Vezes há em que me sento,
Sem saber o que escrever
Sem qualquer inspiração,
Mas ela lá acaba por aparecer.
Não sou escritor,
Mas sinto profundamente as coisas.
E quando acontece algo peculiar,
Logo foco o meu olhar
E deixo as coisas fluir,
De forma a tentar colocar
Os outros a sorrir.
Então e eu,
A quem se não eu
Devo dar maior atenção.
Até porque, no final,
Serei eu a lavar
As feridas do meu coração.
Às vezes, porém,
Ponho-me a questionar.
Qual o sentido desta nossa epopeia
Cheia de peripécias,
Qual erupção que destruiu Pompeia,
Num turbilhão de sensações
Capaz de ultrapassar toda a possível apneia.
Pintura de Edward Hopper, “Sol da manhã” (1952)