“I can make the earth stop in
it’s tracks. I made the
blue cars go away.
I can make myself invisible or small.
I can become gigantic & reach the
farthest things. I can change
the course of nature.
I can place myself anywhere in
space or time.
I can summon the dead.
I can perceive events on other worlds,
in my deepest inner mind,
& in the minds of others.
I can
I am“
“Power”, Jim Morrison
Quando falamos de James Douglas Morrison, vulgo Jim Morrison, a ideia pré-concebida acerca do indivíduo em particular é a de que se tratava de uma pessoa perturbada e por vezes até translocada! Nada mais errado. Jim Morrison era, sim, um indivíduo com uma enorme capacidade criativa e que não terá sido devidamente entendido no seu tempo. Não terá, também, encontrado os canais necessários para fazer passar a mensagem. Jim seria, nos dias de hoje, um génio com reconhecimento à escala global.
Jim nasceu em 1942 na cidade de Melbourne na Flórida, Estados Unidos da América, e era filho de pai e mãe funcionários da Marinha Americana, sendo o seu pai uma alta patente reconhecida. Por via deste enquadramento familiar, viveu como um nómada durante a sua juventude, pois o seu pai era deslocado com alguma frequência de cidade em cidade, para além da educação rígida que lhe era imposta, tanto pelo pai como pela mãe, por via da formação militar que ambos tinham. Apesar disso, foi frequentando estabelecimentos de ensino nas cidades por onde passava, tendo tido um bom aproveitamento escolar. Desde muito cedo, Morrison começou a dedicar-se à escrita de poesia. Já numa fase mais avançada da sua adolescência nutriu especial interesse por filosofia, teatro e cinema, tendo vindo a graduar-se em técnicas de cinema na UCLA, Universidade da Califórnia em Los Angeles no ano de 1965. Mas, como nem tudo é perfeito, foi aprendendo também a divertir-se e a dar aso à sua natural irreverência. Sendo um individuo que procurava a liberdade do seu ser e terrenos abundantes para espalhar a sua visão poética da vida, encontrou no álcool e nas drogas um sem fim de experiências que o transportariam a patamares muito para além do terreno.
Mais tarde, numa troca de ideias com o seu colega Ray Manzarek, teclista, Jim mostrou-lhe alguma da poesia que escrevera, tendo Ray sugerido a formação de uma banda, sendo o ponto de partida o material que Jim possuía. Daí até a formação se completar com Robby Krieger na guitarra e John Densmore na bateria, foi um instante. Estava dado o mote para o nascimento de uma das bandas mais míticas e controversas da história da música: The Doors (nome inspirado no livro de Aldous Huxley, “The Doors of Perception“).
Ao longo dos anos de actividade do quarteto, entre 1965 e 1973, Jim Morrison assumiu um papel preponderante na sua existência como banda de culto para largas camadas de fãs, que se reflecte ainda nos dias de hoje. O seu comportamento irreverente, as polémicas que gerou com atos e declarações explosivas, a sua maneira de estar desconcertante que o levou à cadeia por mais de uma vez, mas, essencialmente, a sua criatividade e forma declamatória com que assumia a dialéctica do discurso cantado: foi o seu legado. Era uma personagem incomparável a qualquer outra. Debaixo do manto do álcool e das drogas, Jim deixou marcado na história momentos sublimes de sã loucura que até hoje não vi outro mortal assumir. Vinha-lhe do coração. Era sentido desde as entranhas. Era com dor e sentimento. Era a criatividade na sua mais pungente demonstração!
Mais tarde, em 1971, quando a banda decide parar por uns tempos, Jim parte para Paris com o seu amor de sempre, Pamela Courson. A ideia era essencialmente que o músico se afastasse do que lhe fazia mal à saúde, pois nessa altura já estava bastante doente na sequência do exageradíssimo consumo de álcool, e, simultaneamente, dar um impulso à sua criatividade como poeta e criador. Infelizmente, não foi assim que as coisas aconteceram. Durante algum tempo Jim ainda esteve bem, mas os vícios eram mais fortes e o cantor veio a sucumbir no dia 3 de Julho de 1971 com, presume-se, uma overdose de drogas e álcool. Nunca foi autopsiado.
Os restos mortais de James Douglas Morrison encontram-se no cemitério de Père-Lachaise, em Paris, pois o seu corpo nunca foi resgatado para o seu país natal. Na nossa memória permanecerá para sempre o espírito de um dos músicos mais relevantes e irreverentes da história do rock, pelos motivos que já descrevi.
Jim Morrison é muito mais que The Doors. Jim Morrison é sentimento. É uma alma grande.
Bons sons.
Jorge Gameiro