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Porque A Arte Somos Nós

Já tive oportunidade, no passado mês de Abril, de escrever algumas linhas acerca deste imaginativo realizador britânico, que, para além do mais também escreve uma boa parte das suas histórias. Tendo atingido o seu primeiro grande sucesso à escala de blockbuster com o filme “Sherlock Holmes” (2009), Guy Ritchie já congeminava na sua cabeça filmes com características muito peculiares desde o ano de 1995.

O seu percurso iniciou-se com pequenas metragens, que serviram basicamente para Guy pôr em prática algumas das suas ideias, tendo escrito e realizado no seu primeiro ano de atividade “The Hard Case” (1995), que viria a ser a antecâmara do seu primeiro filme com visibilidade: “Lock, Stock and Two Smoking Barrels” (“Um Mal Nunca Vem Só“, 1998), o qual gostava de vos falar em particular.

Vinnie Jones (Big Chris)

Nestas coisas do cinema como em muitas coisas da vida, existem pormenores que se vêm a revelar da máxima importância, e no caso de Guy Ritchie aconteceu quando a mulher de Sting, Trudie Styler, visualizou a curta “The Hard Case”, e, tendo apreciado o estilo de Guy, decidiu financiar a rodagem do seu próximo filme, “Lock, Stock and Two Smoking Barrels”. Este serviu em definitivo como trampolim para o realizador britânico, que foi considerado na época como o realizador britânico em ascensão.

Esta película viria a revelar-se importante para os apreciadores do género, pois nela o realizador espelha a sua abordagem a esta temática extremamente interessante que mistura o estilo gangster com o lado burlesco e cómico dos seus intervenientes, e da própria história com uma abordagem “básica” em termos de narrativa mas com desenvolvimentos mais ou menos complexos que preenchem a envolvência da mesma. Para além disso, o realizador explora um estilo de filmagem muito próprio, incutindo uma abordagem aos sucessivos planos em ângulos e aberturas muito diversos, complementados pelas velocidades e aproximações que trazem uma nova dinâmica à sua visualização.

Não é por acaso que vem a ser muito elogiado aquando da apresentação do filme “Sherlock Holmes”, em que mais não faz que pôr em prática as suas técnicas de filmagem, que entretanto já se tinham vindo a desenvolver com os filmes “Snatch – Porcos e Diamantes” (2000), “Revolver” (2005) e “RocknRolla: A Quadrilha” (2008), com mais algumas curtas pelo meio.

Jason Flemyng (Tom), Dexter Fletcher (Soap), Jason Statham (Bacon) e Nick Moran (Eddy)

Como já referi, as histórias escritas por Guy são de uma grande imaginação, criando a partir de pequenas premissas um desenvolvimento complexo em torno de um número considerável de intervenientes que estão interligadas entre elas por diversas razões. Neste filme, “Lock, Stock and Two Smoking Barrels”, tudo gira em torno de uma dívida “forçada” de jogo que envolve um grupo investidor de amigos que fica a dever meio milhão de libras, um grupo produtor e comerciante de canábis, um mafioso negro duvidoso, o mafioso que quer cobrar a divida, outro grupo que prepara um assalto aos produtores da dita canábis e… dois mosquetes! Os diálogos são hilariantes e a sequência de acontecimentos vertiginosa.

Neste filme, Guy Ritchie inicia uma colaboração frutuosa com alguns atores que encontrariam aqui a oportunidade de se tornarem conhecidos do grande publico. É o caso de Jason Statham, Jason Flemyng ou Vinnie Jones, que viriam a colaborar com o realizador em trabalhos posteriores, como “Snatch – Porcos e Diamantes”. Mostra-nos também os seus conceitos “dinâmicos” de filmagem, trazendo-nos uma grande capacidade de arrumar em pouco mais de hora e meia um infindável número de acontecimentos.

É sem duvida um realizador com grande imaginação que nos trouxe mais recentemente trabalhos como “Aladdin” (2019) e “The Gentlemen: Senhores do Crime” (2019) e que não pode deixar de ser tido em conta quando traz à luz novos filmes. Aconselho vivamente, a quem ainda não teve oportunidade de o fazer, a ver a trilogia de filmes de Guy Ritchie: “Lock, Stock and Two Smoking Barrels” (“Um Mal Nunca Vem Só”, 1998), “Snatch – Porcos e Diamantes” (2000) e “RocknRolla: A Quadrilha” (2008). Imperdível.

Bons filmes.

Jorge Gameiro

Rating: 3.5 out of 4.

IMDB

Rotten Tomatoes

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