Há tempos, quase ao final de sua fala na Casa Folha, na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty, no Brasil, evento semelhante ao Festival Literário de Óbidos), o filósofo Luiz Felipe Pondé sentenciou: “Não seja um ressentido!“. Fiquei com esta frase no espírito e passei a investigar alguns comportamentos que praticamos, ainda mais nesses tempos estranhos de redes sociais.
Sentimentos como vaidade, orgulho, inveja, receio, ressentimento, pipocam a todo instante e observamos agora que devemos até tomarmos os devidos cuidados para não parecermos felizes. A que ponto chegamos! Além da legenda na foto que publico no Facebook ou Instagram, paira ainda um desejo de termos direito a uma segunda legenda com as nossas reais intenções, tipo: “Olha, estou postando esta foto em frente ao Museu do Louvre, mas não sou snobe“; “Peço desculpas a escritores fracassados pelo facto de estar publicando esta foto que atesta as boas vendas do meu último livro”. Afinal, o que os outros irão achar da minha felicidade?
Nesses dias atuais, o seu Facebook e o seu Instagram assemelham-se a uma televisão. Sua vida, a uma novela. Acreditem, existem muitas pessoas te acompanhando, mesmo que não curtam ou comentem nada. Fique lisonjeado. Você é uma atração, mesmo que não se arvore a ser. Não tem jeito: pessoas felizes, satisfeitas e realizadas desconhecem sentimentos inferiores, como a inveja, a cobiça e a raiva oriunda do sucesso do outro. Mas isso não significa que esses sentimentos inferiores não existam.
E pior, grande parte dessa carga negativa se personifica em uma só pessoa ou em muitas delas. Rebanhos de incapacitados, invejosos, infelizes, maledicentes rodeiam o seu meio e a estes eu simplesmente sinto pena. Afirmam que o sentimento de pena é o pior que podemos cultivar em relação a uma pessoa, então, ao longo dos dias, supero e tento ficar indiferente.
Investigando a mim mesmo, imbuído do espírito crítico do ‘conhece-te a ti mesmo’, pratico ações que tentam irradiar bons sentimentos no meio profissional em que atuo. Um colega de profissão foi laureado com um importante prémio? O felicito e vibro como se fosse meu. Observo colegas maledicentes que só me fazem concordar com o músico Tom Jobim (1927-1994), que afirmava que fazer sucesso no Brasil soava aos outros como ofensa pessoal. Sempre com a mentalidade tacanha que indica o seguinte: se fulano ganhou uma distinção, certamente deve ter trapaceado. Essas e outras.


Nos afastemos de pessoas pequenas, egoístas, mesquinhas e maledicentes. Quando muito, permitirei que continuem me assistindo pelas redes sociais. Só não ficarei constrangido de demonstrar o quão feliz sou com a minha vida pessoal e profissional. É simples: pessoas realizadas irradiam felicidade. E você leitor, de que lado está?