“My Take On Me”, é uma biografia do vocalista dos A-Ha, Morten Harket, com a colaboração de Tom Bromley. Faro Editorial. 237 páginas. Uma banda de rock necessariamente deve estar na tríade sexo-drogas-rock n’ roll, certo? Errado! O vocalista da banda norueguesa conta-nos uma história marcante e pessoal, escrevendo sobre os bastidores do grupo que marcou a época de 1985, chegando ao seu ápice ao tocar para 200 mil pessoas, no Maracanã, durante o Rock in Rio, em 1991.
Morten Harket, o homem por trás da fama, é um sujeito simples. Tenta passar isso, e convence pelos argumentos. Fã da natureza (é só lembrarmos de que morou em áreas rurais na Noruega, sendo filho de um médico), foi convidado pelos verdadeiros fundadores dos A-Ha, Magne Furuholmen (tecladista) e Påul Waaktaar (guitarrista) para ser o vocalista. Saíram da Noruega para a Inglaterra, chegaram a passar por perrengues financeiros até que veio o estouro com o lançamento do LP “Hunting High and Low”, primeiramente nos Estados Unidos, depois na Inglaterra e aí a coisa ganhou ares de “beatlemania” pelo mundo afora. E foi isso que incomodou Morten, que perdeu completamente a sua privacidade e ficou escravo do sucesso.

Ainda nos anos 80, decidiram não se mudar para os Estados Unidos para promoverem um de seus álbuns, motivo pelo qual ficaram muito identificados com o hit do primeiro disco, Take On Me. Uma vez morando nos Estados Unidos, não parariam mais em casa, pois fazer uma tournée de divulgação de álbuns por lá exige estar quase todo o tempo na estrada.
Mas os A-Ha não ficaram longe dos seus fãs mundo afora, chegando a muitos países da Europa e ao Japão e, felizmente para nós, à América do Sul, onde tocaram em estádios lotados, sendo um deles o Maracanã, em 1991, e retornaram para uma outra edição do Rock in Rio, em 2015 (no momento em que escrevo este texto, ouço este show).
A banda passou por altos e baixos e deixaram até de se falar por um tempo, por discordâncias artísticas. Mas, felizmente, retornaram com tudo e a química atual mostra-se perfeita. Morten Harket, pai de cinco filhos, mais feliz do que nunca, ataca de escritor e a dizer que a sua biografia é um esmero de capricho, bom senso e prova que para ser um verdadeiro artista os apetrechos tais como a fama e a super-exposição são meros adereços que não atingem o essencial.
O livro traz belíssimas imagens e vem até com um poster dos A-Ha (ainda bem que já passei da fase de colar nas paredes). Traz também a discografia completa. Com o passar dos dias, estou matando as saudades dos discos.
Amei o livro. Leiam também.