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Porque A Arte Somos Nós

A geração beat, ou beatniks (termo para descrever os indivíduos da geração beat), e os seus homólogos futuros (hippies, punks, góticos) alimentaram o fogo da não conformidade, questionando o estado das coisas existentes. Através da poesia e de outras formas de literatura, certos realismos que estavam a ser ignorados ou condenados foram levados para a luz. O uso do simbolismo e da metáfora que, geralmente, “falou” sobre a parte obscura da vida e os erros cometidos, tanto políticos como sociais, na política norte-americana.

A frase beat generation é identificada com Jack Kerouac numa conversa, de 1948, com o seu colega, poeta beat e autor, John Holmes. O termo da batida, ou beat, refere-se aos oprimidos, os abatidos de espírito, sendo esses vários jovens adultos que viviam no pós-Segunda Guerra Mundial. Portanto, estes eram os membros da sociedade que não se encaixavam, tendo procurado mudar o estado das coisas existentes, trazendo certas injustiças para a luz através da sua literatura.

O poeta beat Jack Kerouac / Getty Images

No centro do movimento beat destacavam-se Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs, que tentaram incutir uma New Vision. Essa nova visão foi caracterizada pela “auto-expressão sem restrições, perturbação sensorial como um meio de perceber a verdade, a experimentação sexual, e a ideia de que a arte transcende a moralidade convencional“.

Estes autores abandonaram as normas literárias convencionais e experimentaram com a poesia livre verso (Ginsberg), composição desestruturado (Burroughs), linguagem coloquial, e prosa espontânea incorporada com ritmos jazz (Kerouac) para expressar os seus ideais. Também usaram técnicas literárias de uma forma não convencional para expressar ideias não convencionais, como o romance semi-autobiográfico “On the Road“, que foi originalmente escrito em folhas de papel higiénico coladas formando um livro; é considerado “um dos mais famosos manuscritos da escrita performativa do século XX” (Lawlor, p. 53).

A liberdade de experimentação formal na literatura beat é o reflexo da busca de liberdade de pensamento e comportamento que estes autores empreenderam nas suas vidas. Inconformados com o insustentável estilo de vida americano, fizeram por citar os padrões morais e a racionalidade da vida pré-estabelecida. Libertaram os seus instintos dionisíacos e instigaram as outras pessoas a fazerem o mesmo, causando um enorme impacto social, repercutido nas décadas seguintes com os movimentos sociais da juventude.

Bibliografia

Burroughs, William S. (1993). Naked Lunch. Flamingo, London
Ginsberg, Allen (2014). Uivo e Outros Poemas. Relógio d’Água, Lisboa
Kerouac, Jack (2011). Pela Estrada Fora – O Rolo Original. Relógio d’Água, Lisboa
Lawlor, W. (2005). Beat Culture: Icons, Lifestyles and Impact. ABC-CLIO, California

João Filipe

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