15 de outubro de 2023, cidade de Ouro Branco – MG. Mais por insistência da esposa (ainda bem) fui ao espetáculo de Nando Reis, nas festividades da Festa da Batata, tradicional evento. O meu desânimo deu-se por questões físicas mesmo: pela manhã, havia disputado uma aguerrida partida de futebol. Mas vamos que vamos.
De Nando Reis tenho dois CDs: com a sua banda Os Infernais, “MTV Ao Vivo” e “Luau MTV”. Baixista dos Titãs, produtor, parceiro de letras com Cássia Eller, Samuel Rosa e muitos outros, hitmaker de gerações, carreira solo também consolidada, de tudo isso já sabia, faltava apenas ver a apresentação ao vivo e já na chegada, com Sandra ficamos na segunda fila da grade à esquerda, com visão privilegiada do palco.
Com pontualidade britânica (ourobranquense) Nando e a sua banda surgiram tocando Marvin, clássico dos Titãs trazida ao grupo com versão do próprio Nando. Não poderiam ter começado melhor! Atualmente, não sei se Nando utiliza a nomenclatura Os Infernais para o conjunto, mas a banda é azeitadinha. Muito boa! O Segundo Sol veio logo a seguir, esta que ficou mais conhecida pela interpretação de Cássia. Um simpático Nando com uma energia super boa e o desfile de hits continuou. Como relaxei, não gravei a sequência da setlist, nem fiquei a tirar fotos. Queria era curtir a parada.

As minhas impressões: memória de elefante de Nando ao lembrar-se de um concerto de 41 anos, na mesma data, com os Titãs do Iê Iê, depois tendo suprimido o bobinho Iê Iê, tocando a bela Não Vou Me Adaptar. Relicário é uma destas belas canções que grudam como chicletes. Como estava com os olhos grudados no palco, só percebia que a sinergia entre palco e público estava foda! All Star é outra canção com sinergia entre Nando e Cássia. Por Onde Andei merece um capítulo à parte, motivo pelo qual destacarei aqui a letra.
“Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado e eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias até pra uma criança
Por onde andei enquanto você me procurava
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como o dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem, uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava“
Meditem sobre esta última, ouçam a melodia e tenham em mente o que é música. Idiotas que querem ficar virais no TikTok, seus merdas, como o nome diz, vocês são vírus. Música faz-se com letra, harmonia e embalo. Assim, Por Onde Andei é uma verdadeira obra de arte.
Eis que surge no palco uma presença mais que especial: Sebastião. Então o garoto cresceu! Sebastião Reis é filho de Nando, em apresentações pela TV vi o miúdo nos bastidores e a ele o pai dedicou a incrível O Mundo É Bão, Sebastião! Uma pena não terem tocado essa, logo gritei pedindo a canção, mas não deu. Assim, mais uma divertida letra que deixo a seguir. Sebastião é membro do grupo Colomy, e que bom que os jovens estão a lançar os seus trabalhos, em CDs e tal. Prometo conhecer o trabalho destes músicos nos próximos dias. Esclarecendo a única regravação do disco, cantaram Dona, de Sá & Guarabira. Tal pai, tal filho, impera o bom gosto.

“Por que o Sol saiu?
Por que seu dente caiu?
Por que essa flor se abriu?
Por que iremos viajar no verão?
Por que aqui o mundo não será cão?
Quando o Godzilla atacar
Quando essa febre baixar
Quando o mamute voltar
Descongelado, a caminhar na Sibéria
Quando invento, o mundo é feito de ideias
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião
Como comer se der fome?
Como sonhar pra quem dorme?
E deixa o cansaço acalmar lá em casa
Como soltar o mundo inteiro com asas?
Tiranossauro Rex, Tião
E dentro dos seus olhos virão
Monstros imaginários ou não
Tão forte somos, todos os Infernais
E agora eu vivo em paz
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião
Como escrever certo o seu nome?“
Resposta, parceria de Nando com Samuel Rosa (Skank) é outra daquelas canções grudentas como chiclete Babaloo. E dizer que eu gostava de Babaloo. Um adendo para apresentar a banda: Carlos Pontual (guitarra), Felipe Cambraia (baixo), Alex Veley (teclados) e Eduardo Schuler (bateria). Este último é um animal na bateria! E isso é um “baita” elogio. Que potência!

Na hora da edição aqui, mais uma letra: não posso cometer a loucura de não inserir Luz Dos Olhos. Esmero puro! Seguiu o concerto com a potência das caixas de som detonando os meus tímpanos (não demora muito e eu viro Beethoven).
Os Cegos do Castelo é outra herança titânica e mandaram muito bem. Hora da despedida e o bis não poderia ter sido mais foda: pra agitar Do Seu Lado. Sim, a mesma canção do Jota Quest.
Despediram-se e saímos logo a seguir, recarregados com aquela energia super boa e logo no dia seguinte só deu Nando Reis no meu aparelho de som. Para compor este humilde texto, mais música e reminiscências. Adendo: o primeiro concerto a que fui na vida foi o dos Titãs, na tournée de “Õ Blésq Blom“. Como o primeiro a gente nunca esquece, ficará na retina e memória este solo do Nando e sua trupe.
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