se perdeu. O único acréscimo dramático no argumento (e que não lembro de ter lido no livro) é o coma alcoólico da menina de nove anos que ingenuamente mata a sede noturna bebendo champanhe. Acerca de premiações, a única nomeação foi a do Óscar, na categoria de Melhor Canção Original. Se pudesse opinar à época, sugeriria o de Melhor Ator para Jason.
Enfim, um filme glamoroso e bem-intencionado, mas que dececiona pelos cortes cruciais numa tentativa forçada de fazer caber em duas horas aquilo que bem poderia ser uma série longeva de acontecimentos.
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