A Poesia e o Cinema são duas formas de arte que, à primeira vista, parecem muito diferentes, mas que na realidade têm pontos de contacto muito próprios e apreciáveis. Na verdade, elas têm muitas coisas em comum e podem ser, de facto, relacionadas de diversas formas, quer na forma, quer no seu conteúdo. Com efeito, a relação entre a Poesia e o Cinema, como duas formas de arte que se influenciam mutuamente, nasce da pureza da primeira e da amplitude que a segunda consegue transmitir e imortalizar.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que a Poesia e o Cinema são duas formas de expressão artística que utilizam diferentes meios para transmitir as suas mensagens — por vezes até o fazem, na sua essência, através dos mesmos pontos de expressão. A Poesia é, natural e geralmente, escrita em versos e concentra-se, sobretudo, na linguagem e na sonoridade das palavras para transmitir o que pretende.
O cinema, por seu turno, é uma forma de arte visual — mas não só —, que utiliza imagens em movimento, sons e música para contar uma história ou para transmitir uma ideia mais profunda. Apesar destas diferenças, inegavelmente, a Poesia e o Cinema partilham um objetivo fundamental: a intenção de provocar emoções e reflexões íntimas no espectador.

Uma das maneiras pelas quais a Poesia e o Cinema se relacionam profundamente é, sem dúvida, a partir do uso de imagens e metáforas com a sua devida complexidade. Muitos poetas, concretamente, utilizam imagens vívidas e evocativas para transmitir as suas ideias e os seus sentimentos, o que demonstra que não só a Poesia mora e existe no Cinema, como também o próprio Cinema vive e bebe da Poesia.
Da mesma forma, os cineastas utilizam imagens e símbolos para criar atmosferas e narrativas complexas, conferindo uma pureza muito forte e autêntica a toda a história que almejam contar. Neste sentido, a Poesia pode ser, indubitavelmente, uma fonte de inspiração para o Cinema, fornecendo ideias e temas passíveis de serem transformados em imagens cinematográficas. Por sua vez, o Cinema pode inspirar e influenciar poetas, fornecendo imagens que podem ser incorporadas nas suas obras de uma maneira rica, autêntica e poderosa.
Outra forma a partir da qual a Poesia e o Cinema se relacionam intimamente é através do ritmo e da música. Isto porque a Poesia é comummente escrita em versos, versos esses que possuem um ritmo específico, muito próprio, e, objetivamente, uma cadência musical. Do mesmo modo, o Cinema usa a música e os efeitos sonoros para construir um ritmo e uma atmosfera com a sua devida especificidade.
Concretamente, o uso do ritmo e da música pode ajudar a criar uma conexão emocional muito mais forte entre o espectador e a obra de arte em causa. Em ambos os casos, o ritmo e a música podem criar um estado de espírito muito sui generis, o que aumenta a compreensão e a apreciação da obra como um todo.

A Poesia também pode ser, naturalmente, encontrada em muitos filmes, quer seja através de diálogos mais puramente poéticos, quer a partir da escolha por bandas sonoras, em si, poéticas. Algumas obras, inclusive, usam poemas como parte do seu argumento; por exemplo, ao ler um poema em voz alta ou até incorporando versos nos diálogos entre as personagens. No mesmo sentido, a trilha sonora de um filme pode também conter músicas poéticas ou letras de cariz profundamente poético. A título de exemplo, a longa-metragem “O Fabuloso Destino de Amélie” (2001), realizado por Jean-Pierre Jeunet, usa uma banda sonora que combina músicas instrumentais com letras poéticas em francês.
Além disso, alguns filmes são baseados em obras de Poesia ou usam a Poesia como tema principal. Um exemplo é o filme “Como Água Para Chocolate” (1992), realizado por Alfonso Arau, que é baseado no romance homónimo escrito por Laura Esquivel. O romance é cheio de poesia e de metáforas, de maneiras que a película segue essa estética poética ao usar imagens simbólicas e elementos mágicos para contar a sua história. Outro exemplo é o filme “O Corvo” (1994), realizado por Alex Proyas, que é baseado no poema homónimo de Edgar Allan Poe. A obra cinematográfica usa o poema como ponto de partida para criar uma atmosfera sombria e surrealista, repleta de imagens poéticas.
Por fim, a Poesia e o Cinema também se podem influenciar mutuamente na maneira como lidam com temas e questões mais profundas da essência humana. Estas formas de arte podem ser utilizadas para explorar questões sociais, políticas, psicológicas ou até emocionais. Por exemplo, o filme “Clube de Combate“, realizado por David Fincher, é baseado no livro homónimo de Chuck Palahniuk e usa uma narrativa poética e simbólica para explorar questões de identidade, masculinidade e alienação.

Da mesma forma, a Poesia pode ser usada para abordar questões como o racismo, o feminismo, a desigualdade social e a justiça. A Poesia pode, portanto, fornecer uma voz para aqueles que são marginalizados ou oprimidos, usando a linguagem poética para transmitir as suas experiências e perspetivas.
Assim, a relação entre a Poesia e o Cinema é complexa e multifacetada. Ambas as formas de arte partilham um objetivo fundamental: provocar emoções e reflexões no espectador. A Poesia pode ser uma fonte de inspiração para o Cinema, fornecendo ideias e temas que podem ser transformados em imagens cinematográficas. O cinema, por sua vez, pode inspirar poetas, fornecendo imagens que podem ser incorporadas nas suas obras. Além disso, a Poesia e o Cinema podem influenciar-se mutuamente na maneira como lidam com temas e questões importantes, tais como a identidade, a justiça ou a política. Juntos, esses dois canais artísticos conseguem criar experiências profundas e significativas ao espectador.
Porque a arte somos nós.
“Sometimes an empty page presents more possibilities”
Filme “Paterson”, realizado por Jim Jarmusch (2016)
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