O filme realizado por Martin Scorsese conta com a presença de um elenco estrelado com grandes nomes de Hollywood, tais como, Leonardo DiCaprio, Margot Robbie, Matthew McConaughey e Jonah Hill. Inspirado no best-seller, “The Wolf of Wall Street”, que dá nome a esta obra-prima cinematográfica, este é uma espécie de homenagem ao corretor da bolsa Jordan Belfort (Leonardo Dicaprio), sendo que este narra a sua história na vida real. Esta consiste na criação da Stratton Oakmont, uma corretora envolvida em esquemas de ações na bolsa de Nova Iorque, mais precisamente em Wall Street, cuja qual viu o seu colapso no ano de 1990.
A história foca-se em Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), um jovem com uma ambição desmedida que sonha em viver a vida assente numa fortuna conquistada na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O seu percurso inicia-se como corretor da Bolsa numa empresa estabelecida em Wall Street, cujo chefe, Mark Hanna (Mathew McConaughey), se torna no seu primeiro mentor no mundo dos negócios e prontamente o incentiva a adotar um estilo de vida baseado em consumo de estupefacientes e atos sexuais com acompanhantes de luxo. Mais tarde, Belfort obtém a sua licença de corretor, porém, no seu primeiro dia de trabalho ocorreu uma quebra monumental nas ações e a empresa abriu falência, dia este denominado de “Black Monday”.

Sem emprego, e após um diálogo com a sua mulher Teresa Petrillio (Cristin Milioti), esta encontra um anúncio para corretor na bolsa, teoricamente para empresas com taxas de sucesso praticamente nulas, vendidas a um preço baixíssimo. Com um discurso capaz de convencer qualquer um a comprar ações, juntamente com Donnie Azoff (Jonah Hill), um amigo que mora na mesma urbanização que Jordan e a sua mulher, ambos decidem criar uma nova empresa e recrutam uma equipa constituída por amigos e alguns colegas de trabalho, de forma a juntarem-se todos e fundarem assim a Stratton Oakmont.
Ao longo da pelicula, dá para entender desde o início que Jordan Belfort é um homem com uma ambição desmedida, que atinge a riqueza de uma forma rápida e que depois cai na desgraça. No entanto, Martin Scorsese vai muito mais longe do que isso, pois oferece ao expectador uma autêntica história sem filtros e com uma promiscuidade fora do comum no cinema contemporâneo de Hollywood, tendo em conta todas as suas políticas de controlo paternal. Este é verdadeiramente o registo em que Jordan e os seus amigos levam o seu estilo de vida em busca de um prazer baseado em drogas e prostituição.
Porém, era muito importante retratar este cenário de modo a parecer o mais realista possível, para assim não serem evidenciados exageros na exposição desta temática, pois isso seria prejudicial a reputação do filme. Todavia, o génio de Scorsese vem ao de cima e este exibe isso na perfeição com o objetivo de não ser censurado.
Tudo o que se passa em “The Wolf of Wall Street” é politicamente incorreto e levado ao extremo. No entanto, as cenas de nudez são evidentes ao longo do filme, contando com orgias envolvendo prostitutas e cenas de sexo entre Leonardo Dicaprio e Margot Robbie, que interpreta Naomi Lapaglia. Jordan Blefort conheceu-a numa das suas festas e envolveu-se de imediato com Naomi, resultando no divorcio com a sua mulher da altura, tendo chegado a casar e a ter uma filha chamada Skylar.

Tudo isto num ambiente onde o culto do prazer é defendido até a morte e a sede da sua empresa, a Stratton Oakmont, é uma espécie de antro para que estes acontecimentos sejam um estilo de vida recorrente, com a contratação de prostitutas para o estabelecimento, e até mesmo jogos com arremessos de anões, o que retrata a excentricidade exibida ao longo do filme, realçando a importância do dinheiro e o prazer que este pode proporcionar ao ser humano.
Mais tarde, com este sucesso repentino, o FBI começa a investigar Belfort e a sua empresa, uma operação liderada por Patrick Denham (Kyle Chandler), um agente do FBI com reputação de prender inúmeros corretores da Bolsa que alcançaram o estrelato graças à manipulação, ganhando assim dinheiro sujo através de falsas esperanças transmitidas aos clientes.
Para se proteger, Jordan abre uma conta bancária na Suíça com a ajuda de Jean-Jacques Saurel (Jean Dujardin), diretor bancário, no nome da tia da sua mulher, Emma (Joanna Lumley). Este mesmo esquema é quase exposto quando o seu sócio Azoff entra numa luta com Brad Bodnick (Jon Bernthal), um traficante de droga e amigo de Belfort, que tinha vindo a ajudar com a sua família nas transferências de dinheiro para a conta na Suíça.
Para o filme ter atingido este sucesso todo é óbvio que Scorsese tinha que se aliar a pessoas que tivessem dispostas a ir além do expectável. Ninguém melhor que Leonardo DiCaprio para encarar este papel. Afinal de contas, a vida de galã de Hollywood é feita de extravagâncias e este submete-se a cenas de promiscuidade elevadíssimas para aquilo que geralmente é exigido no grande ecrã. Mas é no microfone que este brilha, assumindo o papel de motivador, orquestrando os seus discípulos em Stratton Oakmont em nunca aceitar um “Não” como resposta e numa das frases motivacionais afirma: “Não há nobreza na pobreza” – uma mensagem que revela o enredo e as cenas extravagantes do filme.
Posteriormente, ao ver Bodnick ser preso, Azoff decide consumir estupefacientes com seu amigo Belfort para lhe dar a informação sem ter que o confrontar sóbrio. Pois bem, é aqui que tudo descamba, Belfort recebe um telefonema do advogado, revelando que Jordan pode estar sob escuta e por isso será melhor procurar um telefone público.

Porém, os estupefacientes começam a fazer efeito e no regresso a casa este destrói a sua viatura e tudo o que lhe passa pelo caminho, até que se depara com o seu amigo a sufocar-se com comida, já depois deste ter contado a Jordan que o seu amigo tinha sido preso. No decurso da noite, o protagonista discute com sua mulher e após esta lhe pedir o divórcio, este tenta mesmo levar a sua filha embora em condições anímicas lastimáveis – obviamente sem sucesso.
Depois deste momento catastrófico, Belfort e Azoff decidem fazer uma viagem a Itália com as suas mulheres, onde descobrem que a tia Emma morreu e deixou a sua conta bancária ao herdeiro Belfort. Logo de seguida, Jordan decide ir de imediato para a Suíça com o intuito de recuperar a sua fortuna de cerca de 20 milhões de dólares e seguir para o funeral da tia da sua esposa em Londres.
No entanto, a embarcação apanhou mar picado e naufragou, tendo sido resgatados a tempo do desastre. Dois anos após o incidente, este é preso durante as filmagens de um anúncio na Flórida e conta tudo ao FBI, levando assim a outras dezenas de pessoas serem presas. Este é condenado a três anos, e após sair da prisão passa a ensinar técnicas de venda em seminários.
Com tudo isto, o filme espelha um estilo de vida longe dos valores e do saber-estar exigidos pela sociedade, mas é isso que torna a obra digna de um Óscar. O cineasta Martin Scorsese quebra as barreiras de Hollywood no que toca às produções norte-americanas, onde o vocabulário e cenas de sexo e drogas são retratadas de forma subtil, de forma a não ferir suscetibilidades.
Um enredo fora da caixa que torna esta película um autêntico blockbuster com uma performance de uma vida por parte do inigualável ator norte-americano Leonardo Dicaprio, como nos tem habituado ao longo da sua carreira, e graças ao seu talento, “The Wolf of Wall Street” é uma obra-prima que atingiu proporções estratosféricas na Sétima Arte.