OBarrete

Porque A Arte Somos Nós

Sabem estes filmes que começamos a assistir e, logo de caras, ficamos encantados com as atuações? Na caracterização das personagens, já é diferente nos depararmos com os cabelos secos, desgrenhados e sem corte de Amy Adams, que parece que teve licença para se entupir de comida para ganhar uns quilinhos a mais, no papel da mãe tresloucada e viciada em analgésicos Bev. Neste “Hillbilly Elegy” Glenn Close roubou todas as cenas.

Com um corte de cabelo estranhíssimo e óculos demasiado grandes, com as mãos na cintura e o tronco avançado, o processo de envelhecimento é extraordinário e, não sou expert em Óscares e premiações, mas como leigo opino que se Glenn não levar uma estatueta, não sei que mais precisará para tal. Ao longo da sua vitoriosa carreira, já foi nomeada seis vezes. A sua personagem em “Lamento de uma América em ruínas” chama-se Mamaw. Aqui já temos dois pesos pesados e que garantem que a história será boa. E é.

Glenn Close (Mamaw) e Owen Asztalos (Jovem J.D. Vance)

Baseada em factos reais, toda a narrativa de força e superação deve tomar o cuidado para não se tornar piegas e cheia de clichês. Não é o caso. O realizador Ron Howard, que já filmou a trilogia dos livros de Dan Brown, “O Código da Vinci“, “Anjos e Demónios” e “Inferno“, “Rush – Duelo de Rivais” entre outros, chega certamente à sua produção mais intimista e sai-se muito bem. Tudo gira em torno de J. D. Vance (interpretado enquanto miúdo por Owen Asztalos e adulto por Gabriel Basso).

Ele é filho de Bev e neto de Mamaw, está às voltas com uma entrevista de estágio para a faculdade de Direito de Yale, mas um dia antes tem que retornar à sua terra natal para atender ao apelo da irmã Lindsay (interpretada por Haley Bennett), que não consegue sozinha cuidar da mãe que sofreu uma overdose de heroína. Enfim, o drama é um pouco ‘bobagem’.

Amy Adams (Bev)

O filme de 1h56 é entrecortado por reminiscências e este ir e vir dá um certo charme ao enredo. J. D. conta com o apoio da namorada, a indiana Usha (interpretada pela bela Freida Pinto) e a sua vida adulta já é bastante sacrificada, trabalhando num restaurante a lavar pratos para se manter na faculdade e cultivar os seus sonhos. Tendo que lidar com as suas emoções e dúvidas, a alma pueril do miúdo insiste em contrabalançar as suas decisões. Pois toda família, por mais disfuncional que seja, é família e isso identifica-nos nos dramas e nos amores.

As filmagens nas áreas rurais dos Estados Unidos (Ohio) são lindas, ainda mais pelo facto de nos apresentam lugares abandonados e com a indústria falida, quase tudo um cemitério de objetos e possibilidades. Demonstra claramente que o sonho americano não consegue atender aos seus próprios cidadãos. Baseado no livro “Hillbilly Elegy“, do próprio Vance, o filme é convincente e no final ficamos a saber do desenrolar desta chamativa história.

Marcelo Pereira Rodrigues

Rating: 3.5 out of 4.

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