Realmente fomos todos apanhados de surpresa! O tema já não é novo e todos nós temos saudades de certas pessoas, rotinas e paisagens. Sendo esta, forçosamente, uma oportunidade para pôr os filmes, as séries e a leitura em dia, não devemos descartar a música deste baralho.
Para isso, numa tentativa de descobrir algo novo, ou até de recordar, aconselho cinco álbuns musicais. Estes podem trazer memórias do passado, transportar-nos para outros lugares, ou até ser a banda sonora do nosso presente enquanto estamos confinados à nossa habitação. Sem ordem obrigatória, quanto mais não seja para apreciar no sofá, calmamente (quem conseguir), aqui vai:

1.º “The Allman Brothers Band” – The Allman Brothers Band (1969)
Começamos com um clássico do southern rock. Um dos mais emblemáticos álbuns de estreia no universo musical, os irmãos Allman deixam bem patente neste trabalho todo o seu potencial. Gregg Allman, compositor, teclista e vocalista tem uma prestação notável, conduzindo um grupo de músicos muito bons: Duane Allman (irmão de Gregg), Dickey Betts, Berry Oakley, Jai Johanny Johanson e Butch Trucks.
Neste álbum podemos encontrar faixas memoráveis como a magnífica Dreams, uma viagem pelos blues de Duane, e Whipping Post, uma das músicas mais icónicas para os fãs de rock e de toda a carreira dos Allman Brothers. Esta última está, inclusive, na lista das 500 músicas que moldaram o rock and roll.

2.º “Sketches of Spain” – Miles Davis (1960)
Recuando no tempo e mudando de estilo, este trabalho de Miles Davis é soberbo. O artista atravessava aqui uma fase de ouro, sendo que apenas em dois anos lançou “Porgy and Bess” (1959), “Kind of Blue” (1959) e “Sketches of Spain” (1960). Este último conta a participação de Gil Evans como maestro da pequena orquestra que acompanhou Miles nesta fusão entre o jazz e o folclore espanhol. Com toques de flamenco e uma interpretação exemplar de Concierto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, “Sketches of Spain” é uma viagem até às planícies áridas do faroeste.

3.º “Off The Wall” – Michael Jackson (1979)
Falamos agora do quinto álbum do Rei da Pop, Michael Jackson. “Off The Wall” é o primeiro trabalho com Quincy Jones como produtor, um acrescento chave na carreira de Michael: seguir-se-iam”Thriller” e “Bad”, o resto é história. Neste quinto disco de Jackson somos confrontados com uma produção acima da média, com ritmo, melodia e hits.
O álbum abre com Don’t Stop ‘Till You Get Enough e Rock With You, dois temas que começam a traçar o estrelato do futuro Rei da Pop. Contudo, destaque para a vertente Motown – com a qual Michael cresceu – em temas como Girlfriend ou I Can’t Help It. E como não dançar ao ritmo de Workin’ Day and Night? Uma escolha obrigatória, e não para ouvir sentado.

4.º “Rumours” – Fleetwood Mac (1977)
Um álbum repleto de história: numa altura em que a explosiva relação Lindsey Buckingham – Stevie Nicks atingia o ponto de ruptura, a banda edita um álbum de 39 minutos com quatro singles que veio introduzir os Fleetwood Mac numa esfera mais pop. Recebido pela crítica como uma obra-prima, aqui podemos encontrar temas como Dreams, Go Your Own Way, Don’t Stop ou The Chain. Do início ao fim, é uma obra praticamente perfeita. Ritmicamente rica e com os vocais a atingir seu auge, “Rumours” é um dos pontos altos na carreira da banda, e um dos melhores álbuns alguma vez criados.

5.º “Viagens” – Pedro Abrunhosa & Bandemónio (1994)
O primeiro trabalho de Pedro Abrunhosa & Bandemónio, feito maioritariamente numa cave, chegou mesmo a ser considerado pela revista Blitz, o melhor álbum dos anos noventa da musica portuguesa. Esta obra conta ainda com o saxofonista de James Brown, Maceo Parker. Uma mistura de funk, soul, pop e groove, aqui podemos encontrar temas intemporais como Não Posso Mais, É Preciso Ter Calma ou Tudo O Que Eu Te Dou. Uma experiência única e rica: literalmente uma viagem pelos melhores ritmos que a musica nos pode oferecer, e sempre com letras bastante poéticas.
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