Numa época de ditadura em Portugal, Petrus Castrus, formado pelos irmãos José Castro e Pedro Castro, ousou misturar rock com letras políticas. Como resultado das composições, o álbum foi banido por três meses pela comissão de censura portuguesa. O tema lírico é sobre liberdade e tem um forte comentário social, sendo que algumas músicas têm poemas de Bocage, Alexandre O’Neill, Ary dos Santos, Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner Andresen, adaptados a este álbum como uma reacção à ditadura que Portugal sofria há quarenta décadas.
A música soa como uma mistura de Pink Floyd com Procol Harum, com influencias da banda italiana de prog sinfónico Premiata Forneria Marconi e do folk-prog canadiano dos Harmonium. As canções são dirigidas por alguns vocais bastante bons, piano e órgão Hammond. O som é bem mais rock progressivo do que sinfónico em músicas como Mestre, País Relativo e Pasárgada / Saudades do Rio Antigo, que mostram qualidades prog de Petrus com temas de piano e guitarra. Outros, como Porque e História do Azul do Mar, são influenciados de maneira clássica com melodias lentas, a última com cravo. O resto do álbum toca em diferentes estilos: por exemplo, S.A.R.L. é uma espécie de hard rock acústico; Macaco parece um pouco de carnavalesco; e Só Mais Nada, uma breve música folclórica. A qualidade do som é ótima, mas nada mais, já que este álbum foi gravado em circunstâncias difíceis com a banda a tirar o melhor proveito da situação.
No geral, “Mestre” é um álbum muito bom, com um som distinto e único. Pode não ser particularmente complexo, mas a beleza da música e as letras inteligentes são realmente incríveis. Um álbum muito eclético, cheio de ideias, Portugal deve orgulhar-se dessa obra-prima do prog-rock; do humor dramático ao sarcástico, das influências folk ao prog e do cravo às guitarras distorcidas, isso nunca pára de surpreender. Lançado em 1973, este foi um dos primeiros discos de rock progressivo feitos por uma banda portuguesa.
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