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Porque A Arte Somos Nós

O primeiro trabalho oficial da banda composta por Freddie Mercury (vocais e piano), Brian May (guitarra), Roger Taylor (bateria) e John Deacon (baixo). A produção ficou ao encargo de Roy Baker e John Anthony, responsáveis por tirar o melhor partido possível de uma banda jovem e com “mil e uma” ideias diferentes. Os Queen, nome sugerido por Mercury, surgem após o término da banda Smile, da qual faziam parte Roger Taylor, Brian May e Tim Staffell (vocais e baixo).

A saída de Staffell não podia ter sido mais oportuna, pois na calha para ocupar o seu lugar estava, nada mais nada menos, do que um dos melhores vocalistas da história contemporânea da música. Já com algumas canções “na manga”, a banda consegue gravar as suas primeiras músicas no De Lane Lea Music Centre (alguns dos demos foram disponibilizados numa edição deluxe, em 2011), terminando o processo nos famosos Trident Studios. Mas e que músicas são essas, afinal?

A faixa de abertura do álbum homónimo dá-se com Keep Yourself Alive, escrita por Brian May, mas algo adulterada pela criatividade de Freddie. Composta ainda antes da entrada de John Deacon para a banda, os riffs de guitarra iniciais introduzem o som único da Red Special de Brian May. Com um ritmo que mais parece o de um comboio, esta canção tem uma estrutura pop – a única do álbum com essas características. Foi o primeiro single dos Queen.

Seguimos com Doing All Right, escrita ainda nos tempos de Tim Staffell. Comparativamente à versão com o antigo baixista, a banda faz um upgrade à música, tornando-a mais pesada, um bocado ao estilo dos Led Zeppelin – uma inspiração para os jovens formados no Imperial College.

Great King Rat, a meu ver, uma das músicas mais pesadas na carreira dos Queen, mostra-nos o poder e a força da banda, nunca descartando as melodias da guitarra, os solos, e a ferocidade da voz de Mercury. My Fairy King – alegadamente responsável pela mudança do nome do vocalista (Freddie Bulsara para Freddie “Mercury”) -, é o tema mais suave e melodicamente mais bem conseguido neste trabalho. Escrita por Mercury, fala sobre Rhye, uma espécie de mundo fantasioso criado pelo próprio vocalista.

Chegamos ao segundo single: Liar. Outro ponto alto do álbum, e novamente escrita por Mercury. Esta é uma faixa que mistura a sensibilidade com a raiva. Uma música que bebe um pouco do rock progressivo, com mais de seis minutos, e com várias sonoridades e mudanças de ritmo. A parte inicial tem um dos riffs mais heavy em toda a carreira do grupo, e ainda um dos melhores solos de baixo de John Deacon. Para ouvir e repetir!

Roger Taylor, Freddie Mercury, Brian May, e John Deacon (da esquerda para direita)

Chegamos a The Night Comes Down, uma música menos conhecida, mas com uma doçura muito particular. Com excelentes falsetes por parte de Mercury, esta é uma balada onde a guitarra eléctrica é substituída pela a acústica (na maior parte do tempo, não na totalidade), e foi das primeiras músicas a ser gravada em estúdio pela banda. É uma canção que me traz muitas memórias da adolescência, e com a curiosidade de ter aparecido na série da HBO, “Vinyl” (2016).

Entramos de rompante em Modern Times Rock ‘N Roll, uma música escrita e cantada pelo baterista Roger Taylor, e com menos de dois minutos (a mais curta em toda a obra). Como o título refere, puro rock and roll, sem esquecer um excelente solo de guitarra. Son And Daughter é outro clássico deste primeiro álbum. Com uma guitarra estridente e com Mercury a assumir uma liderança que nos prende do início ao fim. Son And Daughter era muitas vezes (diria sempre) tocava numa versão mais longa ao vivo, com a incorporação de um solo de guitarra por parte de Brian May.

Já na recta final temos Jesus, música escrita pelo vocalista, que conta parte da história de Jesus de Nazaré. Uma música um pouco esquecida, mas especial para todos os fãs de Queen. O álbum finaliza com Seven Seas Of Ryhe, contudo, esta é uma versão de piano com cerca de 1:20 de duração. Não confundir com o êxito do ano seguinte, do álbum “Queen II”, pois apesar de ser a versão “final” deste tema de “Queen”, aqui só encontramos uma pequena secção instrumental. Agradável, a fazer adivinhar o que aí vinha…

Esta obra é um belo retrato das influências dos Queen, tais como Led Zeppelin, Jimi Hendrix ou The Beatles, mas deixa bem claro a sonoridade única que marcaria a banda para sempre. Todos os músicos se complementam, mas o destaque vai para o trabalho de Brian May, com os seus solos e riffs – que ainda hoje são completamente distintos de todas as obras posteriores. Um álbum que retrata o som da altura, cru, e muito importante na base do hard rock.

Rating: 3 out of 4.

2 thoughts on ““Queen”, Queen: Muito talento, alguma inocência

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