Não posso deixar de pensar
Como irá a vida continuar.
O que virá será incerto
E quase impossível de imaginar.
Nesta, como em qualquer outra hecatombe,
Existirão cacos para apanhar
Mas estou certo de que, no final,
Esta situação iremos devidamente superar.
Não convém exagerar,
Mas somente
A cabeça levantar.
Pôr a semente a germinar
Para um novo futuro,
Nos encontrar.
Não deixo, no entanto,
De me sentir algo amedrontado
Com um futuro que não controlo,
Mas como em tudo na vida
Há que encontrar algum consolo.
A nossa caverna,
O nosso refúgio de eleição
E esse, todos o temos,
É o nosso coração.
O momento é de compaixão
É de ajudar, quando possível.
Deixando de lado uma qualquer situação
Ou um eventual conflito,
Para amparar da melhor forma
O mais fraco e aflito.
Para já à distância e sendo cuidadosos
De forma a que depois, no futuro,
Possamos voltar a ser todos melosos.
Pintura de Frida Kahlo, “Menina com Máscara da Morte (Niña con Máscara de Calavera)” (1938)