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Porque A Arte Somos Nós

Hoje vivemos numa aldeia global, um conceito que há 100 anos era visto como uma espécie de bruxaria, mas a verdade é que desde então muito mudou, para o bem e para o mal, e muito rápido. Que o digam os animais, que graças a esta transformação do planeta tiveram de alterar os seus hábitos, ver as suas linhagens e territórios serem ameaçados, para não falar nos milhares de eccosistemas que foram destruídos. Mas quanto aos animais dito racionais – sim, o Ser Humano – o que mudou com todo este turbilhão de descobertas?

Todos os dias somos bombardeados com uma quantidade de informação impossível de processar, há de tudo um pouco para fazer de nós alguém mais actualizado, sabichão, ou melhor que o vizinho do lado. Existem ofertas de tudo e mais alguma coisa, como ser mais bonito, como ser mais esperto, como ser mais rápido, como ganhar mais dinheiro, and so on and so on. Pois bem, queremos ser sempre melhores, uns mais do que outros, mas cada um à sua maneira. Conviver com pessoas ambiciosas nunca fez mal a ninguém, talvez devêssemos, à nossa maneira, sugar o melhor que cada um tem para nos oferecer, e não entrar numa competição modo arcade, pois o crescimento dá-se em cooperação (penso eu).

Lutamos para ter o melhor currículo, pois queremos evoluir e ter as melhores oportunidades (e pagar contas), sendo que para isso apostamos nas melhores formações, em saber sempre mais, em pôr o trabalho à frente de tudo. Atenção, sou um defensor desta nova geração de oportunidades, onde o conhecimento é cada vez mais avolumado e acessível, achando eu que só não sabe mais quem não quer (ou quem não procura as fontes certas). Mas será que isso chega? A felicidade, segundo Sigmund Freud, é a obtenção de prazer. Ora, será que o prazer de hoje em dia é igual ao de outros tempos? Perdem-se hábitos e ganham-se outros. E amar? Esse complexo sentimento que nos acompanha toda a vida. Felizmente, para nós seres humanos, o amor encontrará sempre uma luz ao fundo do túnel, mas a minha dúvida é se realmente essa sensação que nos faz mover universos não se deixou ultrapassar pelo simples prazer de sermos “os melhores”. Mas o que é ser o melhor, volto a questionar-me (?)

A história prova-nos a existência de grandes mentes e grandes Homens, e o amor sempre teve um papel importante nas suas vidas, quer seja por outro Ser, quer seja pela sua arte. Somos bombardeados a toda a hora com os feitos dos outros de uma forma agressiva e floriada, quase como uma manipulação cega e inconsciente. Por vezes, sinto-me como o Winston, uma personagem do “1984”, de George Orwell, onde o sentimento é como que um motim para toda uma quebra de sistema e ideologia. Neste caso, a nível pessoal levou-me mais além. Mas o que interessa ser bom quando não se pode amar alguém de volta? Amar não chega quando o outro(a) te olhar de lado por seres melhor (ou pior). Amar não chega quando fazem de ti uma indústria de usar e deitar fora. Amar não chega quando a morte está ao virar da esquina. Amar não chega.

Pintura de Edward Hooper, “Nighthawks” (1942)

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