Um cavalo a galope
Sem medo da sua sorte,
Correndo pelos prados
Sem nunca perder o norte.
Encontrou o seu parceiro
A sua grande companhia,
Indo, indo, a galope
Para fugir da romaria.
Na quinta da Dona Maria,
Existia um lindo potro,
Receoso desde sempre,
Não gostava de muita gente.
E, entretanto, naquele dia,
Começou a trovejar,
E o pequeno ansioso,
Logo se deixou amedrontar.
Mas eis que o cavalo,
Ao chegar a tal local
Ao pressentir, a sua presença,
Começou logo a procurar
Pelo assustado animal,
No meio daquele curral.
Quando finalmente o descobriu,
O seu instinto protector
Logo entrou em vigor, envolveu-o
até que a sua aflição,
A pouco e pouco, se desvaneceu.
A trovoada passou,
E o potro sorriu
E, a partir daquele dia,
O pequeno já não se assustava.
Já ninguém lhe fazia frente.
E cada vez que trovejava,
Este só se lembrava,
Do formoso animal
Que sem qualquer receio,
Lhe havia mostrado que
O seu medo,
era irracional,
e não passava de um devaneio.
Pintura de Eugène Delacroix, “Cavalo Assustado por uma Tempestade” (1824-1829)