Antes de ser Catarina, a 21 de abril de 1729, na Alemanha, nasceu Sofia Augusta Frederica, filha do príncipe Cristiano Augusto de Anhalt-Zerbst e da princesa Joana Elizabeth de Holstein-Gottorp. Anos mais tarde, foi escolhida pela imperatriz Elizabeth da Rússia para se casar com o seu sobrinho e então herdeiro do trono Pedro Ulrich. Elizabeth tinha referências muito boas de Sofia, sobre a sua educação e descendência nobre, e achou que seria um bom par para o seu sobrinho. Na verdade, o que a imperatriz queria mesmo era um filho do casal para nomear como seu sucessor ao trono; tanto que, quando finalmente lhe deram esse herdeiro, ela não deixou que a própria mãe o criasse. A imperatriz tomou a criança para si, criando-o pessoalmente.
Apesar disso, após a morte de Elizabeth, Pedro subiu ao trono, tornando-se Pedro III da Rússia. Porém, assim como ocorria antes de se tornar czar, Pedro continuou desligado dos assuntos sérios que cargos importantes exigiam, “trocando os pés pelas mãos”, levando o Império a uma situação delicada. Diante disso, Catarina (nome adotado por Sofia após a sua conversão à Igreja Ortodoxa antes de se casar) em julho de 1762 marchou à frente do exército e conseguiu depor o seu marido, assumindo o trono, sendo coroada alguns meses depois como Imperatriz Catarina II.

O reinado de Catarina, de 1762 a 1796, foi um dos mais importantes para a Rússia. Adepta de ideias iluministas, ela lia e trocava correspondência com autores famosos daquela época em França como Diderot, Voltaire e D’Alembert. Ao longo da vida, Catarina procurou instruir-se, acreditando no poder do argumento inteligente ao invés da imposição. Procurou implementar melhorias dentro do possível, tentando atingir também as classes mais baixas sem, contudo, aceitar abrir mão do despotismo.
Gosto muito de biografias, é interessante conhecer um pouco mais sobre figuras famosas na história. Claro que é preciso tomar cuidado com os autores e dar algum desconto, já que é praticamente impossível haver cem por cento de imparcialidade e fidelidade. Contudo, quando descobri este livro através de uma indicação, fiquei curiosa. Agora, após a leitura descobri que tomei a decisão correta quando o coloquei na lista. Passei um período em companhia na Catarina, conhecendo ao mesmo tempo a sua trajetória e um pouco do panorama histórico, tanto na Rússia quanto no restante da Europa e um pouco da América do Norte.
Infelizmente não fiquei muito surpresa em perceber mais uma vez que as coisas não mudam, apenas apresentam uma roupagem mais moderna. Intrigas da corte, golpes para a tomada de poder, maquinações onde um quer sempre passar por cima do outro para ascender a um patamar mais vantajoso, fazendo qualquer coisa para isso.

Em contrapartida, é possível conhecer um outro lado da imperatriz. A mulher culta que era rígida no cumprimento do dever e amante do poder, também era uma pessoa que adorava rir. Nos momentos que passava em companhia de amigos e familiares na intimidade não permitia reclamações ou mau-humor, o que de certa forma a ajudava a lidar com toda a responsabilidade sobre os seus ombros. Na tentativa de implantar os princípios do Iluminismo, procurou estabelecer novas leis, mas infelizmente não conseguiu tudo o que desejava. Ainda assim, conseguiu continuar o trabalho de Pedro, o Grande, realizando grandes feitos que ajudaram a Rússia a progredir.
“Foi uma figura majestática na era da monarquia. A única que se igualou a ela num trono europeu foi Elizabeth I da Inglaterra. Na história da Rússia, ela e Pedro, o Grande, destacaram-se pela capacidade e pelas realizações, Catarina deu continuidade ao legado de Pedro.“
Publicado em novembro de 2011, o livro de Robert K. Massie é um trabalho excelente. Acompanhamos o desenrolar dos factos como se fosse um romance, daqueles que nos prendem pela curiosidade através da sua forma descontraída de escrever. Fiquei particularmente encantada com o capítulo sobre a Revolução Francesa, um acontecimento que deixou Catarina um pouco paranoica; a contextualização ficou incrível! Recomendadíssimo.
Nota: Este artigo foi originalmente publicado no site da Revista Conhece-te, sendo agora aqui reproduzido graças à parceria do Barrete com esta importante instituição cultural do Brasil.
Lorena Coimbra
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