OBarrete

Porque A Arte Somos Nós

Podem encontrar o quarto capítulo aqui!

Capítulo V

Quando Cíntia entrou no salão de bailes, uma pequena mão puxou seu braço e a guiou para atrás das cortinas, longe de olhares. Bella, se mostrando inquieta e ansiosa, sinalizava com as mãos à medida que enchia a guerreira de perguntas, tentando – sem sucesso – manter o controle de sua voz:

— Eu não entendo! O que está fazendo aqui? Você nunca vem aos bailes! Por quê mudou de identidade? Por que está usando vestido? E seu cabelo solto? Ele é ondulado assim mesmo? Não sabia que ele era tão grande… — por mais nervosa que estivesse, seus olhos brilhavam com sua chama juvenil, iluminando o beco escuro em que as duas estavam escondidas.

— Xiiiii! — colocou a mão na pequena boca rosada de sua companhia, cessando as suas palavras, para depois, a general proferir com um sussurro: — Não fale tão alto! Não posso ser reconhecida!

— Oh! — abaixou a cabeça enquanto seu brilho ia se esvaindo e seu olhos enchendo-se de água. — Desculpe-me! Não queria ser um incômodo! É que sempre via você entrar no castelo, mas nunca tive a oportunidade de me aproximar de você. Sempre quis te conhecer. Não queria te perturbar com minhas perguntas. Bem que meu pai falou que não era de bom tom uma dama ser curiosa que nem eu…

— Ei, ei! — Cíntia passou delicadamente a mão em sua corada bochecha, para depois levantar seu rosto com carinho. Ao ver aqueles grandes olhos castanhos atentos, desejou não ter sido tão dura com a criaturinha à sua frente. Afinal, ela já se mostrara uma garota muito especial. E, com uma voz suave, prosseguiu com seu discurso

— Quem disse que você é um incômodo? Nada disso! E não me importaria de responder suas perguntas! Não tem o porquê de ficar assim! Além do mais, acho a curiosidade um dos maiores dons que o ser humano tem…

— Você acha mesmo? — a chama começou a esquentar novamente seu peito, reavivando todo o seu rosto.

— Posso lhe contar um segredo? — conseguindo agora ver a mesma garotinha com quem conversava na fila, abaixou-se até que ficassem na mesma altura, proferindo com determinação. — Muitos acham que os melhores dons são a força, a beleza, a agilidade, ou coisas desse tipo. Mas eu digo que não é. Pois o que torna o ser humano o que ele é hoje é a nossa curiosidade. Ela é o pretexto para abrirmos todas as portas da sabedoria. Nunca deixe de ser curiosa. E, ao procurar suas respostas, você não apenas encontrará palavras vagas, mas também achará um pouco de si mesma, e aprenderá que a grandeza do ser humano está em se questionar, e não em se silenciar.

— E como você sabe de tudo isso? — perguntou maravilhada.

— É só observar, pequenina. Se não tivéssemos curiosidade de como as plantas funcionam, teríamos as plantações? Se não observássemos o fogo, seríamos capazes de reproduzi-lo para nos esquentarmos? O conhecimento é a maior das armas, no entanto, para alcançá-lo, precisamos que a curiosidade ilumine nosso caminho neste mundo escuro. Lembre-se sempre disso, pois tenho certeza que assim fará grandes feitos.

— Bem, eu estou com muita curiosidade, mas se não puder responder, eu entendo… — disse timidamente.

— Sei que você tem… — respondeu em meio a risadas, para depois voltar ao seu tom calmo habitual. — Eu não gosto de bailes. Portanto, eu não vou a nenhum. Todavia, desta vez é diferente. Preciso fazer uma tarefa muito importante, por isso eu estou disfarçada. E é essencial que ninguém me reconheça. Entendeu?

— Entendi! Você realmente está bem diferente. Pode ficar tranquila, pois não contarei a ninguém. E, qualquer ajuda que precisar, eu estou à disposição. — falou baixinho, compreendendo o quão importante era esse segredo. — Porém, poderia fazer mais uma pergunta?

— Claro!

— Esse é seu verdadeiro cabelo? Ele é assim naturalmente?

— É sim. — expressou sem nenhuma compreensão. — Por quê?

— É porque você está linda! Tenho certeza que chamará atenção de alguns rapazes! — direcionou-lhe um olhar de quem sabe de algo, e, antes que a guerreira conseguisse assimilar tudo aquilo, a princesa saiu do esconderijo e foi saltitando para o meio do salão, como uma inocente garotinha.

Cíntia se deixou observar, por um momento, o passo da garota. Ela realmente era bastante interessante. Diferente das demais meninas da sua idade. Não conseguiu conter em lembrar-se da época em que era uma mocinha agitada e curiosa como ela. Recordou-se do roubo de facas da cozinha e das fugas para assistir escondida o exército treinar, imitando cada movimento que faziam. No entanto, isso foi antes de… “Não!” Segurou a vontade de chorar, e aprumou o corpo. Tinha um objetivo. Uma missão. E ela não seria fraca agora.

Saiu de trás da cortina e começou a reparar no local. Na verdade, este era o seu primeiro baile, e não conseguiu conter o deslumbramento do quão magnífico estava a decoração. Estava em um salão imenso de mármore esculpido com vários lustres de ouro ornados com rubis, além das majestosas pilastras brancas que iam ao encontro do chão. Ao longo da parede, haviam candelabros que faziam pares com os lustres, e, em baixo, encontrava-se enormes mesas esculpidas, que atravessavam o lugar, cheio de aperitivos e bebidas delicadamente decorados. Do lado contrário da entrada, achava-se uma grande escadaria branca com corrimão de ouro que se dividia em duas, acabando em dois corredores com tapetes vermelhos que se juntavam em um recinto mais alto todo decorado. O salão de baile de Carbunculus deveria ser, realmente, um dos mais luxuosos dos cinco reinos.

Depois que seu encantamento pelo local passou, Cíntia começou a rodar o salão observando cada presente. Para que pudesse prosseguir com a missão, precisava saber o local em que estava cada rei, rainha, príncipe e general. Percebeu, contudo, que eles não estavam na parte de baixo do salão, junto aos grupos de conversas ou pares dançantes. A maioria estava no recinto superior, onde a guerreira acreditou ser um espaço especial para as pessoas da mais alta classe. Em um canto mais afastado, começou a contar quem estava ali.

Primeiro, observou a conversa entre os reis Eliseu, Félix, Lázaro e Herculano. Um estouro de risadas surgiu, e Cíntia concluiu que deveria ser por causa de uma piada. Depois, olhou para um conjunto onde estavam todas as rainhas, além da princesa Anne, filha mais velha de Lázaro e herdeira do trono de Ignis. Alguns segundos depois, viu a princesa Bella pular nos braços da mãe, e soltou um singelo sorriso. Por fim, viu o Príncipe Cássio juntamente com o príncipe Nataniel e os chefes de exércitos Peter, de Virditas, e Marlon, de Ignis, mirarem em algumas garotas, provavelmente escolhendo com quem eles queriam dançar. Percebeu, que, hora ou outra, eles olhavam para ela e faziam sinais entre eles, os quais a general nem fez questão de traduzir.

Todos estavam ali. Todos, menos um. O príncipe Tales. O general que a observou na escada. Quem ela temia ter descoberto sua identidade. Recomeçou a sua busca, observando tanto a parte de cima quanto a de baixo. Mas não o achava. Não estava junto da alta realeza, muito menos nos grupos de conversas nem dançando. Respirou fundo. Tinha que localizá-lo. “Como ele pôde ter sumido assim? Aonde ele estaria?”

— Está procurando alguém? — a guerreira deu um pulo, atiçando cada músculo de seu corpo. Contudo, seu susto ainda não foi maior do que quando virou para ver quem era. Perdeu o ar ao ver o Príncipe Tales bem ali, com seus olhos verdes atentos e uma de suas sobrancelhas levantadas. O príncipe, vendo sua reação, tratou-se de dizer: — Peço desculpa pelo susto. Não pensei que reagiria assim.

— Não tem problema. — respirou fundo três vezes, antes de voltar para sua postura original. Focou em seus belos olhos verdes que miravam intensamente para ela.

— Bem, e você estava procurando por alguém?

— Oh! — ficou um pouco nervosa. — É só que eu… — virou o rosto na direção dos reis e rainhas, procurando uma desculpa. — Eu nunca tinha visto a alta realeza tão de perto… É de se admirar! — ficou contente com a resposta que deu, voltando-se de novo para Tales.

— Pelo visto, este é seu primeiro baile… — expressou-se em meio a um sorriso.

— Acho que deu para perceber. — riu, meio nervosa com tudo aquilo. — Sou uma baronesa, e este é o primeiro baile que abrem para todos da nobreza.

— Isso explica porque nunca nos vimos antes. — sua expressão era uma mistura de curiosidade e admiração, algo que Cíntia não conseguia entender. Geralmente, reconhecer gestos e feições era algo que havia aprendido em seu treinamento militar. Isso a ajudava sempre que se envolvia em situações perigosas como aquela. Mas, para ela, seu rosto era uma incógnita. Não sabia se ele a havia reconhecido ou se apenas queria saber um pouco mais sobre ela. E isso a deixava muito ansiosa.

— É, explica… — pronunciava de forma lenta e pausada. Seu estômago estava embrulhando e sentia sua nuca suando. Torcia para que ele não percebesse a quão tensa estava com aquela conversa. Era uma mistura de sensações que nunca havia sentido antes. — Aliás, poderia me dizer quem é você? — simulou uma dúvida, estreitando os olhos em uma tentativa de enganar o príncipe.

— Claro! — pela sua feição, Cíntia conseguia perceber que ele estava se divertindo, pois estava sempre com sorriso no rosto. “Um sorriso encantador.” Ele fez uma pequena reverência para depois pegar gentilmente uma das mãos da guerreira, levando até seus lábios. Um arrepio percorreu todo seu corpo. Ela podia escutar as batidas do seu coração acelerado, isso sem falar em sua bochecha queimando. A verdade era que nunca um rapaz fora tão cortês com ela, sempre a viam como uma versão masculinizada de uma mulher. E essa nova situação a deixava em uma mistura de confusão e raiva das diferentes sensações que surgiam. — Príncipe Tales Anren, do reino de Ager, a seu dispor…

— Príncipe Tales! — afinou a voz e arregalou os olhos, fingindo estar surpresa, o que chamou uma atenção indesejada dos que estavam em volta. — Alteza! — fez uma pequena reverência atrasada, permitindo-a completar a encenação. — Mas o que levaria um príncipe como você a afastar de sua alta classe e se aproximar de uma baronesa como eu?

— Bem, estou à procura de uma dama para dançar, e, vendo você lá de cima, achei que poderia ser uma boa acompanhante para a primeira música. — ele continuava a flertar, o que estava deixando Cíntia bem nervosa.

Aos poucos, a general percebeu que todos pararam o que estavam fazendo para observar a conversa dos dois. Não era nada comum um príncipe convidar uma baronesa para dançar, principalmente porque a maioria nem sequer participava dos bailes reais. No entanto, ficou ainda mais surpresa quando verificou que chamara a atenção dos outros reis e príncipes, que analisavam atentamente cada movimento que fazia. Fechou os olhos e respirou fundo. Essa atenção toda não era nada boa. A missão estava em perigo. Tinha que afastar Tales dela, para que pudesse continuar sendo uma mera pessoa irrelevante e invisível a todos.

— Com todo respeito, alteza, eu não acho que seria bom para a imagem de um príncipe dançar com uma nobre de baixo nível como eu. Creio que seja melhor convidar uma princesa, uma duquesa ou uma condessa para conduzi-la. — pronunciou da forma mais delicada que conseguia, abaixando a cabeça para desviar dos olhares incessantes.

— Não espera que eu vá desistir com esse argumento. — soltou uma leve risada e voltou a encará-la com a mesma intensidade. — Eu não sou tão leviano a ponto de me importar se estou saindo com alguém da alta nobreza ou não. Eu ainda quero dançar com você, não importando o que os outros pensem.

— Não acredito que essa seja a opinião do seu pai. — fez sinal para o recinto superior, onde, com o canto do olho, conseguiu ver o rei Herculano encostado no corrimão com face de poucos amigos. — Não quero que arrume confusão com sua família por motivos tão tolos. Além do mais, acredito que há melhores damas para lhe acompanhar…

— E quem disse que me importo com a opinião do meu pai? Você ainda não me fez desistir da proposta!

Cíntia começou a ficar impaciente. Por mais que ela tentasse se esquivar dele, ele não a deixava ir. Ele insistia cada vez mais na ideia. Além disso, tinha algo em seus olhos que ela não conseguia identificar. Estavam brilhantes, juntamente com uma face de pura diversão. Pela primeira vez ela não conseguia entender a cabeça de seu oponente. E muito menos a sua própria cabeça! Estava se sentindo quente, sua mente estava nebulosa, suas mãos estavam suando. “Afinal, o que que está acontecendo comigo?” Cada vez que se perguntava mais nervosa ficava. Isso sem falar na pressão de todos os olhares aguardando por ela, atentos a cada detalhe da situação. “Como poderei completar a missão desta forma?” Travou os dentes e cerrou o punho. Havia muita coisa em jogo. E ela não conseguia dar um único passo sem estar no campo de visão de todas as pessoas. Além de não ser capaz de pensar em nada que pudesse resolver esse enigma.

— Está tudo bem? — vendo que a guerreira não tinha mais saída, o príncipe resolveu dar seu golpe final: — Afinal, por que você hesitaria tanto em dançar comigo?

Cíntia sentiu o ar se intensificar, com cada indivíduo ao seu entorno ávido por saber como terminaria aquele espetáculo.

— É só que… — encolheu e ficou vermelha, desviando-se dos olhos do príncipe.

— É só que…

— Eu não sei dançar. — disse por fim, o que fez todo o salão cair em risadas. Era um absurdo uma mulher não saber dançar. Por um breve momento, as outras pessoas voltaram aos seus afazeres, como se o show já tivesse acabado. Cíntia respirou fundo, meio constrangida, para depois voltar-se novamente para Tales. — Desculpe-me, Alteza, mais não quero te envergonhar na frente de todos…

— É por isso que você não aceita dançar comigo? — proferiu em meio a risadas. — Afinal, por que você não saberia dançar?

— Digamos que tive coisas mais importantes para fazer. — voltou seu corpo ao normal, sentindo a pressão esvair enquanto os outros davam-lhe as costas.

— É, sei bem! — voltou com aquele olhar de alguém que sabe alguma coisa, deixando a guerreira desconfiada. — Considere então seu dia de sorte, pois hoje a ensinarei a arte da dança. — estendeu o braço para Cíntia, o que a fez perder o resto de paciência que tinha.

— Olha, Alteza, eu acho muito legal da sua parte propor a me ensinar, mas eu não estou interessada. — com um tom mais ríspido, a general não só impressionou o príncipe à sua frente como todos ao entorno, que novamente voltaram a observar o casal. — Não acredito que um baile real seja o melhor momento para uma dama aprender a dançar, além do mais, não quero deixar o rei de Ager mais furioso do que já está. Sendo assim, proponho que escolha outra pessoa para te acompanhar, pois eu não estou disponível.

No meio da multidão boquiaberta, a general virou de costas para o príncipe, com os dentes cerrados, os olhos fumegantes e sobrancelhas franzidas. Por mais que não fosse a intenção de Tales, agora todos – entre eles reis, príncipes e generais – a estavam vigiando, o que tornava a missão ainda mais difícil do que já era. Porém, quando deu seu segundo passo, uma mão forte atravessou sua cintura, a puxou para trás, fazendo seu tronco girar para parar em frente ao peitoral do príncipe. Ele a prendeu com força, colocando sua boca próxima ao seu ouvido e sussurrando lentamente, como se saboreasse o momento:

— Sei que é você, Cíntia. Por isso, a não ser que queira que eu fique atrás de você a noite toda, acho melhor que aceite meu convite.

Cíntia queimou por dentro. Boquiaberta por cada palavra que ele proferiu, assim que ele a soltou, deu um passo largo para trás, sem nenhuma reação. Por mais que soubesse da possibilidade de ele ter descoberto quem ela era, nunca imaginou que o falaria assim, puxando seu corpo junto ao seu peito, na frente de todo mundo. Por um instante sua mente travou, não conseguia reagir a tudo aquilo. Depois, veio o medo, ainda que não o deixasse transparecer. “E se ele contasse para todo mundo? Que consequências ele poderia trazer?” Todavia, por mais que ela não conseguisse compreender, teve uma terceira sensação. Uma sensação que tentava impulsionar de volta para os seus braços, sentir novamente o fogo em sua pele. Porém, esse desejo se silenciou à medida em que foi percebendo que todos a estavam observando, tão surpresos quanto ela.

A guerreira nunca fora a bailes, mas ela já podia imaginar que aquele tipo de comportamento não era indicado para uma baronesa em frente ao príncipe. Sentiu-se corar no momento em que todos estavam esperando sua resposta. O maior problema, contudo, era que Tales a encurralara. Ela não tinha mais saída. Como, depois do que ele falara, ela diria não? Ela teria que dançar com ele, ou ele poderia expor sua identidade. Mas não podia dançar com ele. Tinha que cumprir a missão. Dera a sua palavra a rainha Catarina. Começou a desesperar-se. “Como eu vou sair deste problema? Como?” Até que surgiu, em uma lembrança, alguém que poderia ajudar. E, como se saísse de um transe, deu sua resposta para o príncipe:

— Encontre-me em quinze minutos na pista de dança.

Tales abaixou a cabeça em acordo. Os dois se viraram e foram para rumos diferentes. Infelizmente, depois que as pessoas começaram a vigiá-la, não poderia mais finalizar a missão. Mas o serviço poderia ser feito por outra pessoa. E, por coincidência do destino, naquele dia conheceu a garota certa para tal tarefa. E, depois de direcionar lhe alguns sinais, uma princesinha de pele morena e cabelos cacheados veio saltitando em sua direção.

Bárbara Kristina

Bárbara Kristina

Bárbara Kristina Generoso Cotta Lopes é natural de Governador Valadares, mas cresceu em Itabirito, local que ama e considera como sua cidade. Cercada por livros desde pequena, já havia se manifestado artisticamente no teatro e no balé, contudo, com a chegada de desafios, novos caminhos foram descobertos, o que fez com que entrasse de vez no mundo da literatura. Aos quinze anos começou a escrever, e aos dezoito publicou seu primeiro livro, “Os Sentimentos das Sombras”, o que a deixou apaixonada por essa área. Agora com vinte anos, possui dois livros publicados, além de grandes expectativas para o futuro.

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Discover more from OBarrete

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading