O regresso da saga de ficção científica mais popular de sempre deixou uma forte impressão nos apreciadores de “Star Wars“. Afinal de conta, “Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força” (2015), do realizador J.J. Abrams, foi um filme “para” os fãs, onde aspetos frescos foram combinados com elementos nostálgicos com o objetivo de enxaguar o dissabor das prequelas. A estrutura foi demasiado semelhante a “Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança” (1977), sim, mas isso e muito mais iria mudar com “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi” (2017), desta feita realizado por Rian Johnson. O capítulo central da trilogia foi grande, ousado e emocionante, resultando na melhor narrativa da saga desde “O Império Contra-Ataca” (1980). Para concluir a trilogia e a saga Skywalker, regressa J.J. Abrams. Terá o fiel soldado da Disney correspondido às expetativas com “Star Wars: Episódio IX – A Ascensão de Skywalker“?
O texto clássico que precede o filme revela rumores de que o Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) voltou, o que leva o Líder Supremo Kylo Ren (Adam Driver) à sua procura com o fim de o aniquilar. No entanto, os seus planos saem pela culatra e o seu alvo passa a ser a misteriosa Rey (Daisy Ridley). Entretanto, a Resistência, bem informada, leva a que Poe (Oscar Isaac), Finn (John Boyega) e seus associados, vão em busca de alguém que reporte a localização do Imperador.
Enquanto cinema de espetáculo e entretenimento, o filme oferece as sequências de acção e o esplendor visual que desde sempre prometeu. Nesta galáxia muito, muito distante, novos mundos são apresentados e outros são recordados, numa tentativa gloriosa de animar o grande ecrã. Os duelos de sabre de luz entre Kylo e Rey são estimulantes e interagem com o ambiente em seu redor, assim como a adição de novas personagens proporciona algum humor em momentos oportunos.
Mas nada disto salva “A Ascensão de Skywalker” da sua mediocridade, muito menos de ser francamente desapontante. Começa logo por tentar chocar com o regresso de uma figura infame, sem se dar ao luxo de grandes explicações (o retorno tem o seu sentido, no entanto soa desinspirado). A partir daí, move-se de meta em meta num dos enredos mais insossos de toda a saga. A história, inconsistente e desprovida de drama impactante, pretende meramente agradar aos fãs e oferecer respostas fáceis para questões evocadas à última da hora. Nota-se que foi um final de trilogia, e trilogias, mal preparado e com bastantes choques criativos.
Ocasionalmente, há momentos entre as personagens que resultam, mas nada que chegue perto da emoção que “Os Últimos Jedi” proporcionou. É um filme com as prioridades trocadas e interessado em cumprir os mínimos olímpicos. Quer na escrita como na realização, fazia falta um cineasta mais inventivo e provocador como Rian Johnson e não tanto alguém que, tal como J.J. Abrams, parece estar mais interessado em não ser odiado do que oferecer uma conclusão nobre a esta saga tão amada.