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“The Score” (em português, “Sem Saída“) é um filme de 2001, realizado por Frank Oz e escrito por Kario Salem, Lem Dobbs e Scott Marshall Smith. Esta película conta a história de Nick (Robert De Niro), um ladrão profissional que estava decidido a reformar-se. No entanto, o seu amigo de longa data, Max (Marlon Brando), insiste para que ele faça um último assalto juntamente com um jovem talentoso, Jack (Edward Norton).

Nick está prestes a executar um roubo quase impossível e esta aliança duvidosa atrapalha os seus planos, que pretendia aposentar-se da vida criminosa e ficar com a sua noiva, Diane (Angela Bassett). Agora, este terá que infringir a sua regra mais importante, que é a de trabalhar sempre sozinho e de forma muito cautelosa.

Estruturalmente, este filme obedece a regras muito próprias e consistentes. Primeiro, consegue-nos dar a devida contextualização sobre o passado de Nick, além de todos os aspetos mais particulares da sua personalidade, relevando-se, portanto, uma pessoa cautelosa, meticulosa e bastante perspicaz. Posteriormente, vem ao de cima a sua necessidade em deixar a vida do crime e de restabelecer por inteiro a relação que mantém com Diane, a fim de lhe proporcionar uma vida emocionalmente mais estável, ao ponto de passar a gerir um negócio legal num clube de jazz.

Apesar de tudo isto, as pressões exercidas por Max são de tal forma profundas que Nick, um pouco em dívida para com o seu amigo de longa data que sempre lhe arranjou os melhores negócios, aceita ir em frente, com a condição de ser, efetivamente, a sua última missão.

Robert De Niro (Nick) e Edward Norton (Jack)

Esta oferta consiste no roubo de um ceptro avaliado em mais de 30 milhões de dólares, que se encontra na Alfândega. Tentado pela sua parte de seis milhões no bolo, Nick aceita fazer o trabalho com alguma relutância. Mas todo este plano acaba por se transformar num jogo perigoso, quando o choque de egos, sobretudo por parte de Jack, ameaça deitar todos os planos por água abaixo.

A forma como o plano se vai construindo na mente de Jack, para este depois ser executado por Nick, é feito de tal forma com uma profundidade e empenho que Jack se finge de uma pessoa incapacitada cognitivamente para se infiltrar na Alfândega. Desta feita, consegue ganhar a confiança dos seguranças, dando credibilidade à sua personagem ao se voluntariar para fazer limpezas todos os dias no edifício. Assim, consegue ir mapeando o esquema do assalto e verificando (e antecipando) os problemas que possam daí surgir.

O filme vai conseguindo mapear, também, a sua dinâmica no espectador de uma forma muito concisa e assertiva, ao ponto de não deixar grandes questões no ar e de conseguir esclarecer as pontas soltas possíveis, sem ser muito expositivo. Este “The Score” é, portanto, acima de tudo, um espelho da personagem do protagonista, Nick, que à medida que vê o dia do assalto aproximar-se, vai começando a desconfiar das boas intenções dos intervenientes. Como pessoa cautelosa que é, tem como sua maior faceta o seu ceticismo espontâneo e universal.

O papel que Edward Norton constrói é altamente atrativo, constituindo mais uma bela interpretação deste ator que ia cada vez mais dando cartas e se afirmando como um profissional altamente competente. Robert De Niro, por sua vez, tem aqui um papel mais mental, mais de essência narrativa do que propriamente de emoção narrativa, mas é capaz de enaltecer uma das suas maiores valências: a inerente versatilidade e polivalência para variadíssimas personagens.

Edward Norton (Jack)

Desta forma, o que temos nesta produção é algo bastante clínico, à imagem do próprio Nick, mas sem nunca nos deixar demasiado presos ao seu propósito fílmico de maior ordem. Consegue, pois, divergir em géneros q.b., aliado a uma fotografia que até nem é o seu forte, mas que juntamente com a banda sonora que acompanha a par e passo os ritmos narrativos, sobressai com bastante gratificação.

“The Score” é um filme repleto de méritos e com poucas falhas no seu plot. Consegue ser audaz na forma como fecha a cortina, mas carece de alguma originalidade a meio do processo. Contudo, temos aqui, acima de tudo, uma história sobre como a ganância, as disputas pessoais e o ego humano nos pode, precisamente, levar a um beco sem saída.

Tiago Ferreira

Rating: 3.5 out of 4.

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One thought on ““The Score”: A prudência como saída

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