Já nos habituamos a ver Will Smith em papéis divertidos, ou pelo menos ligeiros, na perspetiva da exigência do desempenho do ator como veículo de transmissão de uma mensagem. São disto exemplo, filmes como “MIB – Homens de Negro” (1997), “Wild Wild West” (1999) ou mais recentemente “Aladdin” (2019). Mas, Will Smith é um ator com capacidades muito para além destes papéis “ligeiros” e já o demonstrou em películas como “Ali” (2001), onde tem um super desempenho na biografia dessa lenda do boxe mundial que dava pelo nome de Cassius Clay, mais tarde Muhammad Ali quando se converteu ao Islão.
Também em “Eu Sou a Lenda” (2007) ou “Sete Vidas” (2008) está muito bem, tendo representações dignas dos melhores… Mas hoje gostava de vos falar de um trabalho em particular que se integra neste grupo: “The Pursuit of Happyness” (em português, “Em Busca da Felicidade“).
Em 2006, Gabriele Muccino realizou esta obra, adaptada por Steve Conrad a partir do livro escrito pelo próprio Chris Gardner, de forma despretensiosa e discreta, sendo mais uma daquelas películas que nem nos apercebemos que existem. E é pena, pois a narrativa aqui exposta é muito interessante, capaz de nos fazer refletir nas coisas importantes da vida, baseado na história verídica do agora milionário Chris Gardner (Will Smith). Este é vendedor, mais um, de uma empresa de aparelhos médicos e tem uma relação difícil com a sua mulher que já não suportava a vida que tinham, sem rendimentos para pagar as despesas.
Os ganhos são baixos e com o tempo as dividas começam a acumular-se, mas Chris, ajudado por um conhecido, Bob Bridges, tenta a sua oportunidade numa corretora (remarcando a entrevista após estar preso 10 dias por acumulação de multas de estacionamento…), com um pequeno senão, apesar de ser aceite como estagiário sujeito a exame final para ficar efetivo, não tem qualquer proveito financeiro… Como se já não bastasse, acaba só após a sua mulher partir, deixando o filho ao cuidado do pai.
Estavam reunidas as condições para a desgraça de Chris e do seu filho. As dificuldades foram tantas que se tornaram sem abrigo, chegando ao ponto de dormirem em abrigos de uma noite e até na casa de banho de uma estação! Mas Chris nunca desistiu do seu sonho e continuou a lutar por ser o melhor do estágio, o que viria a conseguir. Mais tarde, após alguns anos na corretora Dean Witter, criou a sua própria empresa e tornou-se num homem de negócios bem sucedido, não esquecendo nunca o seu passado.
Para além da análise da narrativa que, apesar de ser diferente da realidade relatada pelo próprio Chris Gardner, nos envolve no exemplo desta personagem lutadora e visionária, está o ator que desempenha o papel com o seu próprio filho. Will Smith tem um desempenho de uma completa sinceridade para com o personagem, reforçado pela ligação íntima que tem com o seu filho Jaden, resultando numa mensagem que consegue atingir o espetador de uma forma muito sentida e próxima.
A postura do ator ao longo da película é frenética, mas intensa, envolvendo-nos na história, e quando assim acontece é muito bom sinal. Não é por acaso que foi nomeado para o Óscar de Melhor Ator em 2007, tendo perdido para Forest Whitaker pelo filme “O Último Rei da Escócia” (2006).
Em suma, trata-se de uma película que deve ser vista com atenção, não só pelo conteúdo da narrativa que nos oferece um exemplo de amor, luta e perseverança, mas também pelo soberbo desempenho de Will Smith que, me arriscaria a dizer, tem neste filme um dos melhores desempenhos da sua carreira. É definitivamente um filme obrigatório para os aficionados da sétima arte.
Bons filmes.
